- Nº 1681 (2006/02/16)
Rohde quer fechar em Pinhel

Risco de desastre

Trabalhadores
O PCP está solidário com os 372 trabalhadores ameaçados de despedimento pela multinacional alemã e exorta-os a lutarem pelos postos de trabalho e pelos seus direitos.

O encerramento da fábrica de calçado, que a administração da Rohde anunciou na semana passada e que pretende consumar no final de Abril, «constituiria um desastre económico e social para o concelho de Pinhel», considerou a Direcção da Organização Regional da Guarda do PCP, num comunicado que o respectivo secretariado divulgou na segunda-feira, pouco depois de Bernardino Soares, dirigente e deputado do Partido, se encontrar com os trabalhadores e as trabalhadoras, junto à empresa.
Os comunistas fundamentam a sua grande preocupação no facto de as 372 pessoas que trabalham na Rohde constituírem cerca de 20 por cento da população activa do concelho, numa zona onde as alternativas de emprego «são quase inexistentes».
A par da luta que os trabalhadores são chamados a desenvolver, o PCP entende que «as entidades públicas, Governo e Câmara Municipal de Pinhel tudo devem fazer para a continuação da laboração desta empresa e para a defesa das centenas de postos de trabalho, a que se juntam outras centenas de familiares dos trabalhadores». Além do compromisso do presidente do Grupo Parlamentar comunista de suscitar a intervenção do Governo e da AR, o PCP propôs ainda a realização de uma reunião extraordinária da Assembleia Municipal, procurando «evitar um desastre social de grandes dimensões».
Para a direcção regional da Guarda, «está claro que, há 12 anos, se fez um mau acordo com a Rohde». «Os custos com a cedência de terrenos, pagos pela Câmara Municipal de Pinhel, e com a formação profissional, a preparar os trabalhadores para a produção, pagos pelo Estado, apenas compensados com a obrigatoriedade da permanência da empresa por 12 anos, foi um mau negócio para Pinhel e a sua população e um grande negócio para os alemães», afirma-se no comunicado.
O PCP condena veementemente «as pressões que a administração está a exercer sobre os trabalhadores, para que estes precipitem a saída da empresa, intimidados com a ameaça do despedimento colectivo».
Ao mesmo tempo que exige rescisões de contratos até amanhã, a Rohde quer que os trabalhadores continuem a laborar até dia 30 de Abril, para acabarem encomendas em carteira. O anúncio do encerramento segue-se a meses de grandes pressões para a rescisão de contratos, denunciou ao JN um dirigente sindical, revelando que, no início deste mês, já 50 pessoas tinham deixado a empresa.