Nas trinta e quatro sondagens divulgadas pelos órgãos de informação nacionais, entre 27 de Outubro e 20 de Janeiro, Cavaco Silva obteve sempre resultados superiores aos que acabou por obter nas urnas.
Em oito destas, tinha mesmo entre os 60 e os 63 por cento das intenções de voto, enquanto que catorze apontavam para valores entre os 55,5 e os 58,8 por cento. As restantes doze, concediam-lhe entre 54,7 e 52 por cento, a estimativa mais baixa que alcançou – mesmo assim 1,4 pontos acima do que acabou por alcançar no dia da decisão. Cavaco Silva foi beneficiado por todas as empresas de sondagens, particularmente a
Gémeo/Pam, a
Aximage, a
Marktest e a
Católica.
No extremo oposto, Jerónimo de Sousa aparece em todas as trinta e quatro sondagens com resultados inferiores aos que acabou por alcançar. Assim, entre os 3 e os 7,2 por cento, houve estimativas para todos os gostos. A que mais se aproximou, 7,2 por cento, ficou a 1,4 pontos do resultado efectivamente obtido. Nas sondagens de 27 e 28 de Outubro (respectivamente da
Marktest e da
Aximage), o candidato comunista não obtinha mais do que 5 e 4 por cento respectivamente. A 20 de Janeiro, os estudos realizados pela
Marktest, Aximage e
Eurosondagem vaticinavam valores como 7, 6,5 e 7,2 por cento.
Quanto a Francisco Louçã, vinte e cinco destas trinta e quatro sondagens «previram» resultados superiores (entre os 5,5 e os 9,3 por cento) aos que acabou por obter, enquanto nove anteviam resultados inferiores, entre 3 e 5 por cento. Nas primeiras sondagens divulgadas, a 27 e 28 de Outubro, Louçã começou com 6 e 3 por cento, acabando, no dia 20 de Janeiro, nas sondagens já referidas, com 6,5, 5,5 e 5,8 por cento. Em muitas destas sondagens, Louçã aparecia à frente do candidato comunista. Em 6 de Janeiro, o
Correio da Manhã dava uma diferença de três pontos percentuais de distância entre Francisco Louçã e Jerónimo de Sousa (7 e 4 por cento), com vantagem para o primeiro. A votação nas urnas trocou-lhes as voltas. Louçã foi particularmente beneficiado pela
Marktest, Eurosondagem, Intercampus e Pitagórica.
As «diárias» da MarktestNos 12 dias de campanha, entre 9 e 20 de Janeiro, a
Marktest realizou doze sondagens, que foram amplamente divulgadas pela
TSF e pelo
Diário de Notícias, num autêntico massacre diário a começar logo pelas seis horas da manhã. Confrontando estas sondagens com os resultados finais, algumas conclusões podem ser tiradas: Cavaco Silva e Francisco Louçã tiveram em todas elas valores superiores aos que acabaram por obter. Cavaco teve três destas doze sondagens diárias a dar-lhe mais de 60 por cento das intenções de voto. Já Louçã, que nas urnas teve 5,3 por cento, chegou a ser-lhe previsto um resultado de 9,3 por cento.
Quanto a Jerónimo de Sousa, todas as doze sondagens lhe deram menos do que acabou por ter – 8,6 por cento. Em sete dos doze dias, apareceu mesmo abaixo de Louçã. No final, foi o único candidato à esquerda de Cavaco Silva a crescer em relação ao resultado obtido pela sua força política onze meses antes.
Se as sondagens votassem…
Os números não enganamSegundo dados da Marktest – empresa de estudos de mercado –, Cavaco Silva é de longe o candidato com mais tempo de informação televisiva nos quatro canais generalistas, com quase 3 horas na semana de 2 a 8 de Janeiro. Jerónimo de Sousa foi o candidato com notícias de menor duração: apenas 33 minutos, no mesmo período. Cada notícia sobre Cavaco Silva durou em média 3 minutos e 13 segundos, enquanto as notícias de Jerónimo de Sousa tiveram a duração média mais baixa, com 1 minuto e 38 segundos. Outros dados mostram que Cavaco Silva teve o maior número de notícias (55) e Jerónimo de Sousa o menor número (20).
Dados disponíveis em
www.marktest.pt/produtos_servicos/Mediamonitor/default.asp?c=1485&n=1460