Muito mais que promessas
«Quando soubemos que tínhamos ganho a freguesia de Pedrógão ao PS, ficámos com a certeza de que reconquistaríamos a Câmara». As palavras de Manuel Narra ajudam a contar um bocadinho da história da noite do passado dia 9 de Outubro na Vidigueira. Quatro anos depois, a CDU voltava a merecer a confiança da população vencendo as eleições para a Câmara Municipal e as quatro freguesias do concelho.
Mais que promessas, o actual presidente da autarquia e membro do PCP revelou-nos que os comunistas garantiram rigor, honestidade e revigorada confiança no trabalho, valores que António Teles, vereador e responsável concelhio do Partido, e Luís Amado, presidente da Junta de Freguesia de Vila de Frades, também sublinharam em conversa com o Avante!.
Quais foram as principais razões que estiveram na base da vitória da CDU nas eleições autárquicas do passado dia 9 de Outubro?
Manuel Narra: Foi a honestidade com que nos apresentámos ao eleitorado. Os políticos não são hoje personalidades bem vistas entre as populações, e nós apresentámo-nos sempre frontais e sinceros, falando das dificuldades que as autarquias atravessam. Não podíamos entrar em promessas que depois não dão em nada.
As pessoas entenderam essa mensagem, ficaram a saber que vamos fazer tudo o que for possível para melhorar os serviços da Câmara, para, com a disponibilidade financeira existente, avançar com obras e projectos que ajudem a colmatar as carências existentes ao nível social e do desenvolvimento económico.
É isto que actualmente as pessoas do concelho precisam. Estavam cansadas de mil e uma promessas que, logo à partida, sabiam não serem possíveis de concretizar. Foi nesta base que assentámos: máxima honestidade na transmissão da mensagem; não criar ilusões a quem quer que seja; uma gestão autárquica rigorosa.
Mas mesmo não fazendo promessas, foram apontadas áreas prioritárias de intervenção no município. Quais?
Sobretudo, houve a identificação das várias carências que afectam a população. São, aliás, problemas que tanto nós como o anterior executivo reconhecemos, a diferença encontra-se nas soluções para os ultrapassar.
O PS prometia a sua resolução imediata mas não podia garantir a efectiva execução das promessas. Nós, como já disse, não fizemos promessas vãs e afirmámos sempre que o importante era ter vontade e estímulo para agir.
Em que estado encontraram a Câmara quando assumiram a presidência?
No primeiro dia de trabalho ficámos até bastante satisfeitos porque os saldos bancários eram excelentes, o que não é de estranhar na medida em que o PS não fez nada de significativo.
O pior é que percebemos, depois de um apuramento exaustivo às finanças da autarquia, que a situação era preocupante. Isto é, a ideia que passavam era que a Câmara não tinha problemas financeiros porque tinha um saldo bancário confortável, mas esqueceram de esclarecer que muito havia para pagar a curto prazo, num montante que ascendia ao dobro do dinheiro existente nos cofres.
Depois de vermos o que foi gasto numas rotundas no concelho, nas festas promovidas pelo anterior executivo, concluímos que a saúde financeira da Câmara não era muito famosa. Mesmo contando com as transferências periódicas da administração central vamos ter que fazer um imenso esforço para poder cumprir os compromissos assumidos.
Esta situação de permanente dívida para com várias entidades e empresas é grave, mas igualmente grave era o constante atraso no pagamento das horas extraordinárias aos trabalhadores da autarquia. É lógico que a nossa política vai passar por pedir aos funcionários que façam horas quando tal se justifique, mas só serão realmente pedidas quando houver dinheiro para as pagar. Não se pode repetir o cenário de ficarem sete, oito, nove meses à espera de receberem o que lhes é devido.
A partir daqui, percebe-se a tal ideia da campanha eleitoral da CDU de impor rigor e combate ao desperdício na autarquia.
Por outro lado, queremos ainda aproveitar a estrutura existente e a capacidade de execução da Câmara. Com certeza que, todos juntos, vamos ter sucesso no combate ao desperdício, vamos conseguir fazer algo mais em prol da população do concelho, mesmo atendendo aos cortes anunciados pelo Governo.
Voltar a ouvir as pessoas
As situações que referes são do conhecimento da população do concelho, ou será a Câmara a promover esse esclarecimento?
Já estamos a fazer esse trabalho. Traçámos como fundamental o apuramento e a análise da real situação da autarquia e, seguidamente, levámos os dados aos órgão autárquicos para confrontar o PS. Depois disto, passámos a fazer reuniões com a população nas diversas localidades para as esclarecer e ouvir.
Essas reuniões descentralizadas são um estilo de trabalho a adoptar noutras matérias da gestão da autarquia?
É bom que se diga que não estamos a inventar nada. Já nos anteriores mandatos da CDU na Vidigueira nos deslocávamos para reunir com a população, para recolher opiniões, ouvir sugestões e queixas e, com base nisso, tomar as decisões e elaborar as propostas que melhor as serviam.
Tudo isso se perdeu com o PS que julgo que se imaginava num estrato superior. As pessoas queixaram-se muito do estilo distante da gestão.
No porta-a-porta que fizemos antes e durante a campanha eleitoral, muita gente admitia a necessidade de voltarmos à presidência da Câmara porque só assim podiam dizer o que realmente lhes ia na alma sabendo que estavam a ser ouvidas.
Apostar no crescimento social e económico
Quais são as prioridades de intervenção da CDU na CM Vidigueira?
A nossa actuação vai, fundamentalmente, assentar em dois grandes pilares.
O primeiro é o apoio social que a autarquia tem que prestar, logo pela criação de uma rede concelhia, articulando as várias IPSS’s, que partilhem os equipamentos gerindo os recursos e aumentando a qualidade dos serviços prestados.
O segundo é o desenvolvimento económico e o combate à desertificação, até porque pensamos que este é o concelho do Baixo Alentejo que tem maiores potencialidades de crescimento.
Se formos capazes de retirar todo o proveito que a Barragem de Pedrógão nos pode valer em termos de aproveitamento turístico; se conseguirmos captar novas empresas e as fixarmos na Vidigueira, então não só desenvolvemos o concelho, como criamos emprego e contribuímos para travar o abandono e a migração.
Definir uma estratégia e cuidar do Partido
Nas recentes vitórias eleitorais da CDU sobressaem exemplos onde o reforço da organização do PCP foi essencial para mobilizar vontades e tornar a mudança um facto.
Na Vidigueira, a estratégia comunista começou por aí, explicou-nos António Teles. Os resultados demonstram que, por esse caminho, o futuro é de acumulação de forças.
O trabalho de reconquista da Câmara iniciou-se a partir da oposição feita ao anterior executivo?
António Teles: Esta vitória eleitoral deve-se, na minha opinião, a três factores.
Por um lado, uma campanha honesta e sem criar ilusões nas pessoas, por outro o trabalho de oposição construtiva durante a gestão socialista.
Finalmente, o estabelecimento de uma estratégia de acção do Partido no concelho, facto que ajudou a dar uma outra vitalidade à nossa organização permitindo cumprir a reconquista da autarquia.
Houve portanto uma articulação do trabalho do Partido com o dos eleitos na autarquia...
Nós acompanhámos politicamente o trabalho dos nossos eleitos, quer estivessem na Assembleia Municipal, na Câmara, ou nas juntas de freguesia.
Procurámos, dois ou três anos antes das eleições, multiplicar os contactos com as pessoas, ouvindo as suas opiniões, e lançar antecipadamente as nossas candidaturas, nomeadamente a do cabeça de lista à Câmara, que era a primeira vez que aparecia e pouca gente o reconhecia como comunista. Incluímos muita gente nova nas várias listas, aliás.
Apesar disso, o Manuela Narra já andava à muito no movimento associativo local, tendo sido dirigente no Vasco da Gama, na Associação dos Bombeiros Voluntários.
Em resumo, um dos problemas que identificámos foi que só seis meses antes das eleições é que começávamos a preparar essa batalha. É claro que depois isso tornava-se um entrave, não uma vantagem.
Então não sendo gente muito conhecida a compor a lista, a identificação da população com o projecto da CDU deveu-se a que factores?
Houve aqui um factor que teve muita influência e que importa destacar. A gestão da CDU, durante cerca de 20 anos, sofreu algum desgaste. As pessoas começaram a dizer que era preciso mudar, e o PS, quando se apresentou, em 2001, pegou precisamente nesse factor para alcançar a vitória. O curioso é que esse mesmo slogan de campanha criou ilusões no eleitorado. Essa mudança que as pessoas esperavam não se traduziu num trunfo, pelo contrário, a gestão do PS foi desorganizada, sem dinâmica nem capacidade.
Reforçar a organização
A organização do Partido no concelho já reflecte esta dinâmica de reconquista da Câmara?
Em termos numéricos não se pode dizer que o Partido tenho crescido no concelho nos últimos anos, até porque a actualização dos ficheiros resolveu muitos casos de militantes que entretanto faleceram ou foram para outros lados.
O que conseguimos foi reforçar a concelhia, dar-lhe mais capacidade de intervenção.
Uma boa gestão autárquica é fundamental, mas se não cuidarmos da nossa organização, a sua visibilidade não irá tão longe. Se não houver intervenção do Partido noutras áreas da vida das pessoas, a intervenção de qualidade nos órgãos locais, por si só, não chega para que as pessoas se juntem a nós nessa e noutras lutas.
Mesmo nas nossas reuniões não podemos deixar que a discussão das questões autárquicas se sobreponha aos restantes problemas que a política de direita apresenta às populações do concelho.
Que sectores prioritários identificaram para intervir a nível partidário?
O nosso concelho é predominantemente agrícola, com sectores de produção vinícola e olivícola marcados, os quais, a par da Câmara, são os maiores empregadores do concelho. Temos que apostar nesses sectores para construirmos uma organização forte e interventiva.
Por outro lado, temos IPSS’s com bastantes trabalhadores e um movimento associativo onde precisamos de ter gente para intervir mais e melhor.
Vila de Frades
Jovens dão a cara na freguesia
Em Vila de Frades – uma das quatro freguesias do concelho – a gestão da CDU voltou a merecer toda a confiança. O actual presidente, Luís Amado, esclareceu que, para lá do bom trabalho realizado, «a manutenção da maioria deveu-se essencialmente à aposta em novos elementos para as nossas listas, gente jovem, com energias renovadas».
Apesar da pouca experiência, o autarca afirma que muitos dos eleitos acumulam já um enriquecedor trabalho no movimento associativo local, «onde só a criatividade permite, tantas vezes, vencer as dificuldades de financiamento de projectos e iniciativas únicas na qualidade de vida das populações».
Nesta medida, explica Luís Amado, «quem passa pelo movimento associativo tem boas condições para desempenhar o cargo e corresponder à vontade das populações».
E como são os seus anseios e aspirações que mais importa garantir, o presidente da Junta deixa a ideia de força de um projecto capaz de desenvolver a freguesia. «A nossa grande aposta é o turismo rural. A vinicultura, a olivicultura e as ruínas romanas de Vila de Frades podem ser factores de captação de visitantes, pessoas que procuram a qualidade e o lazer numa terra onde sabem que vão ser bem recebidos», concluiu.
Quais foram as principais razões que estiveram na base da vitória da CDU nas eleições autárquicas do passado dia 9 de Outubro?
Manuel Narra: Foi a honestidade com que nos apresentámos ao eleitorado. Os políticos não são hoje personalidades bem vistas entre as populações, e nós apresentámo-nos sempre frontais e sinceros, falando das dificuldades que as autarquias atravessam. Não podíamos entrar em promessas que depois não dão em nada.
As pessoas entenderam essa mensagem, ficaram a saber que vamos fazer tudo o que for possível para melhorar os serviços da Câmara, para, com a disponibilidade financeira existente, avançar com obras e projectos que ajudem a colmatar as carências existentes ao nível social e do desenvolvimento económico.
É isto que actualmente as pessoas do concelho precisam. Estavam cansadas de mil e uma promessas que, logo à partida, sabiam não serem possíveis de concretizar. Foi nesta base que assentámos: máxima honestidade na transmissão da mensagem; não criar ilusões a quem quer que seja; uma gestão autárquica rigorosa.
Mas mesmo não fazendo promessas, foram apontadas áreas prioritárias de intervenção no município. Quais?
Sobretudo, houve a identificação das várias carências que afectam a população. São, aliás, problemas que tanto nós como o anterior executivo reconhecemos, a diferença encontra-se nas soluções para os ultrapassar.
O PS prometia a sua resolução imediata mas não podia garantir a efectiva execução das promessas. Nós, como já disse, não fizemos promessas vãs e afirmámos sempre que o importante era ter vontade e estímulo para agir.
Em que estado encontraram a Câmara quando assumiram a presidência?
No primeiro dia de trabalho ficámos até bastante satisfeitos porque os saldos bancários eram excelentes, o que não é de estranhar na medida em que o PS não fez nada de significativo.
O pior é que percebemos, depois de um apuramento exaustivo às finanças da autarquia, que a situação era preocupante. Isto é, a ideia que passavam era que a Câmara não tinha problemas financeiros porque tinha um saldo bancário confortável, mas esqueceram de esclarecer que muito havia para pagar a curto prazo, num montante que ascendia ao dobro do dinheiro existente nos cofres.
Depois de vermos o que foi gasto numas rotundas no concelho, nas festas promovidas pelo anterior executivo, concluímos que a saúde financeira da Câmara não era muito famosa. Mesmo contando com as transferências periódicas da administração central vamos ter que fazer um imenso esforço para poder cumprir os compromissos assumidos.
Esta situação de permanente dívida para com várias entidades e empresas é grave, mas igualmente grave era o constante atraso no pagamento das horas extraordinárias aos trabalhadores da autarquia. É lógico que a nossa política vai passar por pedir aos funcionários que façam horas quando tal se justifique, mas só serão realmente pedidas quando houver dinheiro para as pagar. Não se pode repetir o cenário de ficarem sete, oito, nove meses à espera de receberem o que lhes é devido.
A partir daqui, percebe-se a tal ideia da campanha eleitoral da CDU de impor rigor e combate ao desperdício na autarquia.
Por outro lado, queremos ainda aproveitar a estrutura existente e a capacidade de execução da Câmara. Com certeza que, todos juntos, vamos ter sucesso no combate ao desperdício, vamos conseguir fazer algo mais em prol da população do concelho, mesmo atendendo aos cortes anunciados pelo Governo.
Voltar a ouvir as pessoas
As situações que referes são do conhecimento da população do concelho, ou será a Câmara a promover esse esclarecimento?
Já estamos a fazer esse trabalho. Traçámos como fundamental o apuramento e a análise da real situação da autarquia e, seguidamente, levámos os dados aos órgão autárquicos para confrontar o PS. Depois disto, passámos a fazer reuniões com a população nas diversas localidades para as esclarecer e ouvir.
Essas reuniões descentralizadas são um estilo de trabalho a adoptar noutras matérias da gestão da autarquia?
É bom que se diga que não estamos a inventar nada. Já nos anteriores mandatos da CDU na Vidigueira nos deslocávamos para reunir com a população, para recolher opiniões, ouvir sugestões e queixas e, com base nisso, tomar as decisões e elaborar as propostas que melhor as serviam.
Tudo isso se perdeu com o PS que julgo que se imaginava num estrato superior. As pessoas queixaram-se muito do estilo distante da gestão.
No porta-a-porta que fizemos antes e durante a campanha eleitoral, muita gente admitia a necessidade de voltarmos à presidência da Câmara porque só assim podiam dizer o que realmente lhes ia na alma sabendo que estavam a ser ouvidas.
Apostar no crescimento social e económico
Quais são as prioridades de intervenção da CDU na CM Vidigueira?
A nossa actuação vai, fundamentalmente, assentar em dois grandes pilares.
O primeiro é o apoio social que a autarquia tem que prestar, logo pela criação de uma rede concelhia, articulando as várias IPSS’s, que partilhem os equipamentos gerindo os recursos e aumentando a qualidade dos serviços prestados.
O segundo é o desenvolvimento económico e o combate à desertificação, até porque pensamos que este é o concelho do Baixo Alentejo que tem maiores potencialidades de crescimento.
Se formos capazes de retirar todo o proveito que a Barragem de Pedrógão nos pode valer em termos de aproveitamento turístico; se conseguirmos captar novas empresas e as fixarmos na Vidigueira, então não só desenvolvemos o concelho, como criamos emprego e contribuímos para travar o abandono e a migração.
Definir uma estratégia e cuidar do Partido
Nas recentes vitórias eleitorais da CDU sobressaem exemplos onde o reforço da organização do PCP foi essencial para mobilizar vontades e tornar a mudança um facto.
Na Vidigueira, a estratégia comunista começou por aí, explicou-nos António Teles. Os resultados demonstram que, por esse caminho, o futuro é de acumulação de forças.
O trabalho de reconquista da Câmara iniciou-se a partir da oposição feita ao anterior executivo?
António Teles: Esta vitória eleitoral deve-se, na minha opinião, a três factores.
Por um lado, uma campanha honesta e sem criar ilusões nas pessoas, por outro o trabalho de oposição construtiva durante a gestão socialista.
Finalmente, o estabelecimento de uma estratégia de acção do Partido no concelho, facto que ajudou a dar uma outra vitalidade à nossa organização permitindo cumprir a reconquista da autarquia.
Houve portanto uma articulação do trabalho do Partido com o dos eleitos na autarquia...
Nós acompanhámos politicamente o trabalho dos nossos eleitos, quer estivessem na Assembleia Municipal, na Câmara, ou nas juntas de freguesia.
Procurámos, dois ou três anos antes das eleições, multiplicar os contactos com as pessoas, ouvindo as suas opiniões, e lançar antecipadamente as nossas candidaturas, nomeadamente a do cabeça de lista à Câmara, que era a primeira vez que aparecia e pouca gente o reconhecia como comunista. Incluímos muita gente nova nas várias listas, aliás.
Apesar disso, o Manuela Narra já andava à muito no movimento associativo local, tendo sido dirigente no Vasco da Gama, na Associação dos Bombeiros Voluntários.
Em resumo, um dos problemas que identificámos foi que só seis meses antes das eleições é que começávamos a preparar essa batalha. É claro que depois isso tornava-se um entrave, não uma vantagem.
Então não sendo gente muito conhecida a compor a lista, a identificação da população com o projecto da CDU deveu-se a que factores?
Houve aqui um factor que teve muita influência e que importa destacar. A gestão da CDU, durante cerca de 20 anos, sofreu algum desgaste. As pessoas começaram a dizer que era preciso mudar, e o PS, quando se apresentou, em 2001, pegou precisamente nesse factor para alcançar a vitória. O curioso é que esse mesmo slogan de campanha criou ilusões no eleitorado. Essa mudança que as pessoas esperavam não se traduziu num trunfo, pelo contrário, a gestão do PS foi desorganizada, sem dinâmica nem capacidade.
Reforçar a organização
A organização do Partido no concelho já reflecte esta dinâmica de reconquista da Câmara?
Em termos numéricos não se pode dizer que o Partido tenho crescido no concelho nos últimos anos, até porque a actualização dos ficheiros resolveu muitos casos de militantes que entretanto faleceram ou foram para outros lados.
O que conseguimos foi reforçar a concelhia, dar-lhe mais capacidade de intervenção.
Uma boa gestão autárquica é fundamental, mas se não cuidarmos da nossa organização, a sua visibilidade não irá tão longe. Se não houver intervenção do Partido noutras áreas da vida das pessoas, a intervenção de qualidade nos órgãos locais, por si só, não chega para que as pessoas se juntem a nós nessa e noutras lutas.
Mesmo nas nossas reuniões não podemos deixar que a discussão das questões autárquicas se sobreponha aos restantes problemas que a política de direita apresenta às populações do concelho.
Que sectores prioritários identificaram para intervir a nível partidário?
O nosso concelho é predominantemente agrícola, com sectores de produção vinícola e olivícola marcados, os quais, a par da Câmara, são os maiores empregadores do concelho. Temos que apostar nesses sectores para construirmos uma organização forte e interventiva.
Por outro lado, temos IPSS’s com bastantes trabalhadores e um movimento associativo onde precisamos de ter gente para intervir mais e melhor.
Vila de Frades
Jovens dão a cara na freguesia
Em Vila de Frades – uma das quatro freguesias do concelho – a gestão da CDU voltou a merecer toda a confiança. O actual presidente, Luís Amado, esclareceu que, para lá do bom trabalho realizado, «a manutenção da maioria deveu-se essencialmente à aposta em novos elementos para as nossas listas, gente jovem, com energias renovadas».
Apesar da pouca experiência, o autarca afirma que muitos dos eleitos acumulam já um enriquecedor trabalho no movimento associativo local, «onde só a criatividade permite, tantas vezes, vencer as dificuldades de financiamento de projectos e iniciativas únicas na qualidade de vida das populações».
Nesta medida, explica Luís Amado, «quem passa pelo movimento associativo tem boas condições para desempenhar o cargo e corresponder à vontade das populações».
E como são os seus anseios e aspirações que mais importa garantir, o presidente da Junta deixa a ideia de força de um projecto capaz de desenvolver a freguesia. «A nossa grande aposta é o turismo rural. A vinicultura, a olivicultura e as ruínas romanas de Vila de Frades podem ser factores de captação de visitantes, pessoas que procuram a qualidade e o lazer numa terra onde sabem que vão ser bem recebidos», concluiu.