Tropas fora do Iraque
Mais de 100 mil pessoas desfilaram, sábado, frente à Casa Branca, contra a guerra e a ocupação do Iraque. Iniciativas semelhantes decorreram em Paris, Londres e Madrid.
«Bush e Blair mentem, milhares morrem»
Milhares de manifestantes juntaram-se sábado passado em Washington, capital dos EUA, para protestarem contra a presença norte-americana e britânica no Iraque exigindo o imediato regresso dos soldados a casa.
A iniciativa percorreu, pela primeira vez desde o 11 de Setembro, parte da Avenida Pensilvânia, a principal via de acesso à residência oficial do presidente dos EUA, mas as autoridades policiais não transigiram a concentração improvisada pelos manifestantes frente à Casa Branca e efectuaram diversas detenções.
Entre as palavras de ordem ouviam-se frases como «Fim à Ocupação» e «Bush mente, milhares morrem».
Na cabeça da manifestação seguiu Cindy Sheehan, mãe de um dos soldados do exército norte-americano abatido em território iraquiano quando tinha apenas 24 anos.
Nas entrelinhas do sistema
Sheehan acabou por ser detida juntamente com outros companheiros da marcha. Ao acto simbólico de desobediência civil levado a cabo por um grupo de manifestantes onde se incluía a mãe do malogrado soldado, a polícia respondeu igualmente com um acto significativo: Sheehan foi a primeira pessoa a ser algemada e transportada para a esquadra.
O comportamento das forças da polícia, aparentemente regular, parece revelar a aplicação de uma espécie de castigo, isto porque a norte-americana ficou conhecida quando, em Julho passado, agitou as férias de George W. Bush na sua propriedade no Texas.
Sheehan manteve-se acampada durante mais de 20 dias frente ao rancho da família Bush exigindo explicações ao presidente. Muito embora não tenha alcançado o seu objectivo inicial, tudo indica que a acção de Sheehan foi um dos factores que reanimou o movimento antiguerra no país, recebendo várias manifestações de solidariedade prestadas por diversas personalidades e organizações.
Na Europa também se protestou
Em Madrid e em Paris também decorreram acções de protesto contra a ocupação e a guerra, mas foi na capital inglesa que se concentraram um maior número de pessoas.
Em Londres, a plataforma Stop the War mobilizou cerca de 100 mil pessoas, Segundo os números da organização, mas fontes policiais rejeitaram este número e afirmaram que estiveram presentes apenas dez mil manifestantes.
As dezenas de milhar de britânicos que se aliaram ao protesto exigiram, tal como nos EUA, o regresso imediato das tropas britânicas, acusando Blair de mentir ao povo.
Outra das razões do protesto que terminou no famoso espaço urbano de Hyde Park foram as medidas inscritas no novo projecto de lei «antiterrorista», o qual, acusaram, pretende legitimar actos racistas e xenófobos no país alegando a necessidade de defender a Grã-Bretanha de ataques como o ocorrido em Londres no passado dia 7 de Julho.
Iraque
Relatório denuncia tortura
Desmentindo a versão oficial propagandeada pela administração norte-americana e pelos comandos militares no terreno, os dados apurados pela organização humanitária Human Rights Watch (HRW) indicam que a tortura no Iraque era uma prática habitual das forças ocupantes no Iraque.
O documento divulgado publicamente na edição de sábado do diário The New York Times, argumenta que as chefias militares não só tiveram conhecimento das situações descritas como autorizaram e incitaram a prática regular de maus-tratos contra iraquianos detidos sob a suspeita de pertencerem a grupos da resistência às forças estrangeiras.
A HRW fundamenta as afirmações em testemunhos recolhidos junto de três militares dos EUA mobilizados para o Iraque entre 2003 e 2004.
Segundo os dois sargentos e um capitão ouvidos pela organização e citados no relatório, torturas como «obrigar presos a ficarem uns por cima dos outros para formarem pirâmides humanas» eram frequentes.
Entre outras formas de tortura, os norte-americanos usavam produtos químicos no corpo do prisioneiros, privavam-nos de comida e água e obrigavam-nos a praticar exercícios físicos até à total perda de consciência dos torturados.
Os militares declararam ainda que tanto os serviços secretos militares como as chefias estavam ao corrente do sucedido, culpando depois os militares de mais baixa patente pelos crimes cometidos. Acresce que as tentativas de denúncia nunca eram tidas em conta.
Palestina
Israel ataca Gaza
Depois da recente retirada do exército e dos colonatos israelitas da Faixa de Gaza, e da devolução da soberania palestiniana sobre o território, as autoridades de Tel Aviv ordenaram ataques aéreos sobre a região.
Na sequência dos bombardeamento do passado fim de semana morreram quatro civis e um número indeterminado de pessoas resultaram feridas.
Para além de ataques a viaturas onde circulavam activistas políticos palestinianos, o exército de Israel atacou infra-estruturas da Autoridade Nacional Palestiniana, residências familiares e uma escola, na localidade de al-Tufah, onde mais de um milhar de estudantes frequentam habitualmente as aulas.
Ao mesmo tempo, na Cisjordânia, os Israelitas efectuaram uma vaga de detenções sem precedentes prendendo mais de duas centenas de activistas políticos, muitos dos quais concorrem às eleições legislativas na Palestina agendadas para o final de Janeiro do próximo ano.
Desde os acordos assinados entre as partes na estância balnear egípcia de Sharm-el Sheik, Israel já ordenou a prisão de mais de dois mil militantes palestinianos.
Entretanto, por iniciativa do Hamas e da Jihad Islâmica, 13 grupos políticos e de resistência palestinianos anunciaram, anteontem, o fim das hostilidades contra Israel a partir da Faixa de Gaza.
O acordo estava a ser discutido desde quinta-feira da semana passada e os signatários já haviam determinado o fim das exibições públicas de força no território.
A iniciativa percorreu, pela primeira vez desde o 11 de Setembro, parte da Avenida Pensilvânia, a principal via de acesso à residência oficial do presidente dos EUA, mas as autoridades policiais não transigiram a concentração improvisada pelos manifestantes frente à Casa Branca e efectuaram diversas detenções.
Entre as palavras de ordem ouviam-se frases como «Fim à Ocupação» e «Bush mente, milhares morrem».
Na cabeça da manifestação seguiu Cindy Sheehan, mãe de um dos soldados do exército norte-americano abatido em território iraquiano quando tinha apenas 24 anos.
Nas entrelinhas do sistema
Sheehan acabou por ser detida juntamente com outros companheiros da marcha. Ao acto simbólico de desobediência civil levado a cabo por um grupo de manifestantes onde se incluía a mãe do malogrado soldado, a polícia respondeu igualmente com um acto significativo: Sheehan foi a primeira pessoa a ser algemada e transportada para a esquadra.
O comportamento das forças da polícia, aparentemente regular, parece revelar a aplicação de uma espécie de castigo, isto porque a norte-americana ficou conhecida quando, em Julho passado, agitou as férias de George W. Bush na sua propriedade no Texas.
Sheehan manteve-se acampada durante mais de 20 dias frente ao rancho da família Bush exigindo explicações ao presidente. Muito embora não tenha alcançado o seu objectivo inicial, tudo indica que a acção de Sheehan foi um dos factores que reanimou o movimento antiguerra no país, recebendo várias manifestações de solidariedade prestadas por diversas personalidades e organizações.
Na Europa também se protestou
Em Madrid e em Paris também decorreram acções de protesto contra a ocupação e a guerra, mas foi na capital inglesa que se concentraram um maior número de pessoas.
Em Londres, a plataforma Stop the War mobilizou cerca de 100 mil pessoas, Segundo os números da organização, mas fontes policiais rejeitaram este número e afirmaram que estiveram presentes apenas dez mil manifestantes.
As dezenas de milhar de britânicos que se aliaram ao protesto exigiram, tal como nos EUA, o regresso imediato das tropas britânicas, acusando Blair de mentir ao povo.
Outra das razões do protesto que terminou no famoso espaço urbano de Hyde Park foram as medidas inscritas no novo projecto de lei «antiterrorista», o qual, acusaram, pretende legitimar actos racistas e xenófobos no país alegando a necessidade de defender a Grã-Bretanha de ataques como o ocorrido em Londres no passado dia 7 de Julho.
Iraque
Relatório denuncia tortura
Desmentindo a versão oficial propagandeada pela administração norte-americana e pelos comandos militares no terreno, os dados apurados pela organização humanitária Human Rights Watch (HRW) indicam que a tortura no Iraque era uma prática habitual das forças ocupantes no Iraque.
O documento divulgado publicamente na edição de sábado do diário The New York Times, argumenta que as chefias militares não só tiveram conhecimento das situações descritas como autorizaram e incitaram a prática regular de maus-tratos contra iraquianos detidos sob a suspeita de pertencerem a grupos da resistência às forças estrangeiras.
A HRW fundamenta as afirmações em testemunhos recolhidos junto de três militares dos EUA mobilizados para o Iraque entre 2003 e 2004.
Segundo os dois sargentos e um capitão ouvidos pela organização e citados no relatório, torturas como «obrigar presos a ficarem uns por cima dos outros para formarem pirâmides humanas» eram frequentes.
Entre outras formas de tortura, os norte-americanos usavam produtos químicos no corpo do prisioneiros, privavam-nos de comida e água e obrigavam-nos a praticar exercícios físicos até à total perda de consciência dos torturados.
Os militares declararam ainda que tanto os serviços secretos militares como as chefias estavam ao corrente do sucedido, culpando depois os militares de mais baixa patente pelos crimes cometidos. Acresce que as tentativas de denúncia nunca eram tidas em conta.
Palestina
Israel ataca Gaza
Depois da recente retirada do exército e dos colonatos israelitas da Faixa de Gaza, e da devolução da soberania palestiniana sobre o território, as autoridades de Tel Aviv ordenaram ataques aéreos sobre a região.
Na sequência dos bombardeamento do passado fim de semana morreram quatro civis e um número indeterminado de pessoas resultaram feridas.
Para além de ataques a viaturas onde circulavam activistas políticos palestinianos, o exército de Israel atacou infra-estruturas da Autoridade Nacional Palestiniana, residências familiares e uma escola, na localidade de al-Tufah, onde mais de um milhar de estudantes frequentam habitualmente as aulas.
Ao mesmo tempo, na Cisjordânia, os Israelitas efectuaram uma vaga de detenções sem precedentes prendendo mais de duas centenas de activistas políticos, muitos dos quais concorrem às eleições legislativas na Palestina agendadas para o final de Janeiro do próximo ano.
Desde os acordos assinados entre as partes na estância balnear egípcia de Sharm-el Sheik, Israel já ordenou a prisão de mais de dois mil militantes palestinianos.
Entretanto, por iniciativa do Hamas e da Jihad Islâmica, 13 grupos políticos e de resistência palestinianos anunciaram, anteontem, o fim das hostilidades contra Israel a partir da Faixa de Gaza.
O acordo estava a ser discutido desde quinta-feira da semana passada e os signatários já haviam determinado o fim das exibições públicas de força no território.