
- Nº 1658 (2005/09/8)
O festival da paz e da solidariedade
Festa do Avante!
O 16.º Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes, realizado em Agosto na Venezuela, foi um dos temas centrais da Cidade da Juventude. «O balanço da participação da JCP é bastante positivo, tanto na delegação como no festival», afirma Marta Matos em entrevista.
«Consideramos que a JCP deu um grande contributo a nível ideológico e saiu muito reforçada, primeiro no conhecimento sobre os outros países e as outras organizações, depois na discussão e no modo de agir. Em algumas alturas, alguns delegados tentavam puxar muito para a globalização, dizendo que a luta tem de ser feita a nível continental. Esse não é o entendimento que a JCP tem das lutas. As lutas fazem-se no concreto, em cada realidade, com as massas. Essa foi uma ideia que os militantes da JCP conseguiram passar, muitas vezes sendo os únicos europeus a intervir. Com a nossa perspectiva, fundada no conhecimento concreto, podemos dar uma visão mais realista», refere a delegada.
Marta defende que essencialmente duas organizações comunistas saíram muito reforçadas do festival: a JCP e a Juventude Comunista da Venezuela. «Isto acaba por alastrar para os comunistas de todo o mundo, ainda que existam diferenças entre as organizações», comenta, lembrando que no final da iniciativa vários delegados se inscreveram na JCP.
Para Marta Matos, não é indiferente o facto do festival ter tido lugar na Venezuela, país a viver um processo revolucionário democrático. «Faz toda a diferença. A situação da Venezuela foi muito aprofundada. Esta questão vale pelo menos pelo exemplo, por mostrar que é possível alterar um país e que a luta chegue a algum lado neste contexto mundial. Por outro lado, elucida-nos que não há processos concluídos», salienta.
Um dos workshops organizados pela delegação portuguesa no festival abordou o 25 de Abril. A revolução portuguesa tem algumas semelhanças com a revolução bolivariana, nomeadamente na alfabetização, na unidade civico-militar e na reforma agrária. «Os venezuelanos poderão aprender com o processo revolucionário português, nomeadamente com o que correu mal. Sobretudo fica o alerta de que as conquistas feitas com o 25 de Abril sofrem continuamente ataques, que não são favas contadas», diz Marta.
Concretizar a declaração final
Durante o debate sobre o Festival que se realizou na tarde de domingo, Miguel Madeira, dirigente da JCP e presidente da Federação Mundial das Juventudes Democráticas, salientou o processo de preparação da iniciativa e todas «as acções de promoção em dezenas de países, mostrando que este é um festival que luta pela paz e pela autodeterminação dos povos. Foram milhões os jovens sensibilizados. Os ataques e o silenciamento de governos e de meios de comunicação revelam a importância do festival manter o seu carácter anti-imperialista.»
O desafio que agora se coloca a todas as organizações e delegados que participaram é encontrar uma forma de fazer valer os princípios da declaração final na sua acção quotidiana, sublinhou Miguel Madeira.