A tribuna da indignação

Centenas de dirigentes, delegados e activistas sindicais realizaram, no passado dia 29, uma Tribuna Pública, em Lisboa, para denunciarem a política do Governo.

Há muitos motivos para lutar

Pela Praça da Figueira, em painéis, destacavam-se os mais preocupantes problemas de cada sector que foram denunciados pelos intervenientes na Tribuna sob o lema, «Trabalho com direitos - Administração Pública forte».
Júlio Velez, da Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública, criticou o modelo do Governo de gestão empresarial na Segurança Social e exigiu a demissão da secretária de Estado da respectiva pasta, salientando que a fraude e evasão fiscal já ronda os 800 milhões de contos por ano. Para a Frente Comum, Bagão Félix é «um verdadeiro ministro dos grupos financeiros».
Rogério Caeiro, do Sindicato dos Trabalhadores dos Estabelecimentos Fabris das Forças Armadas culpou o Governo pela situação de crise a que chegou o sector e denunciou «a ausência de estratégia e de uma verdadeira política de defesa».

Contra as gestões privadas

Abel Macedo, da Fenprof acusou o Governo de «mercantilizar a educação com o novo modelo de gestão, querendo transformar as escolas em diferentes cátedras de egoísmo».
Alina Sousa, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses considerou que «a política do ministro da Saúde visa destruir o Serviço Nacional de Saúde». Criticou ainda o aumento e a flexibilização dos horários e a redução «drástica» do número de enfermeiros. Para esta dirigente sindical, o novo modelo de gestão hospitalar é um passo para privatizar da saúde.
Fátima Vilela, do Sindicato da Função Pública do Sul e Açores, lembrou que o Governo quer desresponsabilizar-se da sua função de garantir cuidados de saúde e que «as partes mais rentáveis deste sector» estão a ser entregues a grupos privados, com a criação dos hospitais SA».
Libério Domingues, do Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa, acusou o Presidente da Câmara, Santana Lopes, de tentar proibir a corrida anual contra o racismo, iniciativa promovida pela Interjovem e a CGTP-IN.
Em nome dos aposentados e pensionistas, Maria Irene Marques, do Sindicato da Função Pública do Sul e Açores, alertou para «a desvalorização constante das pensões dos trabalhadores não abrangidos pela indexação, para níveis inferiores ao da sobrevivência humana».
Guadalupe Simões, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, acusou o Governo por ter aumentado o custo das cirurgias realizadas no âmbito do programa de recuperação das listas de espera, que subiu 17 por cento em 2002. Fez notar que em 2001, o numero de doentes em listas de espera era de 101.725, tendo subido em 2002 para 110.994.«A redução do número de enfermeiros tem como consequência a não continuação do programa de vacinação de crianças em zonas carenciadas, que leva ao aumento de casos de tuberculose», afirmou.
Francisco Brás, do Sindicato dos trabalhadores da Administração Local, alertou para a intenção do Governo de querer «pôr em causa a democracia, o poder local democrático e os direitos laborais».
No final da Tribuna foi aprovada uma moção onde se refere que, com as privatizações, o Governo «criou modelos de gestão ditos empresariais em que a avidez do lucro se sobrepõe ao interesse público».
Os representantes dos trabalhadores reiteram a determinação de lutar por actualizações salariais, pelos direitos, melhores condições de trabalho, contra o Código do Trabalho e as privatizações, por serviços públicos de qualidade.
Os representantes sindicais deslocaram-se depois, em cordão humano, da Praça da Figueira ao Ministério do Trabalho, onde foi entregue a moção.


Mais artigos de: Trabalhadores

Não docentes marcam greve

Se o Governo não regular as carreiras dos não docentes até à próxima segunda-feira, a Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública convocará greves para os exames nacionais do Secundário.

IGM em perigo

O Instituto Geológico e Mineiro corre perigo de extinção, se for avante uma proposta de decreto-lei aprovada na semana passada em Conselho de Ministros.

Transportes mobilizam-se

O desmembramento e a privatização de empresas públicas de transportes, incluindo a companhia aérea de bandeira, contrariam os interesses do País e põem em causa a componente social do transporte, para além de resultarem na destruição de milhares de postos de trabalho. A denúncia foi feita anteontem, em Lisboa, num...

Congresso da FNAM

O reforço da organização e intervenção sindical é um dos objectivos constantes do Plano de Acção da Federação Nacional dos Médicos para o triénio 2003- 2006. Aprovado no 5.º Congresso – que decorreu sábado e domingo, em Coimbra, com a participação de Carvalho da Silva, secretário-geral da CGTP – o documento aponta ainda...

Concentração da ex-Mundet

Mais de meia centena de ex-trabalhadores da Mundet concentraram-se dia 29 de Maio, frente ao Tribunal do Seixal, para exigirem o pagamento de salários, subsídios e indemnizações em dívida. De punhos cerrados e gritando «A luta continua!», relata a Lusa, os manifestantes desfilaram pelo centro da cidade. Acompanhados de...

Solidariedade de classe com os imigrantes

Os trabalhadores imigrados em Portugal podem contar com a solidariedade de classe do PCP, que quer continuar fiel à divisa «Proletários de todos os países, uni-vos» - afirmou Júlio Filipe, membro do Comité Central do Partido, no encerramento do debate sobre imigração que teve lugar no domingo à tarde, em Lisboa.Júlio...