De mestre!

José Casanova
Exemplo dos tempos de intolerância que vivemos são os editoriais de José Manuel Fernandes e as suas falas nas múltiplas aparições televisivas. Mais bushista do que Bush, este homem não pára de pedir ocupações, cercos, invasões, morte, enfim tudo o que for necessário para calar e manietar todos os que ousam pensar diferente dele (ou seja: de Bush), todos os que não obedecem aos ditames do Império – e, naturalmente, todos os que não desistem de lutar contra o imperialismo, os seus crimes, a sua essência dominadora, opressiva, repressiva. Para este homem, que há ainda não muito tempo defendia e combatia exactamente o contrário do que hoje defende e combate, os Estados Unidos da América são os senhores do Mundo, aos quais toda a gente deve servir, obedecer, prestar vassalagem. Aquilo a que ele chama pomposamente «a ideia democrática» é, nem mais nem menos, do que o direito de o Governo dos EUA invadir, bombardear, destruir qualquer país que não caiba no conceito de democracia definido pelo Império e, se necessário, pôr como chefe do país ocupado um qualquer governador colonial da craveira intelectual do Chefe Bush ou, até, se se tratar de uma insignificante república de bananas, uma fotocópia indígena desse governador, quiçá do mesmo nível cultural, enfim um qualquer JMF local.
A concretização plena dessa «ideia democrática» passa, como se tem visto, pelo rápido e eficaz massacre de milhares de pessoas inocentes, pelo rápido e eficaz assassinato de milhares de homens, mulheres, jovens e crianças, massacre e assassinato que fazem as delícias e proporcionam um sono tranquilo a todos os josés manuéis fernandes do Planeta - como se sabe, os meios democráticos de destruição hoje existentes são muito mais discretos do que os fornos crematórios de outrora...
Nos últimos dias, a mentira forjada pelo Império em relação ao Iraque (garantindo a existência de armas de destruição maciça para justificar a invasão e ocupação daquele país), tem sido amplamente denunciada e condenada. Bush e Blair (o par de criminosos de guerra preferido de JMF) são justamente acusados de uso da mentira para justificar o crime e, nos EUA e na Grã-Bretanha, são anunciadas investigações sobre a matéria. Pois bem, JMF já disse como é: mesmo que não possuísse essas armas, Saddam tinha possibilidade de as obter...
É de mestre! Hitler não desdenharia ter como assessor um cérebro destes.


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