A LUTA CONTINUA
«O mais relevante operário da notável construção colectiva que é o PCP»
Foi «o nosso grande colectivo partidário», assumindo a expressão concreta da sua estreita ligação às massas populares, que ali esteve. Daí a dimensão, o conteúdo e o sentido da homenagem ao camarada Álvaro Cunhal prestada por centenas de milhar de pessoas. Daí a singularidade dessa homenagem. Uma homenagem na qual, tão grandes como o sentimento de perda e de mágoa foram a serenidade revolucionária, a consciência assumida do papel desempenhado pelo camarada Álvaro Cunhal na construção deste Partido que é o nosso, a noção clara do papel que cabe ao PCP na vida nacional, a afirmação de confiança no futuro e de disponibilidade para a luta revelados por milhares e milhares de militantes e simpatizantes do Partido. As lágrimas que corriam pelos rostos de milhares de comunistas - homens, mulheres, jovens (muitos destes com uma actividade partidária iniciada após o afastamento do camarada Cunhal da intervenção activa) – eram lágrimas feitas de dor mas de determinação revolucionária; de saudade do camarada que partia mas de compromisso de prosseguir a luta; de pesar pelo desaparecimento físico daquele que foi o mais relevante operário da notável construção colectiva que é o PCP mas de garantia de tudo fazer para continuar esse processo de construção.
Também a presença solidária de muitos milhares de cidadãos e cidadãs não comunistas traduziu, de forma expressiva, o reconhecimento da enorme dimensão política, revolucionária, intelectual, humana do camarada Álvaro Cunhal, o apreço e a estima por uma vida dedicada à luta pela defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo e do País, por uma vida de revolucionário feita de coragem, de dignidade, de verticalidade, de coerência.
Com o rigor necessário, far-se-á, um dia, a História do PCP: da sua fundação, correspondendo a uma necessidade histórica da sociedade portuguesa e à evolução do movimento operário português e dando expressão nacional às grandes conquistas teóricas e práticas do movimento operário mundial consubstanciadas na Revolução de Outubro; desses verdes anos em que, não obstante o importante impulso dado pelo Partido à consciencialização e desenvolvimento político das massas trabalhadoras, é notório o ainda baixo nível de preparação política, teórica e prática dos militantes, é notória a falta de uma formação marxista-leninista e de uma direcção de militantes politicamente experientes; desses anos marcantes da reorganização de 1929, operada nas condições de clandestinidade impostas pelo fascismo e na qual Bento Gonçalves viria a ter um papel decisivo no combate às concepções anarquistas, na ligação do Partido à classe operária, na sua transformação num partido de tipo leninista; desses anos decisivos da reorganização de 1940/41 que ergueu e completou o edifício cujos alicerces haviam sido construídos na reorganização de 1929, transformando o PCP num grande partido nacional, organizador da luta popular e impulsionador da unidade antifascista – num grande partido revolucionário; e dos tempos posteriores: do papel do PCP na resistência antifascista, na conquista da liberdade, na revolução de Abril e nas suas conquistas históricas, nos primeiros passos da construção de uma democracia avançada, na luta contra a contra-revolução protagonizada pela política de direita praticada por sucessivos governos, cada um dando continuidade à obra destruidora do anterior, cada um procurando liquidar totalmente tudo o que de positivo, progressista, avançado foi conquistado com Abril.
D essa História – e de forma indelével a partir dos anos 40 – emergirá a figura, a acção, a intervenção, o papel decisivo, marcante, profundamente impressivo do camarada Álvaro Cunhal na construção deste nosso PCP. Deste Partido que, pela sua acção ao longo dos anos, pela sua constante e firme ligação aos trabalhadores e aos seus interesses e direitos, pela sua postura lutadora em todas as circunstâncias e em todos os momentos, está ligado a todas conquistas e avanços verificados no nosso País, a tudo quanto de positivo foi alcançado pelos trabalhadores e pelo povo português – nisso residindo uma das suas mais brilhantes vitórias. Deste Partido feito pela dedicação de gerações e gerações de comunistas «que consagraram o melhor das suas energias e capacidades à luta para pôr fim às desigualdades e injustiças sociais, à exploração do homem pelo homem, a todas as formas de opressão social, colonial e nacional, ao aviltamento da personalidade humana, e que se mantiveram sempre fiéis aos trabalhadores de todos os países e à amizade dos povos» - aí se situando uma das muitas razões que estão na origem do seu êxito e do seu prestígio nacional e internacional. Deste Partido que, por tudo isto, e porque «confirma no presente todo o seu glorioso passado», garante firmemente a sua acção futura – aí se situando a mais promissora de todas as vitórias até agora alcançadas.
S em qualquer outra intenção que não seja a de expressar um sentimento que, convictamente, pensamos perpassar por todo «o nosso grande colectivo partidário», relembramos os primeiros versos do belo poema de Mayakovsky, escrito após a morte de Lénine: «É tempo de começar a falar de Lenine. Mas não porque a dor não seja ainda grande. É tempo porque a angústia lacerante se fez lúcido sofrimento. É tempo de lançar de novo ao vento as ideias de Lenine. Não nos derramaremos num charco de lágrimas: Lenine está agora mais vivo do que todos os vivos».
Ou seja, e como, de olhos molhados, gritaram milhares e milhares de trabalhadores, de homens, mulheres e jovens, na impressionante manifestação de homenagem ao camarada Álvaro Cunhal: a luta continua.
Também a presença solidária de muitos milhares de cidadãos e cidadãs não comunistas traduziu, de forma expressiva, o reconhecimento da enorme dimensão política, revolucionária, intelectual, humana do camarada Álvaro Cunhal, o apreço e a estima por uma vida dedicada à luta pela defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo e do País, por uma vida de revolucionário feita de coragem, de dignidade, de verticalidade, de coerência.
Com o rigor necessário, far-se-á, um dia, a História do PCP: da sua fundação, correspondendo a uma necessidade histórica da sociedade portuguesa e à evolução do movimento operário português e dando expressão nacional às grandes conquistas teóricas e práticas do movimento operário mundial consubstanciadas na Revolução de Outubro; desses verdes anos em que, não obstante o importante impulso dado pelo Partido à consciencialização e desenvolvimento político das massas trabalhadoras, é notório o ainda baixo nível de preparação política, teórica e prática dos militantes, é notória a falta de uma formação marxista-leninista e de uma direcção de militantes politicamente experientes; desses anos marcantes da reorganização de 1929, operada nas condições de clandestinidade impostas pelo fascismo e na qual Bento Gonçalves viria a ter um papel decisivo no combate às concepções anarquistas, na ligação do Partido à classe operária, na sua transformação num partido de tipo leninista; desses anos decisivos da reorganização de 1940/41 que ergueu e completou o edifício cujos alicerces haviam sido construídos na reorganização de 1929, transformando o PCP num grande partido nacional, organizador da luta popular e impulsionador da unidade antifascista – num grande partido revolucionário; e dos tempos posteriores: do papel do PCP na resistência antifascista, na conquista da liberdade, na revolução de Abril e nas suas conquistas históricas, nos primeiros passos da construção de uma democracia avançada, na luta contra a contra-revolução protagonizada pela política de direita praticada por sucessivos governos, cada um dando continuidade à obra destruidora do anterior, cada um procurando liquidar totalmente tudo o que de positivo, progressista, avançado foi conquistado com Abril.
D essa História – e de forma indelével a partir dos anos 40 – emergirá a figura, a acção, a intervenção, o papel decisivo, marcante, profundamente impressivo do camarada Álvaro Cunhal na construção deste nosso PCP. Deste Partido que, pela sua acção ao longo dos anos, pela sua constante e firme ligação aos trabalhadores e aos seus interesses e direitos, pela sua postura lutadora em todas as circunstâncias e em todos os momentos, está ligado a todas conquistas e avanços verificados no nosso País, a tudo quanto de positivo foi alcançado pelos trabalhadores e pelo povo português – nisso residindo uma das suas mais brilhantes vitórias. Deste Partido feito pela dedicação de gerações e gerações de comunistas «que consagraram o melhor das suas energias e capacidades à luta para pôr fim às desigualdades e injustiças sociais, à exploração do homem pelo homem, a todas as formas de opressão social, colonial e nacional, ao aviltamento da personalidade humana, e que se mantiveram sempre fiéis aos trabalhadores de todos os países e à amizade dos povos» - aí se situando uma das muitas razões que estão na origem do seu êxito e do seu prestígio nacional e internacional. Deste Partido que, por tudo isto, e porque «confirma no presente todo o seu glorioso passado», garante firmemente a sua acção futura – aí se situando a mais promissora de todas as vitórias até agora alcançadas.
S em qualquer outra intenção que não seja a de expressar um sentimento que, convictamente, pensamos perpassar por todo «o nosso grande colectivo partidário», relembramos os primeiros versos do belo poema de Mayakovsky, escrito após a morte de Lénine: «É tempo de começar a falar de Lenine. Mas não porque a dor não seja ainda grande. É tempo porque a angústia lacerante se fez lúcido sofrimento. É tempo de lançar de novo ao vento as ideias de Lenine. Não nos derramaremos num charco de lágrimas: Lenine está agora mais vivo do que todos os vivos».
Ou seja, e como, de olhos molhados, gritaram milhares e milhares de trabalhadores, de homens, mulheres e jovens, na impressionante manifestação de homenagem ao camarada Álvaro Cunhal: a luta continua.