Exportações e desemprego

Dois recordes alemães

Segundo as estatísticas oficiais, citadas na edição de sexta-feira, dia 21, do diário francês Le Monde, a economia alemã registou no ano passado o maior excedente comercial da sua história, atingindo 155,6 mil milhões de dólares, ou seja uma subida de 17 por cento em relação a 2003.
As exportações progrediram 10 por cento, alcançando um valor global de 731 mil milhões de euros, muito acima das importações que subiram 7,7 por cento, cifrando-se em 575,4 mil milhões de euros. O sector automóvel representou 19 por cento das exportações, seguindo-se o das máquinas-ferramentas (14 por cento) e os produtos químicos (12 por cento).
A Federação dos exportadores (BGA) calcula que 30 por cento do emprego alemão dependa actualmente das exportações. Contudo, o impacto destas na criação de novos empregos tem sido significativamente diminuído pelo crescente recurso a fornecedores estrangeiros.

De­pressão in­terna

Na verdade, os componentes alemães nos produtos exportados têm vindo a ser substituídos por outros mais baratos produzidos por empresas estrangeiras ou por unidades deslocalizadas.
Dados do Deutsche Bank indicam que as exportações alemães passaram a integrar 40,5 por cento de componentes importados em 2003, contra 26,7 por cento em 1991. Um dos exemplos mais evidentes é o de um recente modelo de sucesso da Volkswagen, o Tu­areg, que é quase totalmente produzido na Eslovénia, facto que não impede de ser contabilizado nas exportações alemãs.
Esta «externalização» da economia germânica é igualmente patente na diminuição dos gastos em equipamentos. Em 2004, esta categoria de investimentos aumentou apenas 1,2 por cento, menos 1,4 por cento do que no ano transacto.
Por outro lado, a forte ofensiva social, de redução dos salários e direitos, tem agravado o marasmo no mercado interno, reflectindo-se negativamente no comportamento da economia que deve grande parte do seu modesto crescimento (apenas 1,7 por cento em 2004) ao sector exportador.
O congelamento dos salários e a degradação do mercado de trabalho reflectiram-se numa contracção do consumo de 0,3 por cento em 2004 e as vendas a retalho recuaram um por cento, ou seja 369,9 mil milhões de euros, pelo terceiro ano consecutivo.


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