MUDANÇA SÉRIA E A SÉRIO
«A dois meses das eleições, toda a gente sabe que, juntos ou separados, eles já estão derrotados»
Num processo repleto de peripécias hilariantes e assumindo contornos de Quinta das Celebridades, chegou ao fim a novela em torno da forma como o PSD de Santana Lopes e o CDS-PP de Paulo Portas vão concorrer às próximas eleições: se juntos, como ambos diziam querer; se separados, como ambos diziam querer.
Durante sucessivos dias, fomos sabendo que, ao pequeno almoço, um dirigente de um dos dois partidos, informara que iriam juntos; que, ao almoço, um segundo dirigente (do mesmo ou do outro partido) garantira que iriam separados; que, ao jantar, um terceiro dirigente garantira que ainda não sabia se iam juntos ou separados. Com tudo isto, sabia-se que, um dia destes, por força das circunstâncias, isto é, por força dos prazos legais, decidir-se-iam pelo que saísse na rifa. Como de facto: vão separados. Ou vão juntos?...
Toda esta representação pré-eleitoral surge como sequência lógica da postura governamental dos líderes dos dois partidos. Com efeito, a bagunçada em que, ambos, transformaram o acto de governar é da mesma família da que caracteriza a pós-governação: a mesma irresponsabilidade, a mesma leviandade, o mesmo desprezo pela inteligência das pessoas – neste caso, reconheça-se, com uma enorme vantagem para os portugueses: é que já não são governo. Nem voltarão a sê-lo tão cedo.
E por mais voltas que dêem, por mais pequenos almoços, almoços e jantares que tenham comido, uma coisa é certa: a decisão agora anunciada é de todo irrelevante. O que é relevante é que, a dois meses das eleições, toda a gente sabe que, juntos ou separados, eles já estão derrotados.
Outra coisa é certa: o PS vai ser o partido mais votado nas eleições de Fevereiro. Não por se ter distinguido no combate à política praticada pelo governo agora demitido (que o PS desejaria que governasse até 2006) e, muito menos, por merecimento decorrente da sua prática enquanto partido no governo. Se os resultados eleitorais do PS dependessem desses dois factores, eles reduzir-se-iam a números magros. Como se sabe, a postura do PS face aos governos Barroso/Santana/Portas, nunca foi de combate à política por eles praticada, antes foi sempre a de procurar esconder do eleitorado que o seu objectivo não era derrotar a política de direita, mas vir a substituir esses governos para, por sua vez, ir fazer, no essencial, a mesma política que eles haviam feito. Como é igualmente sabido, o PS sempre que esteve no governo foi um fiel executante da política de direita, ao serviço dos interesses do grande capital.
Ora agora governas tu, e eu faço o papel de oposição; ora agora governo eu e tu fazes o papel de oposição: eis, em resumo, o que tem sido a prática governativa e de oposição dos dois partidos (PS e PSD) que há vinte e oito anos (sozinhos ou com o CDS-PP) têm desgovernado o País. E bom seria que, em Fevereiro, o eleitorado pusesse termo a este processo alternante, suportado no finge que muda mas não muda, no finge que é diferente mas é igual. E a obsessão doentia pela maioria absoluta que caracteriza o discurso eleitoral do PS – obsessão que tenderá a aumentar e a intensificar-se à medida que se aproxime o acto eleitoral – desvenda com clareza o seu objectivo de dar continuidade, em tons rosa, à política laranja que tem vindo a ser praticada.
Ditas as coisas em três tempos: o PSD, sozinho ou acompanhado, merecidamente, já perdeu; o PS, imerecidamente, vai ser o partido mais votado; neste quadro, quanto mais votos e deputados a CDU obtiver, maiores serão as possibilidades de virar a página dos ciclos alternantes e abrir o caminho para uma mudança séria e a sério.
Como é hábito em tempo de eleições, todos os que defendem um PS-praticante-de-uma-política-de-direita – sejam dirigentes do PS sejam comentadores políticos com lugar cativo em tudo quanto é média – desembainham as espadas e desferem o velho e estafado golpe: o PCP faz do PS o seu adversário principal.
Todos sabem que não é assim, todos sabem que, nesta matéria, o adversário principal do PCP é a política de direita, seja ela praticada por quem for – nomeadamente se ela é praticada pelo PS em nome da esquerda, pois claro! E todos sabem, sem margem para dúvidas, que se não for o PCP a travar esse combate, nenhum outro grande partido nacional o fará – insista-se: nenhum outro partido nacional o fará. Como a realidade mostra todos os dias.
O objectivo dessa operação mistificatória é óbvio: escudados num pretenso combate à direita e tendo como referência básica a defesa da política de direita, procuram impedir o reforço eleitoral do único partido que objectiva e coerentemente combate não apenas a direita mas, simultaneamente e com igual força e determinação, a política de direita.
O compromisso do PCP com os trabalhadores, o povo e o País é um compromisso de todos os dias e para todos os dias, independentemente de haver ou não eleições: é o compromisso assumido por milhares de militantes comunistas que, nas empresas e locais de trabalho, nas escolas, nos campos, nos locais de habitação, em todo o lado onde a política de direita, com a sua marca de classe, flagela a imensa maioria dos portugueses e portuguesas, travam o combate necessário contra essa política e por uma alternativa de esquerda que inicie a resolução dos muitos e graves problemas existentes – um compromisso que será tão mais eficazmente cumprido quanto mais homens, mulheres e jovens fizerem do voto uma forma de luta, dando-o a quem, todos os dias, está a seu lado na defesa dos seus direitos e interesses.
Durante sucessivos dias, fomos sabendo que, ao pequeno almoço, um dirigente de um dos dois partidos, informara que iriam juntos; que, ao almoço, um segundo dirigente (do mesmo ou do outro partido) garantira que iriam separados; que, ao jantar, um terceiro dirigente garantira que ainda não sabia se iam juntos ou separados. Com tudo isto, sabia-se que, um dia destes, por força das circunstâncias, isto é, por força dos prazos legais, decidir-se-iam pelo que saísse na rifa. Como de facto: vão separados. Ou vão juntos?...
Toda esta representação pré-eleitoral surge como sequência lógica da postura governamental dos líderes dos dois partidos. Com efeito, a bagunçada em que, ambos, transformaram o acto de governar é da mesma família da que caracteriza a pós-governação: a mesma irresponsabilidade, a mesma leviandade, o mesmo desprezo pela inteligência das pessoas – neste caso, reconheça-se, com uma enorme vantagem para os portugueses: é que já não são governo. Nem voltarão a sê-lo tão cedo.
E por mais voltas que dêem, por mais pequenos almoços, almoços e jantares que tenham comido, uma coisa é certa: a decisão agora anunciada é de todo irrelevante. O que é relevante é que, a dois meses das eleições, toda a gente sabe que, juntos ou separados, eles já estão derrotados.
Outra coisa é certa: o PS vai ser o partido mais votado nas eleições de Fevereiro. Não por se ter distinguido no combate à política praticada pelo governo agora demitido (que o PS desejaria que governasse até 2006) e, muito menos, por merecimento decorrente da sua prática enquanto partido no governo. Se os resultados eleitorais do PS dependessem desses dois factores, eles reduzir-se-iam a números magros. Como se sabe, a postura do PS face aos governos Barroso/Santana/Portas, nunca foi de combate à política por eles praticada, antes foi sempre a de procurar esconder do eleitorado que o seu objectivo não era derrotar a política de direita, mas vir a substituir esses governos para, por sua vez, ir fazer, no essencial, a mesma política que eles haviam feito. Como é igualmente sabido, o PS sempre que esteve no governo foi um fiel executante da política de direita, ao serviço dos interesses do grande capital.
Ora agora governas tu, e eu faço o papel de oposição; ora agora governo eu e tu fazes o papel de oposição: eis, em resumo, o que tem sido a prática governativa e de oposição dos dois partidos (PS e PSD) que há vinte e oito anos (sozinhos ou com o CDS-PP) têm desgovernado o País. E bom seria que, em Fevereiro, o eleitorado pusesse termo a este processo alternante, suportado no finge que muda mas não muda, no finge que é diferente mas é igual. E a obsessão doentia pela maioria absoluta que caracteriza o discurso eleitoral do PS – obsessão que tenderá a aumentar e a intensificar-se à medida que se aproxime o acto eleitoral – desvenda com clareza o seu objectivo de dar continuidade, em tons rosa, à política laranja que tem vindo a ser praticada.
Ditas as coisas em três tempos: o PSD, sozinho ou acompanhado, merecidamente, já perdeu; o PS, imerecidamente, vai ser o partido mais votado; neste quadro, quanto mais votos e deputados a CDU obtiver, maiores serão as possibilidades de virar a página dos ciclos alternantes e abrir o caminho para uma mudança séria e a sério.
Como é hábito em tempo de eleições, todos os que defendem um PS-praticante-de-uma-política-de-direita – sejam dirigentes do PS sejam comentadores políticos com lugar cativo em tudo quanto é média – desembainham as espadas e desferem o velho e estafado golpe: o PCP faz do PS o seu adversário principal.
Todos sabem que não é assim, todos sabem que, nesta matéria, o adversário principal do PCP é a política de direita, seja ela praticada por quem for – nomeadamente se ela é praticada pelo PS em nome da esquerda, pois claro! E todos sabem, sem margem para dúvidas, que se não for o PCP a travar esse combate, nenhum outro grande partido nacional o fará – insista-se: nenhum outro partido nacional o fará. Como a realidade mostra todos os dias.
O objectivo dessa operação mistificatória é óbvio: escudados num pretenso combate à direita e tendo como referência básica a defesa da política de direita, procuram impedir o reforço eleitoral do único partido que objectiva e coerentemente combate não apenas a direita mas, simultaneamente e com igual força e determinação, a política de direita.
O compromisso do PCP com os trabalhadores, o povo e o País é um compromisso de todos os dias e para todos os dias, independentemente de haver ou não eleições: é o compromisso assumido por milhares de militantes comunistas que, nas empresas e locais de trabalho, nas escolas, nos campos, nos locais de habitação, em todo o lado onde a política de direita, com a sua marca de classe, flagela a imensa maioria dos portugueses e portuguesas, travam o combate necessário contra essa política e por uma alternativa de esquerda que inicie a resolução dos muitos e graves problemas existentes – um compromisso que será tão mais eficazmente cumprido quanto mais homens, mulheres e jovens fizerem do voto uma forma de luta, dando-o a quem, todos os dias, está a seu lado na defesa dos seus direitos e interesses.