Dar a vida pela terra
Cinco trabalhadores rurais sem-terra foram chacinados, na manhã de sábado passado, numa fazenda ocupada no Brasil. O episódio é o mais grave ocorrido desde 1996.
«A luta pelo direito ao solo, ao trabalho e ao pão é para continuar»
A fazenda «Nova Alegria», nos arredores da pequena cidade de Felisburgo, no estado de Minas Gerais, foi o local de mais um capítulo sangrento da já longa luta dos trabalhadores rurais sem-terra do Brasil pela reforma agrária na zona do grande latifúndio improdutivo.
Para além da meia dezena de vítimas mortais resultantes deste massacre, outras treze pessoas ficaram feridas e a maioria das habitações precárias onde habitavam, desde há dois anos, as 140 famílias do acampamento «Terra Prometida» foram total ou parcialmente destruídas pelo fogo.
Segundo os relatos de algumas testemunhas, os cinco dirigentes regionais do Movimento dos Sem-Terra (MST) encontravam-se reunidos quando um grupo de mais de 15 indivíduos chegou ao acampamento e começou a disparar indiscriminadamente.
Durante mais de meia hora o pânico tomou conta dos trabalhadores enquanto os mercenários – entre os quais dois ex-sem-terra expulsos anteriormente pelo MST por comportamento indevido – se ocupavam da destruição das barracas e do assassínio selectivo dos responsáveis locais.
Governo mobiliza investigações
No rescaldo do sucedido, as autoridades policiais ordenaram a detenção de oito homens suspeitos de terem participado no massacre, entre os quais se encontra Adriano Chafik, tido como proprietário da herdade onde, no domingo, as buscas realizadas desvendaram munições de calibres diversos.
As investigações mereceram a mobilização de meios consideráveis e a solidariedade activa de alguns membros do governo brasileiro.
Para além da deslocação de dois ministros ao local a fim de se inteirarem da situação, o processo está a ser directamente acompanhado por Nilmário Miranda, responsável pela pasta dos Direitos Humanos no executivo de Lula da Silva.
Revolta exige justiça
Na manhã de segunda-feira, cerca de duas mil pessoas juntaram-se no cortejo fúnebre, uma cerimónia marcada pela emoção e pela revolta.
Para além de recordarem que o assassínio destes sem-terra havia sido precedido de diversas ameaças, os presentes lembraram que tal não será suficiente para os fazer parar e que a luta pelo direito ao solo, ao trabalho e ao pão é mesmo para continuar.
No mesmo tom, sensivelmente à mesma hora, realizou-se uma concentração na cidade de Belo Horizonte. O protesto frente ao Instituto de Colonização e Reforma Agrária congregou mais de centena e meia de pessoas, entre populares, deputados do estado de Minas Gerais, representantes do Ministério do Desenvolvimento Agrário e outras entidades.
Ao final do dia, a polícia militar escoltou as famílias até ao acampamento, situado numa faixa de 600 hectares de terreno devoluto cuja posse está ainda para ser determinada pelas instâncias judicias.
Matança de Eldorado dos Carajás
Justiça com mão leve
Um dia antes da ocorrência de mais uma dramática página na história dos sem-terra, um tribunal do estado do Pará decretou a detenção dos comandantes da matança de Eldorado dos Carajás, que ceifou a vida a 21 trabalhadores rurais do MST.
Apesar desta decisão confirmar que os militares têm que cumprir a pena máxima a que haviam já sido condenados, os líderes e os representantes legais do MST não se conformam com a absolvição dos restantes 142 militares que participaram nas execuções e anunciaram que pretendem recorrer para instâncias superiores.
O caso de Eldorado dos Carajás remonta a 1996, quando uma manifestação de mais de um milhar de sem-terra foi violentamente reprimida pela polícia militar às ordens do governador do estado do Pará.
A indignação com a impunidade neste episódio motivou, na quinta-feira da semana passada, o envio de um documento subscrito por 18 deputados do Grupo da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Verde Nórdica do Parlamento Europeu – do qual fazem parte os eurodeputados do PCP – a exigir que fosse feita justiça e os culpados pela morte de 21 trabalhadores fossem, com justiça, devidamente indicados.
Para além da meia dezena de vítimas mortais resultantes deste massacre, outras treze pessoas ficaram feridas e a maioria das habitações precárias onde habitavam, desde há dois anos, as 140 famílias do acampamento «Terra Prometida» foram total ou parcialmente destruídas pelo fogo.
Segundo os relatos de algumas testemunhas, os cinco dirigentes regionais do Movimento dos Sem-Terra (MST) encontravam-se reunidos quando um grupo de mais de 15 indivíduos chegou ao acampamento e começou a disparar indiscriminadamente.
Durante mais de meia hora o pânico tomou conta dos trabalhadores enquanto os mercenários – entre os quais dois ex-sem-terra expulsos anteriormente pelo MST por comportamento indevido – se ocupavam da destruição das barracas e do assassínio selectivo dos responsáveis locais.
Governo mobiliza investigações
No rescaldo do sucedido, as autoridades policiais ordenaram a detenção de oito homens suspeitos de terem participado no massacre, entre os quais se encontra Adriano Chafik, tido como proprietário da herdade onde, no domingo, as buscas realizadas desvendaram munições de calibres diversos.
As investigações mereceram a mobilização de meios consideráveis e a solidariedade activa de alguns membros do governo brasileiro.
Para além da deslocação de dois ministros ao local a fim de se inteirarem da situação, o processo está a ser directamente acompanhado por Nilmário Miranda, responsável pela pasta dos Direitos Humanos no executivo de Lula da Silva.
Revolta exige justiça
Na manhã de segunda-feira, cerca de duas mil pessoas juntaram-se no cortejo fúnebre, uma cerimónia marcada pela emoção e pela revolta.
Para além de recordarem que o assassínio destes sem-terra havia sido precedido de diversas ameaças, os presentes lembraram que tal não será suficiente para os fazer parar e que a luta pelo direito ao solo, ao trabalho e ao pão é mesmo para continuar.
No mesmo tom, sensivelmente à mesma hora, realizou-se uma concentração na cidade de Belo Horizonte. O protesto frente ao Instituto de Colonização e Reforma Agrária congregou mais de centena e meia de pessoas, entre populares, deputados do estado de Minas Gerais, representantes do Ministério do Desenvolvimento Agrário e outras entidades.
Ao final do dia, a polícia militar escoltou as famílias até ao acampamento, situado numa faixa de 600 hectares de terreno devoluto cuja posse está ainda para ser determinada pelas instâncias judicias.
Matança de Eldorado dos Carajás
Justiça com mão leve
Um dia antes da ocorrência de mais uma dramática página na história dos sem-terra, um tribunal do estado do Pará decretou a detenção dos comandantes da matança de Eldorado dos Carajás, que ceifou a vida a 21 trabalhadores rurais do MST.
Apesar desta decisão confirmar que os militares têm que cumprir a pena máxima a que haviam já sido condenados, os líderes e os representantes legais do MST não se conformam com a absolvição dos restantes 142 militares que participaram nas execuções e anunciaram que pretendem recorrer para instâncias superiores.
O caso de Eldorado dos Carajás remonta a 1996, quando uma manifestação de mais de um milhar de sem-terra foi violentamente reprimida pela polícia militar às ordens do governador do estado do Pará.
A indignação com a impunidade neste episódio motivou, na quinta-feira da semana passada, o envio de um documento subscrito por 18 deputados do Grupo da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Verde Nórdica do Parlamento Europeu – do qual fazem parte os eurodeputados do PCP – a exigir que fosse feita justiça e os culpados pela morte de 21 trabalhadores fossem, com justiça, devidamente indicados.