Mãos de Blair manchadas de sangue
O Congresso do Partido Trabalhista britânico, que está a realizar-se na cidade de Brighton, ameaça pôr a descoberto sérias diferenças entre os diversos sectores do partido.
Para começar, devem ser postos a nu problemas ligados à estratégia eleitoral, dado que se prevê a convocação de eleições gerais em Maio de 2005. Por outro lado, sindicatos com peso considerável na orientação do Congresso e na própria vida partidária ameaçam com moções que a grande maioria dos delegados favorece mas que o gabinete de Tony Blair não tem alma nem consciência para aceitar mesmo depois de aprovadas, como se espera.
Delegados das circunscrições forçaram no domingo um debate dedicado ao papel da Grã-Bretanha no Iraque. Trata-se de uma iniciativa que todo o país aguarda com particular emoção (já foi marcado para hoje, 5ª feira) estando em jogo a vida do refém Kenneth Bigley cujo sangue manchará, se for executado, como se teme, as mãos do primeiro-ministro.
Os sindicatos ligados à área dos transportes e, particularmente, aos caminhos de ferro, vão apresentar ao Congresso a moção que Blair mais parece temer - aquela em que se exige a renacionalização da vasta rede ferroviária nacional e, evidentemente, da exploração do respectivo tráfego. Ninguém ignora, neste país, o caos que a privatização, de que são responsáveis os governos conservadores de Margaret Thatcher e John Major, tem provocado. As múltiplas empresas que substituíram a velha British Rail têm destruído a confiança do público nos seus caminhos de ferro praticando aumentos de tarifas constantes, desrespeitando os horários, eliminando linhas, locupletando-se com milhares de milhões de libras de subsídios governamentais. A voz dos sindicatos ligados aos ferroviários, TSSA, Tansport & General Workers Union, GMB e Unison, far-se-á fortemente ouvir.
O governo, com medo desta moção, já consultou os referidos sindicatos prometendo-lhes concessões políticas noutras áreas desde que desistam de exigir o regresso dos caminhos de ferro ao sector do Estado. Mas não se espera que Blair consiga persuadir os dirigentes sindicais.
Jaguar - o último rugido
A conhecida fábrica de automóveis ‘Jaguar’, vai fechar as suas portas na zona de Coventry atirando com 600 trabalhadores para o desemprego, imediatamente. Outros lhes seguirão o caminho logo que a administração da ‘Ford Motor Co.’, proprietária, assim o decida e a produção seja transferida para os Estados Unidos.
A ‘Jaguar’, fundada por William Lyons em Foleshill, em 1930, surgiu na Brown Lane, Coventry, em 1951, quando o governo britânico levava à prática medidas que reorganizassem a indústria naquela cidade tão fustigada pelos bombardeamentos da ‘Luftwaffe’. Mas, agora, o fim está perto. Disse Keith Cowling, professor de economia industrial: «O fim foi no dia em que a ‘Jaguar’ passou para as mãos da ‘Ford’. A nossa fábrica foi concebida para a Grã-Bretanha. Não pode ser reconstituída no conjunto americano da ‘Ford’, uma companhia envolvida, principalmente, na produção de carros baratos em grande escala». Por seu lado, Geoff Turner, que trabalhou para a ‘Jaguar’ ao longo do melhor de 40 anos, afirmou: «Milhares de empregos na indústria transformadora em Coventry têm desaparecido. Há um ano, fechou a ‘Massey-Ferguson’. Agora, faltava-nos esta!». Mas Damian O’Toole, um trabalhador com apenas 32 anos, mostra-se esperançado: «Temos fé em que os americanos não queiram comprar o ‘Jaguar’ fabricado nos Estados Unidos. Logo que verifiquem a diferença o próprio mercado levará a ‘Ford’ a reconsiderar». Era o que faltava! No momento em que escrevemos a ‘General Motors’ anuncia que vai suprimir mais 3000 empregos na Europa.
A voz da História
Foi a 4 de Maio de 1904. Frederick Henry Royce e Stewart Rolls, resolveram encontrar-se no Hotel Midland em Manchester para discutirem a possibilidade de, utilizando a mais avançada tecnologia da época, construírem um automóvel de luxo para as classes mais abastadas desse tempo - a aristocracia britânica, por exemplo, marajás indianos que frequentavam a Grã-Bretanha, bilionários chineses e muitos outros. Nasceu, assim, o famoso ‘Rolls-Royce’, propriedade da Rolls-Royce Motor, Ltd. Mas a crise económica dos anos 1968 a 1972, quando a Grã-Bretanha era governada por Edward Heath, conduziu ao estrangulamento da companhia. Comprada pela poderosa ‘Vickers’, construtora de aviões, tanques de guerra e outro material pesado, a Roll-Royce continuou a sua actividade produtiva até que em 1998 foi vendida à Volkswagen. E dado que esta designação germânica significa «o carro do povo» os mais optimistas partiram do princípio de que, finalmente, o ‘Rolls-Royce’ seria para o povo. Mas logo a Volkswagen, em 2003, passou o controlo das operações de fabrico e venda do famoso automóvel para a BMW e a situação, assim, mudou, automaticamente de figura.
Também Marx e Engels se reuniram em Manchester para discutirem o mundo, o de ontem, o do futuro e chegarem a conclusões. Mas esses, não partiram a fabricar fosse o que fosse, não compraram, não venderam não transaccionaram coisa alguma - apontaram aos homens um caminho, um caminho que se mantém luminoso e verdadeiro!
Delegados das circunscrições forçaram no domingo um debate dedicado ao papel da Grã-Bretanha no Iraque. Trata-se de uma iniciativa que todo o país aguarda com particular emoção (já foi marcado para hoje, 5ª feira) estando em jogo a vida do refém Kenneth Bigley cujo sangue manchará, se for executado, como se teme, as mãos do primeiro-ministro.
Os sindicatos ligados à área dos transportes e, particularmente, aos caminhos de ferro, vão apresentar ao Congresso a moção que Blair mais parece temer - aquela em que se exige a renacionalização da vasta rede ferroviária nacional e, evidentemente, da exploração do respectivo tráfego. Ninguém ignora, neste país, o caos que a privatização, de que são responsáveis os governos conservadores de Margaret Thatcher e John Major, tem provocado. As múltiplas empresas que substituíram a velha British Rail têm destruído a confiança do público nos seus caminhos de ferro praticando aumentos de tarifas constantes, desrespeitando os horários, eliminando linhas, locupletando-se com milhares de milhões de libras de subsídios governamentais. A voz dos sindicatos ligados aos ferroviários, TSSA, Tansport & General Workers Union, GMB e Unison, far-se-á fortemente ouvir.
O governo, com medo desta moção, já consultou os referidos sindicatos prometendo-lhes concessões políticas noutras áreas desde que desistam de exigir o regresso dos caminhos de ferro ao sector do Estado. Mas não se espera que Blair consiga persuadir os dirigentes sindicais.
Jaguar - o último rugido
A conhecida fábrica de automóveis ‘Jaguar’, vai fechar as suas portas na zona de Coventry atirando com 600 trabalhadores para o desemprego, imediatamente. Outros lhes seguirão o caminho logo que a administração da ‘Ford Motor Co.’, proprietária, assim o decida e a produção seja transferida para os Estados Unidos.
A ‘Jaguar’, fundada por William Lyons em Foleshill, em 1930, surgiu na Brown Lane, Coventry, em 1951, quando o governo britânico levava à prática medidas que reorganizassem a indústria naquela cidade tão fustigada pelos bombardeamentos da ‘Luftwaffe’. Mas, agora, o fim está perto. Disse Keith Cowling, professor de economia industrial: «O fim foi no dia em que a ‘Jaguar’ passou para as mãos da ‘Ford’. A nossa fábrica foi concebida para a Grã-Bretanha. Não pode ser reconstituída no conjunto americano da ‘Ford’, uma companhia envolvida, principalmente, na produção de carros baratos em grande escala». Por seu lado, Geoff Turner, que trabalhou para a ‘Jaguar’ ao longo do melhor de 40 anos, afirmou: «Milhares de empregos na indústria transformadora em Coventry têm desaparecido. Há um ano, fechou a ‘Massey-Ferguson’. Agora, faltava-nos esta!». Mas Damian O’Toole, um trabalhador com apenas 32 anos, mostra-se esperançado: «Temos fé em que os americanos não queiram comprar o ‘Jaguar’ fabricado nos Estados Unidos. Logo que verifiquem a diferença o próprio mercado levará a ‘Ford’ a reconsiderar». Era o que faltava! No momento em que escrevemos a ‘General Motors’ anuncia que vai suprimir mais 3000 empregos na Europa.
A voz da História
Foi a 4 de Maio de 1904. Frederick Henry Royce e Stewart Rolls, resolveram encontrar-se no Hotel Midland em Manchester para discutirem a possibilidade de, utilizando a mais avançada tecnologia da época, construírem um automóvel de luxo para as classes mais abastadas desse tempo - a aristocracia britânica, por exemplo, marajás indianos que frequentavam a Grã-Bretanha, bilionários chineses e muitos outros. Nasceu, assim, o famoso ‘Rolls-Royce’, propriedade da Rolls-Royce Motor, Ltd. Mas a crise económica dos anos 1968 a 1972, quando a Grã-Bretanha era governada por Edward Heath, conduziu ao estrangulamento da companhia. Comprada pela poderosa ‘Vickers’, construtora de aviões, tanques de guerra e outro material pesado, a Roll-Royce continuou a sua actividade produtiva até que em 1998 foi vendida à Volkswagen. E dado que esta designação germânica significa «o carro do povo» os mais optimistas partiram do princípio de que, finalmente, o ‘Rolls-Royce’ seria para o povo. Mas logo a Volkswagen, em 2003, passou o controlo das operações de fabrico e venda do famoso automóvel para a BMW e a situação, assim, mudou, automaticamente de figura.
Também Marx e Engels se reuniram em Manchester para discutirem o mundo, o de ontem, o do futuro e chegarem a conclusões. Mas esses, não partiram a fabricar fosse o que fosse, não compraram, não venderam não transaccionaram coisa alguma - apontaram aos homens um caminho, um caminho que se mantém luminoso e verdadeiro!