
- Nº 1606 (2004/09/9)
Pablo Neruda esteve na Atalaia
Festa do Avante!
O poeta chileno Pablo Neruda – nascido há cem anos – esteve na Festa do Avante!, não fisicamente claro, mas através das suas palavras. Vários poemas e excertos de obras suas decoraram pavilhões, expressando as suas concepções ideológicas, o seu amor ao povo, ao Partido Comunista, aos lutadores e resistentes, à gente trabalhadora que tanto existe no Chile, como em Portugal, na Austrália ou na Venezuela.
A sua poesia foi adoptada pelos povos do mundo, porque com ela se identificavam, com ela sentiam ressurgir as forças necessárias para as lutas de todos os dias, grandes, todas elas. Na homenagem que foi feita ao poeta no domingo no Café Concerto, antes da declamação de poemas pelos actores Cármen Santos e Fernando Tavares Marques, o professor e escritor Manuel Gusmão referiu precisamente a internacionalização de Neruda, «não no sentido da globalização comercial, mas sim do internacionalismo proletário».
Como afirmou Manuel Gusmão, «Neruda foi um militante comunista que afirmou essa condição na sua poesia», em especial no «Canto Geral», aproveitando as tradições do modernismo, do surrealismo e do barroco europeu e dando voz às lamentações dos oprimidos, ao empenhamento político e aos protestos contra as forças capitalistas e imperialistas.
«O poeta canta a partir do Chile, mas os seus poemas alargam-se à América Latina e depois ao mundo», declarou o professor, lembrando poemas de Neruda sobre a Guerra Civil de Espanha, a ditadura grega ou mesmo o destino de Bento Gonçalves, Álvaro Cunhal e Militão Ribeiro.