Referendo na Venezuela

<font color=0988d3>> </font>Hugo Chávez vence nas urnas

Hugo Chávez continua presidente da Venezuela. 58 por cento dos eleitores optou pelo «não» no referendo de domingo, dando luz verde à revolução bolivariana.

As mesas de voto ficaram abertas até às 00h para que todos votassem

«Está de acordo em deixar sem efeito o mandato popular atribuído em eleições democráticas legítimas ao cidadão Hugo Rafael Chávez Frias como presidente da República bolivariana da Venezuela pelo período actual?» Esta era a pergunta que foi colocada aos 14 milhões de eleitores venezuelanos, no domingo. Estes acorreram em massa às mesas de voto e 58 por cento optou pelo «não», enquanto 41 por cento escolheu o «sim». Chávez permanece o seu mandato de presidente até 2006 e mais uma vez vê a população apoiar nas urnas a revolução que encabeça no país.
O resultado do referendo foi recebido em festa pela população. O céu de Caracas encheu-se de fogo de artifício e as comemorações prolongaram-se pela madrugada.
Chávez salientou a «vitória limpa e transparente do povo» e da Constituição. «Agora é impossível que a tendência vitoriosa do “não” seja derrubada. Aceitamos as posições dos que votaram “sim” e desejamos também que eles [os membros da oposição] aceitem esta vitória como uma vitória nacional», afirmou no palácio de Miraflores, em frente a uma multidão eufórica, depois de cantar o hino nacional de punho erguido.
O presidente declarou que o resultado do referendo assegura «a integração e a unidade da OPEP em defesa dos nossos povos» e uma «garantia de estabilidade para o mercado petrolífero internacional».
Com uma taxa de participação superior a 80 por cento, o horário das mesas de voto foi prolongado duas vezes para que todos os eleitores pudessem votar. As urnas deveriam encerrar às 18h, mas foi adiada inicialmente para as 20h e depois para as 00h. Alguns centros ficaram abertos para além dessa hora até que todos os eleitores tivessem votado. Em Caracas, as bichas para as mesas de voto chegaram a ter quilómetros de extensão.

Oposição protesta

A oposição não aceitou o resultado do escrutínio e fala em «fraude gigantesca». Chega mesmo a adiantar um resultado alternativo, sem avançar com a fonte: o «sim» teria obtido 59 por cento e o «não» 40 por cento. Dois membros do Conselho Nacional de Eleições (CNE), ambos membros da oposição, recusaram-se a validar os resultados eleitorais argumentando que «os votos não foram correctamente verificados».
Ainda durante a votação, as autoridades denunciaram a existência de uma gravação com uma voz que assumia ser o presidente da CNE a dar a vitória à oposição. Para aquele organismo, trata-se de uma grave tentativa de fraude eleitoral.
Os mais de 200 observadores internacionais que presenciaram a votação asseguram que o escrutínio e a contagem dos boletins foi totalmente legal e que a vitória do «não» é clara.
A maioria dos eleitores votou em mesas electrónicas, carregando na tecla do «sim» ou do «não». Esse mecanismo contabiliza automaticamente o voto e imprime-o num boletim de papel que é de imediato depositado numa urna vulgar para se efectuar uma recontagem em caso de dúvida.
Chávez teria de abandonar o poder se um número de eleitores igual ou superior ao número de eleitores que o elegeram em 2000 (cerca de 3,76 milhões de pessoas) optassem pelo «sim», a taxa de participação atingisse pelo menos 25 por cento e se o número de pessoas a votar «não» não fosse superior ao que votasse «sim».
O referendo foi decidido pelo CNE a 3 de Junho quando a oposição conseguiu reunir votos suficientes para a convocação do referendo.

A Venezuela «não é colónia» dos Estados Unidos

O governo dos Estados Unidos recusou-se a reconhecer o resultado do referendo. Hugo Chávez respondeu em conferência de imprensa: «A Venezuela não vai tornar-se uma colónia» norte-americana. «Enviamos uma mensagem ao povo dos EUA e ao seu governo: não temos qualquer plano para atacar Washington. Não temos qualquer plano para fazer sofrer o seu povo, nem o seu governo, mas saibam que queremos ser livres», salientou.
«Queremos ter com os Estados Unidos uma relação equilibrada como a que tivemos com o presidente Clinton. Ao menos com o presidente Clinton podíamos falar», afirmou Chávez.
O presidente acusou ainda os dirigentes da oposição de procurarem a «destabilização» do país: «É um caso único no mundo, os dirigentes da oposição não aceitarem os resultados de um escrutínio. Esses dirigentes não estão à altura dos eleitores que votaram no “sim”.» Chávez apelou ao diálogo e garantiu que vai «respeitar os 40 por cento de eleitores que se pronunciaram claramente pelo “sim”».
Os Estados Unidos justificam-se com a acusação de fraude no escrutínio pela oposição para não reconhecer os resultados e exigir uma investigação. «Encaramos a proposta de trabalhar com a oposição para pôr em prática uma investigação completa sobre os resultados (do referendo) e para examinar todas as dúvidas levantadas», afirmou Tom Casey, porta-voz do Departamento de Estado.
Tendo congratulado o trabalho dos observadores do Centro Carter e da Organização dos Estados Americanos, o departamento diz não aceitar as suas conclusões.


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