
- Nº 1599 (2004/07/22)
Contra o cancro
Cuba-EUA
Internacional
Duas empresas, uma cubana, outra norte-americana, assinaram, em Havana, um acordo de transferência de tecnologia para a confecção de vacinas contra o cancro.
Com o intuito de combater uma das mais graves doenças da humanidade, o cancro, foi assinado, na passada semana, no Palácio das Convenções, em Havana, um acordo entre a empresa CancerVax Corporation e o Centro de Inmunología Molecular. Esta cerimónia contou com a participação do presidente de Cuba, Fidel Castro, assim como outros dirigentes do Estado e do governo, do médico David Hale e de Hazel Aker, director executivo e vice-presidente da Cancer Vax. Estiveram ainda presentes os directores dos principais centros científicos e instituições de saúde de Cuba.
O professor e destacado oncologista norte-americano Donald Morton, director médico e cirurgião-chefe do Instituto John Wayne, de Los Angeles, também participou na iniciativa, através de uma mensagem enviada por vídeo. O médico felicitou os presentes pela sua «dedicação, cooperação, compromisso e trabalho» e referiu alguns dados da Organização Mundial da Saúde. «No ano de 2000, em todo o mundo, mais de 10 milhões de pacientes foram diagnosticados com cancro, em 2020 este número vai crescer até aos 15 milhões», informou Donald Morton, frisando que esta doença se vai tornar na mais mortífera de todas.
Entretanto, em nome dos cientistas cubanos, o médico Augustín Lage Dávila, respondendo ao seu colega de profissão, reconheceu que em Cuba se chegou a uma etapa importante no combate aos tumores malignos, mas isso só acontece porque Fidel Castro decidiu construir o Centro de Inmunologia Molecolar, num contexto de tremendas dificuldades económicas, graças ao embargo norte-americano.
«A CancerVax contactou, em 2001, com o Centro de Inmunologia Molecolar em virtude dos resultados que o nosso país obteve no tratamento do cancro dos pulmões», lembrou Augustín Dávila. Destacou ainda o facto de «não haver tradição de transferência de tecnologias, especialmente na Biotecnologia, particularmente no caso de Cuba e dos Estados Unidos, e que há um vazio de colaboração económica há mais de 40 anos, situação esta em que nunca culpámos o povo norte-americano e muito menos os cientistas desse país».
Condições perfeitas
No entanto, hoje, com este acordo, haverá uma equipa científica conjunta de ambas as instituições, que planificará e conduzirá novos ensaios clínicos, incluindo nos Estados Unidos e na Europa. «Criaram-se condições para produzir as vacinas Cancer Vax y, ao mesmo tempo que trabalhamos para homologar os processos produtivos em ambos os países e obter os seus registos para começar a distribuição das vacinas», disse, concluindo: «Avizinham-se tempos difíceis, os quais serão vencidos, e que da nossa capacidade de vencer depende a qualidade de vida dos pacientes com cancro».
Por seu lado, David Hale manifestou-se impressionado pela qualidade e capacidade da Biotecnologia em Cuba, e dos seus cientistas, e pelos avanços alcançados na produção de vacinas para o controlo de diversas doenças.
No final da cerimónia, o presidente cubano dialogou fraternalmente com os cientistas de ambos os países e com os restantes convidados.