O cherne e a gaivota mistérios e fachadas
Os superiores interesses da nação; os superiores interesses do partido; os superiores interesses da população de Lisboa, Porto ou Fornos de Algodres; os superiores interesses de…, são a frase recorrente de gente, que faz da carreira política o seu contrato com a vida airada, cocó, ranheta e facada. Os objectivos são os mesmos só o estilo os distingue.
Dessa galeria que muito teria enriquecido e acrescentado aos personagens queirozianos e que nos continua a assombrar os dias e continua, impunemente, a provocar os maiores desmandos, nunca descurando o proveito próprio, duas personagens chegaram-se à boca de cena.
Um, o cherne, alma costureira que em todas as oportunidades foi mostrando serviço, percebeu a enorme oportunidade que teve quando serviu aos patrões chá e scones nos Açores, apesar de ter sido exilado de todas as fotografias depois de ter emprestado a casa. Tinha adquirido a visibilidade suficiente para dele se lembrarem para serviço similares algures no universo. Até que, quando percebe que esse seu mérito pode ser reconhecido, mergulha no mundo do silêncio interno para emergir a cabecinha nos mares da União Europeia implorando que lhe lancem o anzol e o isco: forget Durão my name is José, José Manuel Barroso, it’s easy. I am the new steward. Mr. Chirac, Blair, Schoereder, Berlusconi and so one give me a chance. E lá vai ele de malas aviadas que a europa paga bem esses trabalhos.
O outro, o Capelo Gaivota, emocionalmente mais instável e sôfrego, preside aos destinos de Lisboa sonhando com outros voos. Quando banca ao sério, artilha o seu ar de actor mexicano de telenovelas fatelas e compõe a solenidade de malandro do bairro que vai pedir a mão da filha do dono da mais próspera mercearia lá da rua. Afina a voz duas oitavas a baixo para conferir gravidade e credibilidade às enroladas banalidades que debita, não se esquecendo de exumar pontualmente o pensamento do dr. Sá Carneiro, bengala mental supletiva sempre à mão de semear e que foi afinando pelo princípio dos vasos comunicantes ao longo dos anos em que passou as mãos pelos lençóis do doutor para verificar que a noite lhe ia ser leve. Trabalho em que se treinou afincadamente para a politiquice, única actividade onde poderia ter sucesso.
A cidade negócio
O frenesi provocado ultimamente por estes dois personagens, mais as urgências em confirmar o que um dia o Lopes leu nas estrelas, atira para segundo plano os caminhos erráticos da gestão de Lisboa conduzida pelo Lopes e sua equipa de vereadores e assessores. A cidade tornou-se um negócio. Num grande negócio por cima de todas as regras de planeamento. Por baixo também se devem passar coisas porque mesmo que não haja lucros imediatos, as sementes um dia darão frutos. Um dos exemplos é o da trapalhada Mayer onde mesmo sem se perceber como acabará, e sabe-se lá quando e como será, alguém ficou com o direito de implantar um Casino em Lisboa enquanto as trocas e baldrocas de terrenos foram mexendo com os seus valores metro quadrado. O final desta novela é um mistério.
Mas se esse é o mais falado outras coisas misteriosas acontecem em Lisboa e são bem vísiveis para quem anda pela cidade. Por exemplo, na confluência da Av. Estados Unidos da América com a Av. Gago Coutinho surge um bloco de edifícios de habitação que rompe com a lógica de toda a malha urbana, o que é muito discutível. Durante muito tempo esteve embargado. De repente a obra recomeça no ponto em que tinha parado e acaba. Porque é que terá sido embargada e porque terá sido desembargada? Mistério.
Mas os mistérios não param. Esta Câmara tem a prática de embrulhar edifícios, sem o talento de Christo, trombeteando o que faz e o que não faz e outros fazem (quanto custa tanto embrulho?). Num edifício de gaveto no Largo de Santos com a av. 24 de Julho apareceu um desses embrulhos anunciando Obras Coercivas. Tudo bem até que o embrulho foi retirado e surgiu o edifício com a particularidade de os andares superiores estarem em obra e já postos à venda e os andares inferiores continuarem degradados. Que raio de obras coercivas são estas que só se aplicam a metade do edificado? Mais um mistério.
Mas se muitos desses embrulhos encerram mistérios outros revelam a tendência suprema para obras de fachada. Um dos mais originais e maiores embrulhos é o do edifício da Alfandega, na Av. Infante Dom Henrique, em que se anuncia que se vão gastar 2,5 milhões de euros a pintar fachadas em Alfama, sem custos para os moradores. Mas porque é que teriam que haver custos para os moradores? É uma política de gestão da cidade inovadora e ao nível do Lopes. Uma gestão urbana tipo Lili Caneças, lifting e maquilhagem por fora, por dentro tudo continua a ser corroído pelos anos.
Estes embrulhos das fachadas encerram mistérios ou revelam evidências. É tudo tão bem embrulhado que, não pela qualidade estética mas pela quantidade, devem fazer inveja ao Christo.
Quanto aos mistérios um dia serão desvendados se todos os lisboetas assim o quiserem.
Dessa galeria que muito teria enriquecido e acrescentado aos personagens queirozianos e que nos continua a assombrar os dias e continua, impunemente, a provocar os maiores desmandos, nunca descurando o proveito próprio, duas personagens chegaram-se à boca de cena.
Um, o cherne, alma costureira que em todas as oportunidades foi mostrando serviço, percebeu a enorme oportunidade que teve quando serviu aos patrões chá e scones nos Açores, apesar de ter sido exilado de todas as fotografias depois de ter emprestado a casa. Tinha adquirido a visibilidade suficiente para dele se lembrarem para serviço similares algures no universo. Até que, quando percebe que esse seu mérito pode ser reconhecido, mergulha no mundo do silêncio interno para emergir a cabecinha nos mares da União Europeia implorando que lhe lancem o anzol e o isco: forget Durão my name is José, José Manuel Barroso, it’s easy. I am the new steward. Mr. Chirac, Blair, Schoereder, Berlusconi and so one give me a chance. E lá vai ele de malas aviadas que a europa paga bem esses trabalhos.
O outro, o Capelo Gaivota, emocionalmente mais instável e sôfrego, preside aos destinos de Lisboa sonhando com outros voos. Quando banca ao sério, artilha o seu ar de actor mexicano de telenovelas fatelas e compõe a solenidade de malandro do bairro que vai pedir a mão da filha do dono da mais próspera mercearia lá da rua. Afina a voz duas oitavas a baixo para conferir gravidade e credibilidade às enroladas banalidades que debita, não se esquecendo de exumar pontualmente o pensamento do dr. Sá Carneiro, bengala mental supletiva sempre à mão de semear e que foi afinando pelo princípio dos vasos comunicantes ao longo dos anos em que passou as mãos pelos lençóis do doutor para verificar que a noite lhe ia ser leve. Trabalho em que se treinou afincadamente para a politiquice, única actividade onde poderia ter sucesso.
A cidade negócio
O frenesi provocado ultimamente por estes dois personagens, mais as urgências em confirmar o que um dia o Lopes leu nas estrelas, atira para segundo plano os caminhos erráticos da gestão de Lisboa conduzida pelo Lopes e sua equipa de vereadores e assessores. A cidade tornou-se um negócio. Num grande negócio por cima de todas as regras de planeamento. Por baixo também se devem passar coisas porque mesmo que não haja lucros imediatos, as sementes um dia darão frutos. Um dos exemplos é o da trapalhada Mayer onde mesmo sem se perceber como acabará, e sabe-se lá quando e como será, alguém ficou com o direito de implantar um Casino em Lisboa enquanto as trocas e baldrocas de terrenos foram mexendo com os seus valores metro quadrado. O final desta novela é um mistério.
Mas se esse é o mais falado outras coisas misteriosas acontecem em Lisboa e são bem vísiveis para quem anda pela cidade. Por exemplo, na confluência da Av. Estados Unidos da América com a Av. Gago Coutinho surge um bloco de edifícios de habitação que rompe com a lógica de toda a malha urbana, o que é muito discutível. Durante muito tempo esteve embargado. De repente a obra recomeça no ponto em que tinha parado e acaba. Porque é que terá sido embargada e porque terá sido desembargada? Mistério.
Mas os mistérios não param. Esta Câmara tem a prática de embrulhar edifícios, sem o talento de Christo, trombeteando o que faz e o que não faz e outros fazem (quanto custa tanto embrulho?). Num edifício de gaveto no Largo de Santos com a av. 24 de Julho apareceu um desses embrulhos anunciando Obras Coercivas. Tudo bem até que o embrulho foi retirado e surgiu o edifício com a particularidade de os andares superiores estarem em obra e já postos à venda e os andares inferiores continuarem degradados. Que raio de obras coercivas são estas que só se aplicam a metade do edificado? Mais um mistério.
Mas se muitos desses embrulhos encerram mistérios outros revelam a tendência suprema para obras de fachada. Um dos mais originais e maiores embrulhos é o do edifício da Alfandega, na Av. Infante Dom Henrique, em que se anuncia que se vão gastar 2,5 milhões de euros a pintar fachadas em Alfama, sem custos para os moradores. Mas porque é que teriam que haver custos para os moradores? É uma política de gestão da cidade inovadora e ao nível do Lopes. Uma gestão urbana tipo Lili Caneças, lifting e maquilhagem por fora, por dentro tudo continua a ser corroído pelos anos.
Estes embrulhos das fachadas encerram mistérios ou revelam evidências. É tudo tão bem embrulhado que, não pela qualidade estética mas pela quantidade, devem fazer inveja ao Christo.
Quanto aos mistérios um dia serão desvendados se todos os lisboetas assim o quiserem.