
- Nº 1591 (2004/05/27)
Congresso do MDM
A Memória, a Obra e o Pensamento de Maria Lamas
Nacional
«O reconhecimento da experiência das mulheres trabalhadoras, desempregadas, operárias, camponesas, professoras, intelectuais, domésticas ou empregadas do comércio, tendo em conta os seus saberes, competências e qualidades femininas e os seus contributos nas complexas questões das políticas sectorial, local e global» é um dos desígnios que sob forma de declaração, na voz da dirigente nacional do Movimento, Maria José Ribeiro, o Congresso do MDM sobre «A Memória, a Obra e o Pensamento de Maria Lamas» aprovou no passado sábado, no Porto.
A iniciativa teve lugar na Biblioteca Municipal Almeida Garrett, e juntou mais de duzentas pessoas, oriundas praticamente de todo o país, de Bragança ao Algarve, unidas ainda na «exigência de que o Estado de Direito assegure o direito das mulheres a serem sujeitos e não objectos».
À comunicação social, em especial à televisão, foi lançado o «repto para se associe à feminização da memória» (um conceito assumido no encontro), «nomeadamente dando visibilidade ao riquíssimo espólio existente (comunicações, entrevistas, reportagens e estudos) sobre a vida e a obra de mulheres portuguesas que se notabilizaram e notabilizam pela sua luta pelos direitos das mulheres e pela sua intervenção cívica, política, social, cultural e económica».
Realizada de parceria com a Universidade Popular do Porto, Sindicato dos Jornalistas, Sindicato dos Professores do Norte, SINAPSA, Editorial Caminho e Escola EB 2,3 Maria Lamas, do Porto, e com os apoios da CIDM, da Câmara Municipal do Porto e do Governo Civil do Porto, a iniciativa integrou ainda uma ampla exposição que se mantém no local até dia 5 de Junho.
As temáticas abordadas, para além de muitos contributos escritos, foram tão diversificadas como as de Dulce Rebelo («Feminismos e Movimentos de mulheres no Tempo de Maria Lamas»), Eugénia Vasques («Maria Lamas, uma romancista por cumprir»), José António Gomes («Maria Lamas e a Literatura para a Infância»), Sofia Branco («Maria Lamas. Uma repórter do mundo»), Alda Gonzaga («As Mulheres do Meu país, Ontem e Hoje»), Margarida Tengarrinha («Maria Lamas nos Congressos Mundiais de Mulheres de 1953 e 1963»), Ana Paula Ferreira, que sendo professora de Estudos Portugueses e Women’studies na Universidade da Califórnia, Irvine, não quis deixar de dizer que lhe seria impossível declinar o «tão honroso convite» que fora endereçado, vindo de propósito a Portugal para o efeito («Maria Lamas e o Mito do Amor Romântico»), e Regina Marques («Feminismos para o século XXI. Correntes e teorias sociais e feminismos na era da globalização. Feminismo e Transformação Social»).
Ilda Figueiredo e Fernanda Mateus foram das dirigentes nacionais do PCP que usaram da palavra.