Despedimentos na multinacional Finex

Impunidade soma e segue

O recente anúncio de despedimentos na Finex Confecções é mais um exemplo da atitude permissiva do Governo e da impunidade de que beneficiam os grupos multinacionais. Agindo a seu belo prazer, não cumprem as obrigações contratuais celebradas com o Estado português e não se coíbem de desrespeitar a legislação nacional.
O que não parece incomodar o Executivo PSD-CDS/PP, que, inexplicavelmente, continua a comportar-se como se nada fosse com ele. A evidenciar isso mesmo, segundo o deputado comunista Honório Novo, que denunciou a situação em requerimento, está a recusa do Governo e da sua maioria parlamentar em acederem à solicitação da bancada comunista para que o Ministro da Economia prestasse esclarecimentos e informações sobre esta realidade na Comissão de Economia e Finanças.
Ora sucede que também no caso da Finex Confecções, a exemplo de tantas outras, tudo indica que não foram cumpridos nem os contratos estabelecidos com o Estado nem respeitada a legislação vigente. Isto depois de ter recebido apoios financeiros nacionais e comunitários.
A Finex Confecções, que integra o grupo económico finlandês «LUTHA», decidiu pura e simplesmente encerrar as suas unidades no nosso País e partir para outras paragens.
No desemprego, caso se concretize a intenção anunciada, ficam cerca de 360 trabalhadores. Quanto ao património da empresa, designadamente os bens imóveis, o que se sabe é que está igualmente prevista a sua venda.
Esta é, pois, mais uma operação de deslocalização, como salienta Honório Novo, destinada a alargar os lucros da empresa em outros países onde os custos de produção são ainda mais baixos que em Portugal.

Despedimento na Gamic

Também na multinacional de origem alemã Gamic, a laborar no concelho da Trofa há cerca de 25 anos, os trabalhadores foram confrontados no passado dia 22 de Março com o anúncio pela administração de encerrar a produção até final do mês.
Trata-se de mais um acto de despedimento colectivo motivado por intenções de deslocalização empresarial que vem culminar um processo de redução do número de trabalhadores – chegaram a ser mais de 300 trabalhadores no ano de 2003 – sob a alegação de uma diminuição da carteira de encomendas.
Acompanhando com preocupação mais este caso, Honório Novo diligenciou já junto do Governo no sentido de saber o que foi ou está a ser feito pela Inspecção de Trabalho, bem como sobre o «tipo de legalidade» em que a administração da Gamic se baseia para agir como agiu.
Em requerimento ao Executivo, o deputado comunista pergunta ainda sobre se houve ou não apoios comunitários para o desenvolvimento da actividade daquela empresa no nosso País, inquirindo, por último, sobre o que pensam fazer os ministérios da Segurança Social e do Trabalho e da Economia para conter e impedir esta vaga selvagem de sesemprego.


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