- Nº 1577 (2004/02/19)
Acção de contactos em Montemor-o-Novo

Tudo feito!

PCP
Em Montemor-o-Novo, os contactos com os militantes estão feitos. Dos mais de 1200 militantes inscritos, apenas faltam contactar sete, que não vivem no concelho.

Em Montemor-o-Novo, o Partido está bem organizado. Num concelho com pouco mais de 18 mil habitantes, o PCP conta com mais de 1100 militantes. Destes, 901 pagaram a sua quota até ao fim de Janeiro de 2004.
Este é, sem dúvida, um dos «segredos» do sucesso que a acção nacional de contactos com os membros do Partido está a ter no concelho. Dos militantes inscritos, apenas faltam contactar sete, conta António Gervásio, responsável concelhio. As fichas em falta são relativas a camaradas que estão emigrados. «Temos que esperar que venham à terra para resolver a sua situação.»
No início da campanha, o Partido contava com 1250 fichas no seu ficheiro. Hoje, tem 1140. Os outros cento e dez, conta António Gervásio, são relativos a falecimentos, perdas de contacto e saídas. «Muito poucos colocaram divergências ideológicas como motivo para a saída», destaca o dirigente comunista. As desistências são sobretudo de militantes de muita idade e pouca saúde, que já não se sentem úteis. «Mas outros fazem exactamente o contrário», realça o membro do Comité Central. «Dizem que querem ficar no Partido até ao fim.»
António Gervásio participou activamente no contacto com os militantes do Partido e destaca a sua importância para se «conhecer melhor o estado de espírito de muitos camaradas». Na sua opinião, existe alguma desmotivação. A destruição da Reforma Agrária e a derrocada da União Soviética e do mundo socialista pesou muito sobre os comunistas alentejanos. Mas, para o responsável concelhio, é a ausência de produção – agrícola ou industrial – a maior barreira ao rejuvenescimento do Partido. «Não temos produção. A terra está de novo entregue aos grandes e a vinha está quase toda mecanizada», recorda Gervásio. Até os mármores estão em crise, com a invasão do Iraque.
A dureza da ofensiva do Governo também é responsável por alguma da falta de confiança existente entre alguns militantes, nomeadamente nas zonas rurais, deprimidas e envelhecidas. «Há gente que só vê saída no plano institucional, mas o que vêem é alternância e não alternativa», afirma António Gervásio. «Temos de lhes mostrar que a luta vai encontrar essa saída.»

Um Partido activo

Chegar-se a esta altura com todos os contactos feitos está longe de ser obra do acaso. Segundo o responsável pela organização concelhia, o ficheiro do Partido em Montemor-o-Novo sempre esteve organizado. De dois em dois meses, faz-se um balanço das transferências, entradas e saídas. Daí que «muitos dos dados que nos eram pedidos nas fichas já nós tínhamos, o que nos facilitou muito o trabalho. Foi só conversar com os militantes», destaca Gervásio. Para além de relativamente actualizado quanto à situação dos militantes, o ficheiro estava dividido pelas organizações locais.
Mas não é só o ficheiro a estar organizado e a funcionar bem. A organização do Partido é exemplar, envolvendo regularmente muitos militantes.
Para além dos organismos de direcção concelhia, locais e de freguesia, em Montemor funcionam ainda regularmente duas células: a da associação dos reformados – com cerca de 300 militantes e com um secretariado de 12 – e a dos trabalhadores da Câmara Municipal. A autarquia emprega 300 trabalhadores, dos quais 65 são comunistas e participam na célula do Partido. O secretariado tem oito membros.
A Comissão de Centro – responsável pela gestão do Centro de Trabalho, pelo património, pela contabilidade, pelo atendimento e pela propaganda – tem 25 camaradas. Destes, 8 fazem parte do secretariado e reúnem regularmente. Há ainda um grupo de cinco militantes, responsável pela venda do Avante! e pela distribuição de propaganda. «Eles vão pelas ruas, entram nos cafés e nas tabernas e distribuem tudo», destaca António Gervásio. Quanto ao Avante!, são vendidos cerca de 100. O que para um concelho com muita gente analfabeta não é de desprezar.

Planeamento e empenho

António Gervásio lembra que quando teve início a acção de contactos, não foi fácil convencer as organizações do Partido a empenhar-se nela. «Uma parte do Partido não a agarrou e viu-a como uma tarefa muito complicada, porque o questionário tinha muitas perguntas», recorda. Mas havia outra razão, que era a necessidade de contactar com os militantes, coisa de que «muita gente foge».
«Nós agarrámos a tarefa, mas foi preciso discuti-la muito», realça o dirigente do PCP. Foi criado um colectivo – constituído fundamentalmente por membros do secretariado da Comissão Concelhia.
Num concelho com uma alta taxa de analfabetismo, a tarefa de preencher as fichas não se afigurava simples. Mas a razoável organização e actualização que o ficheiro concelhio apresentava foi decisiva para levar a cabo os contactos. «Os dados que conhecíamos preenchíamos e deixávamos os dados mais pessoais para o contacto com os camaradas», relata Gervásio.
Depois, aproveitando os diversos plenários e reuniões realizadas nas organizações ao longo do ano passado, as fichas começaram a ser preenchidas. Nestas reuniões, «demos logo um salto de algumas centenas de fichas». Depois, os contactos «casa a casa» fizeram o resto. Sempre acompanhados de um militante da respectiva zona, os membros do secretariado percorreram os bairros, as ruas e as localidades do concelho e contactaram todos os camaradas. «Começámos do simples para o complexo», conta o membro do Comité Central. Foi no período do Verão que a acção mais avançou. Em Setembro, já estavam feitos cerca de 80 por cento dos contactos.
Agora, a organização concelhia de Montemor prepara-se para passar para a segunda fase da acção de contactos, o estudo detalhado das fichas. «Vamos saber onde trabalham e vivem os militantes, quem paga ou não a quota», destaca. «Esta é uma tarefa muito importante para o nosso Partido», conclui António Gervásio.


António Gervásio lembra que quando teve início a acção de contactos, não foi fácil convencer as organizações do Partido a empenhar-se nela. «Uma parte do Partido não a agarrou e viu-a como uma tarefa muito complicada, porque o questionário tinha muitas perguntas», recorda. Mas havia outra razão, que era a necessidade de contactar com os militantes, coisa de que «muita gente foge».
«Nós agarrámos a tarefa, mas foi preciso discuti-la muito», realça o dirigente do PCP. Foi criado um colectivo – constituído fundamentalmente por membros do secretariado da Comissão Concelhia.
Num concelho com uma alta taxa de analfabetismo, a tarefa de preencher as fichas não se afigurava simples. Mas a razoável organização e actualização que o ficheiro concelhio apresentava foi decisiva para levar a cabo os contactos. «Os dados que conhecíamos preenchíamos e deixávamos os dados mais pessoais para o contacto com os camaradas», relata Gervásio.
Depois, aproveitando os diversos plenários e reuniões realizadas nas organizações ao longo do ano passado, as fichas começaram a ser preenchidas. Nestas reuniões, «demos logo um salto de algumas centenas de fichas». Depois, os contactos «casa a casa» fizeram o resto. Sempre acompanhados de um militante da respectiva zona, os membros do secretariado percorreram os bairros, as ruas e as localidades do concelho e contactaram todos os camaradas. «Começámos do simples para o complexo», conta o membro do Comité Central. Foi no período do Verão que a acção mais avançou. Em Setembro, já estavam feitos cerca de 80 por cento dos contactos.
Agora, a organização concelhia de Montemor prepara-se para passar para a segunda fase da acção de contactos, o estudo detalhado das fichas. «Vamos saber onde trabalham e vivem os militantes, quem paga ou não a quota», destaca. «Esta é uma tarefa muito importante para o nosso Partido», conclui António Gervásio.