Defender a Sorefame
Várias personalidades juntaram-se num Manifesto onde exigem medidas que viabilizem a empresa da Amadora e que garantam os postos de trabalho.
Os trabalhadores estão a viver horas dramáticas
A enorme importância desta unidade produtiva para o tecido económico e social do Concelho da Amadora, levou um conjunto de personalidades a lançarem um Manifesto em defesa da Bombardier/Sorefame.
São mais de cem os promotores, entre eles um vasto leque de investigadores do Instituto Superior Técnico, numa demonstração clara do prestígio granjeado pelo sector de engenharia da empresa e da sua importância para o tecido produtivo nacional.
Além de várias personalidades do Concelho da Amadora, o manifesto conta também com a solidariedade de Carlos Carvalhas, Vasco Gonçalves, José Saramago, Manuel Gusmão, Carvalho da Silva, entre muitos outros.
Os promotores vão entregar o Manifesto ao Presidente da República, ao Presidente da Assembleia da República e ao Primeiro-Ministro, no corrente mês de Janeiro.
Os signatários recordam que, nos anos 80, a Sorefame empregava mais de 4100 trabalhadores e era detentora de uma base tecnológica e de engenharia própria das mais conceituadas no País e sublinham a entrada de capitais estrangeiros na empresa, na década de oitenta, com o fundamento de que o investimento iria criar novas oportunidades de negócio e o seu fortalecimento. Mas o que aconteceu realmente, foi o contrário.
O documento adianta que a laboração está garantida apenas até Abril, e que, caso a situação não se resolva, vai-se agravar ainda mais «o enfraquecimento do aparelho produtivo do Distrito de Lisboa que, em vinte anos, perdeu 50 mil postos de trabalho».
Assim, os signatários reclamam:
- Do Governo, medidas capazes de salvaguardar e defender o futuro da empresa, com a concretização atempada dos investimentos públicos no sector ferroviário de transporte.
- Da Administração, o desenvolvimento de uma procura de projectos no mercado internacional, estancando a redução da produção e o desvio de encomendas para divisões suas, no estrangeiro.
- Que sejam adoptadas opções económicas e políticas que promovam a produção nacional e a melhoria das condições de vida dos trabalhadores.
Os subscritores consideram necessário e possível uma política que aposte nos recursos e potencialidades de Portugal e dos portugueses.
Endurecer a luta
Reunidos em plenário, no passado dia 18, os trabalhadores aprovaram uma moção onde recordam os esforços, durante seis meses, das ORT’s junto dos órgãos de poder e a falta de resposta do Governo sobre as possíveis encomendas relacionadas com o Metro de Lisboa e do Porto e os comboios suburbanos de Lisboa, Porto e Algarve.
Fazem notar que a carteira de encomendas da empresa termina em Abril e
que, perante isso, os trabalhadores estão a viver horas dramáticas.
Recorda que, caso a Bombardier/Sorefame encerrasse, Portugal teria de importar todo o material circulante do exterior, lesando profundamente os interesses nacionais.
A moção acusa a administração de não ter pugnado em defesa da empresa, uma vez que criou uma nova empresa ligada ao sector, e onde os accionistas são a própria administração, motivo pelo qual os trabalhadores perderam a confiança na gestão.
Os trabalhadores exigem, por isso, que o Governo defina uma estratégia em relação ao sector ferroviário e que garanta as encomendas de 20 unidades do Metro de Lisboa e 17 unidades do Porto, e dez unidades de suburbanos do Porto CP/2000, de forma a salvaguardar o futuro da empresa e dos empregos em causa. De outra forma, todo este material terá de ser construído e concebido no estrangeiro.
Os trabalhadores exigem que a administração assuma as suas responsabilidades e, caso persista a situação e o Governo não defina uma estratégia para a ultrapassar, os trabalhadores comprometem-se a «endurecer a luta na defesa dos seus postos de trabalho».
À venda na internet
Da Concelhia do PCP da Amadora veio o aviso. Uma empresa de vendas através da Internet, a Belmont Machinery Company, tem à venda, no seu sítio, 17 máquinas da Sorefame/Bombardier.
À cabeça da página, os interessados são informados de que a venda provém de um «Plano de liquidação», e refere, em inglês, que «todas as máquinas têm muito pouco uso e estão em soberbas condições. Não perca esta fantástica oportunidade. Para mais informações, contacte o nosso representante de vendas». O negócio pode ser visto na página www.belmontmachinery.com/liquidations/liquidations.html
Apelo a Jorge Sampaio
Os trabalhadores procuraram, através de uma carta aberta endereçada ao Presidente da República, alertar Jorge Sampaio para a situação de futuro incerto que estão a viver.
Aproveitando o facto de o Presidente ter apelado a uma discussão e debate sobre os problemas fundamentais do País, os trabalhadores decidiram solicitar a Sampaio «uma reflexão sobre o presente e o futuro daquela unidade e sobre a indústria metalomecânica em Portugal».
A carta recorda a importância da Bombardier na valorização, criação e manutenção de estruturas e equipamentos para os sectores portuário, ferroviário, rodoviário ou mineiro, na construção naval e na indústria de barragens.
Jorge Sampaio é alertado para o facto de esta empresa empregar cerca de mil trabalhadores, directa ou indirectamente, ter largo prestígio a nível mundial, e ser única no País com capacidade de conceber, planear, produzir e instalar equipamentos de transporte ferroviário – locomotivas e carruagens – e de deter «um notável sector de engenharia».
Afirmam ainda os trabalhadores que a empresa participou na construção do material mecânico de praticamente todas as barragens portuguesas até ao Alqueva, «altura em que a Hidro-Sorefame já estava amputada das suas capacidades», e em muitas outras pelo mundo fora.
Caso não se confirmem encomendas até Abril, a carta faz notar que a gravidade das consequências recairiam, não apenas sobre os trabalhadores como sobre o Concelho da Amadora.
A carta recorda, no fim, uma frase proferida por Sampaio em 28 de Novembro último, no Público, onde considerava que «uma economia competitiva não é a que se baseia em baixos salários, mas a que dispõe de um sistema produtivo moderno, inovador e tecnologicamente avançado, capaz de produzir bens e serviços de qualidade e bem valorizados nos mercados nacionais».
As ORT’s da Bombardier/Sorefame, apelam, por isso, ao Presidente da República, para que «tenha uma acção interventora junto do Governo» e que se tomem, atempadamente, «as decisões políticas necessárias».
São mais de cem os promotores, entre eles um vasto leque de investigadores do Instituto Superior Técnico, numa demonstração clara do prestígio granjeado pelo sector de engenharia da empresa e da sua importância para o tecido produtivo nacional.
Além de várias personalidades do Concelho da Amadora, o manifesto conta também com a solidariedade de Carlos Carvalhas, Vasco Gonçalves, José Saramago, Manuel Gusmão, Carvalho da Silva, entre muitos outros.
Os promotores vão entregar o Manifesto ao Presidente da República, ao Presidente da Assembleia da República e ao Primeiro-Ministro, no corrente mês de Janeiro.
Os signatários recordam que, nos anos 80, a Sorefame empregava mais de 4100 trabalhadores e era detentora de uma base tecnológica e de engenharia própria das mais conceituadas no País e sublinham a entrada de capitais estrangeiros na empresa, na década de oitenta, com o fundamento de que o investimento iria criar novas oportunidades de negócio e o seu fortalecimento. Mas o que aconteceu realmente, foi o contrário.
O documento adianta que a laboração está garantida apenas até Abril, e que, caso a situação não se resolva, vai-se agravar ainda mais «o enfraquecimento do aparelho produtivo do Distrito de Lisboa que, em vinte anos, perdeu 50 mil postos de trabalho».
Assim, os signatários reclamam:
- Do Governo, medidas capazes de salvaguardar e defender o futuro da empresa, com a concretização atempada dos investimentos públicos no sector ferroviário de transporte.
- Da Administração, o desenvolvimento de uma procura de projectos no mercado internacional, estancando a redução da produção e o desvio de encomendas para divisões suas, no estrangeiro.
- Que sejam adoptadas opções económicas e políticas que promovam a produção nacional e a melhoria das condições de vida dos trabalhadores.
Os subscritores consideram necessário e possível uma política que aposte nos recursos e potencialidades de Portugal e dos portugueses.
Endurecer a luta
Reunidos em plenário, no passado dia 18, os trabalhadores aprovaram uma moção onde recordam os esforços, durante seis meses, das ORT’s junto dos órgãos de poder e a falta de resposta do Governo sobre as possíveis encomendas relacionadas com o Metro de Lisboa e do Porto e os comboios suburbanos de Lisboa, Porto e Algarve.
Fazem notar que a carteira de encomendas da empresa termina em Abril e
que, perante isso, os trabalhadores estão a viver horas dramáticas.
Recorda que, caso a Bombardier/Sorefame encerrasse, Portugal teria de importar todo o material circulante do exterior, lesando profundamente os interesses nacionais.
A moção acusa a administração de não ter pugnado em defesa da empresa, uma vez que criou uma nova empresa ligada ao sector, e onde os accionistas são a própria administração, motivo pelo qual os trabalhadores perderam a confiança na gestão.
Os trabalhadores exigem, por isso, que o Governo defina uma estratégia em relação ao sector ferroviário e que garanta as encomendas de 20 unidades do Metro de Lisboa e 17 unidades do Porto, e dez unidades de suburbanos do Porto CP/2000, de forma a salvaguardar o futuro da empresa e dos empregos em causa. De outra forma, todo este material terá de ser construído e concebido no estrangeiro.
Os trabalhadores exigem que a administração assuma as suas responsabilidades e, caso persista a situação e o Governo não defina uma estratégia para a ultrapassar, os trabalhadores comprometem-se a «endurecer a luta na defesa dos seus postos de trabalho».
À venda na internet
Da Concelhia do PCP da Amadora veio o aviso. Uma empresa de vendas através da Internet, a Belmont Machinery Company, tem à venda, no seu sítio, 17 máquinas da Sorefame/Bombardier.
À cabeça da página, os interessados são informados de que a venda provém de um «Plano de liquidação», e refere, em inglês, que «todas as máquinas têm muito pouco uso e estão em soberbas condições. Não perca esta fantástica oportunidade. Para mais informações, contacte o nosso representante de vendas». O negócio pode ser visto na página www.belmontmachinery.com/liquidations/liquidations.html
Apelo a Jorge Sampaio
Os trabalhadores procuraram, através de uma carta aberta endereçada ao Presidente da República, alertar Jorge Sampaio para a situação de futuro incerto que estão a viver.
Aproveitando o facto de o Presidente ter apelado a uma discussão e debate sobre os problemas fundamentais do País, os trabalhadores decidiram solicitar a Sampaio «uma reflexão sobre o presente e o futuro daquela unidade e sobre a indústria metalomecânica em Portugal».
A carta recorda a importância da Bombardier na valorização, criação e manutenção de estruturas e equipamentos para os sectores portuário, ferroviário, rodoviário ou mineiro, na construção naval e na indústria de barragens.
Jorge Sampaio é alertado para o facto de esta empresa empregar cerca de mil trabalhadores, directa ou indirectamente, ter largo prestígio a nível mundial, e ser única no País com capacidade de conceber, planear, produzir e instalar equipamentos de transporte ferroviário – locomotivas e carruagens – e de deter «um notável sector de engenharia».
Afirmam ainda os trabalhadores que a empresa participou na construção do material mecânico de praticamente todas as barragens portuguesas até ao Alqueva, «altura em que a Hidro-Sorefame já estava amputada das suas capacidades», e em muitas outras pelo mundo fora.
Caso não se confirmem encomendas até Abril, a carta faz notar que a gravidade das consequências recairiam, não apenas sobre os trabalhadores como sobre o Concelho da Amadora.
A carta recorda, no fim, uma frase proferida por Sampaio em 28 de Novembro último, no Público, onde considerava que «uma economia competitiva não é a que se baseia em baixos salários, mas a que dispõe de um sistema produtivo moderno, inovador e tecnologicamente avançado, capaz de produzir bens e serviços de qualidade e bem valorizados nos mercados nacionais».
As ORT’s da Bombardier/Sorefame, apelam, por isso, ao Presidente da República, para que «tenha uma acção interventora junto do Governo» e que se tomem, atempadamente, «as decisões políticas necessárias».