A luta de um povo!
O cenário geral do conflito israelo-árabe começaria a modificar-se após a morte de Leonid Brezhnev e, pouco depois, a de Yuri Andropov, o homem de quem se esperava a modernização do sistema soviético sem concessões ideológicas e sem favores ao imperialismo. Mikhail Gorbachev não perderia tempo em distanciar-se da luta dos comunistas afegãos e, bem assim, daquela que os povos árabes travavam contra o inimigo israelita.
Surgiu Henry Kissinger (quem, melhor do que ele ?) a negociar um entendimento entre o Egipto e os sionistas. Estes concordaram na devolução de territórios anexados em 1967 (a cidade de Kuneitra e os montes Golan) e procedeu-se à reabertura do Canal de Suez. Em Setembro de 1975, as duas mais poderosas potências da região concluíam um acordo geral que levou à retirada israelita de todo o deserto do Sinai e de alguns aldeamentos estabelecidos na Faixa de Gaza. Mas todos recordamos a infame comparência de Anwar Sadat no parlamento israelita (Knesset) a pronunciar-se pela paz e, na verdade, a prostrar-se aos pés do inimigo enquanto a nação árabe chorava lágrimas de angústia e de humilhação. Sadat agia como vassalo dos americanos. Aos povos árabes, porém, começava a faltar o forte braço que tanto os protegera política, militar e diplomaticamente - o da URSS. E tanto Sadat como Begin (o primeiro-ministro terrorista de Israel), prometeram aos palestinianos uma certa forma de autonomia. Mas essa promessa não era sincera.
1982 - O sanguinário Ariel Sharon entra em acção
O actual primeiro-ministro israelita era, então, ministro da Defesa. Foi-lhe extremamente agradável ouvir o Chefe do Estado-Maior, Rafael Eitan, declarar: «Temos de pôr fim à OLP!». Esta, com posições no sul do Líbano, constituía, segundo Sharon, um perigo para a segurança de Israel. O Líbano, como Estado, conhecera o colapso. A 6 de Junho, os sionistas declararam a intenção de empurrarem os palestinianos para além de 40 quilómetros da fronteira. Mas Sharon ordenou ao exército de tanques que avançasse até cercar Beirute. A aviação destruiu 100 aparelhos de combate sírios e destruiu o sistema de defesa anti-aérea construído pelos soviéticos para protecção do Líbano.
Sharon queria dominar este país para nele instalar grupos fascistas controlados por Israel. Diria, então, que o país reaparecia, mas integrado no chamado «mundo livre». E a OLP que fosse para o inferno. O cerco e o bombardeamento de Beirute, contudo, duraram dois meses. A resistência palestiniana, além de heróica, mostrou-se extremamente feroz. Quando Arafat e os seus efectivos abandonaram Beirute e partiram para Tunis, o carismático leader patriótico podia gritar: «Vamos para Jerusalem!». Mas os tanques israelitas, no dia seguinte, entravam pela primeira vez na capital de um país árabe - Beirute. O mundo, então, teve conhecimento do massacre dos campos de refugiados de Sabra e Shatila onde os sionistas de Begin e Sharon, à boa maneira das SS, tiraram a vida a 3500 pessoas. A retirada israelita do Líbano só começaria em Janeiro de 1985.
A primeira Intifada (1987)
O mundo nunca tinha assistido àquele raro espectáculo de crianças e jovens defendendo-se dos tanques israelitas à pedrada. Mas outros, afastando-se, procuravam os informadores cujos relatórios atraíam os tanques. A verdade é que alguns incidentes começavam a dar lugar a uma revolução em toda a Faixa de Gaza e na margem ocidental do Jordão. O exército israelita cobriu-se de vergonha, uma vez mais.
De lama cobriam-se, também, os governos ocidentais que tornavam possível (e tornam!) o abate de crianças que amam a sua Pátria, por soldados armados com equipamento moderno. Em Novembro de 1988, a OLP proclamava o Estado da Palestina, ainda que no interior de fronteiras mal definidas. Arafat procurava a iniciativa política e diplomática. Reconhecendo o direito do Estado de Israel a existir, abandonava, também, o recurso a acções ditas terroristas.
Guerra do Golfo (1990) - O drama de Arafat
Qualquer patriota árabe rejubilou quando as tropas iraquianas entraram no Kuwait. Este emirato, cavado nas areias e nos mapas pelo imperialismo britânico, não tinha o direito de existir. Não se estranhou que também Yasser Arafat se houvesse colocado ao lado de Saddam. A alma árabe reacordava para um belo sonho. Mas o imperialismo tinha os seus interesses ligados ao Kuwait e aos outros Estados da zona do Golfo. Logo que a iniciativa iraquiana se realizou, os campos dividiram-se. Os Estados árabes mais dependentes da ajuda dos países ocidentais viram, então, como lhes teria sido precioso o auxílio soviético que, agora, já não existia.
Arafat viu-se privado de fundos essenciais que as monarquias reaccionárias do Golfo lhe dispensavam enquanto o Kuwait, recuperado o trono do Emir, expulsava do seu território centenas de milhar de palestinianos. Como já vimos, fora do Kuwait que Arafat partira com a sua ‘Fatah’ para uma luta de toda a vida. Mas, agora ...
A paz de 1993 e a morte de Yitzhak Rabin
O triunfo na Guerra do Golfo permitiu aos imperialistas uma certa medida de generosidade. Não para com o Iraque, mas para com... Israel, que sofrera ataques com mísseis ‘Scud’. Para defender o Estado judaico, aceitou-se negociar com Arafat. Assim, em Setembro de 1993, assinavam-se em Washington novos acordos que tornariam possível a retirada israelita de todos os territórios ocupados e a criação oficial de um Estado independente palestiniano que Israel reconheceria. Israel começava por abandonar Jericó e grande parte da Faixa de Gaza e retiraria das cidades de Jenin, Tulkarm, Kalkilya, Nablus, Belém e Ramallah.
Mas as organizações reaccionárias sionistas não aceitariam estas medidas que, segundo disseram, representavam a desistência de terras santas a favor dos palestinianos e a morte de judeus como inevitável consequência. Ao mandarem o estudante Yigal Amir assassinar Rabin (04.11.1995), cortaram o processo de paz pela raiz e fizeram ressurgir o clima de desconfiança e de guerra.
Em Julho de 2000, o governo de Ehud Barak aceitaria a presença palestiniana em certas zonas de Jerusalém. Mas Arafat afirmou que os israelitas já ocupavam 78% da Palestina histórica. Não lhe era possível entrar em negociações quanto aos restantes 22%. Assim, a 28 de Setembro de 2000, o novo primeiro-ministro do Likud, Ariel Sharon, organizava uma procissão de fanáticos a Haram al-Sharif para prometer a todos os judeus que Jerusalém nunca seria restituída aos palestinianos. Estes, por seu lado, comprometeram-se a que a mesquita de al-Aqsa jamais seria conspurcada por judeus. Foi assim que a Segunda Intifada, actualmente em curso mas com baixas horríveis de ambos os lados, começou.
1982 - O sanguinário Ariel Sharon entra em acção
O actual primeiro-ministro israelita era, então, ministro da Defesa. Foi-lhe extremamente agradável ouvir o Chefe do Estado-Maior, Rafael Eitan, declarar: «Temos de pôr fim à OLP!». Esta, com posições no sul do Líbano, constituía, segundo Sharon, um perigo para a segurança de Israel. O Líbano, como Estado, conhecera o colapso. A 6 de Junho, os sionistas declararam a intenção de empurrarem os palestinianos para além de 40 quilómetros da fronteira. Mas Sharon ordenou ao exército de tanques que avançasse até cercar Beirute. A aviação destruiu 100 aparelhos de combate sírios e destruiu o sistema de defesa anti-aérea construído pelos soviéticos para protecção do Líbano.
Sharon queria dominar este país para nele instalar grupos fascistas controlados por Israel. Diria, então, que o país reaparecia, mas integrado no chamado «mundo livre». E a OLP que fosse para o inferno. O cerco e o bombardeamento de Beirute, contudo, duraram dois meses. A resistência palestiniana, além de heróica, mostrou-se extremamente feroz. Quando Arafat e os seus efectivos abandonaram Beirute e partiram para Tunis, o carismático leader patriótico podia gritar: «Vamos para Jerusalem!». Mas os tanques israelitas, no dia seguinte, entravam pela primeira vez na capital de um país árabe - Beirute. O mundo, então, teve conhecimento do massacre dos campos de refugiados de Sabra e Shatila onde os sionistas de Begin e Sharon, à boa maneira das SS, tiraram a vida a 3500 pessoas. A retirada israelita do Líbano só começaria em Janeiro de 1985.
A primeira Intifada (1987)
O mundo nunca tinha assistido àquele raro espectáculo de crianças e jovens defendendo-se dos tanques israelitas à pedrada. Mas outros, afastando-se, procuravam os informadores cujos relatórios atraíam os tanques. A verdade é que alguns incidentes começavam a dar lugar a uma revolução em toda a Faixa de Gaza e na margem ocidental do Jordão. O exército israelita cobriu-se de vergonha, uma vez mais.
De lama cobriam-se, também, os governos ocidentais que tornavam possível (e tornam!) o abate de crianças que amam a sua Pátria, por soldados armados com equipamento moderno. Em Novembro de 1988, a OLP proclamava o Estado da Palestina, ainda que no interior de fronteiras mal definidas. Arafat procurava a iniciativa política e diplomática. Reconhecendo o direito do Estado de Israel a existir, abandonava, também, o recurso a acções ditas terroristas.
Guerra do Golfo (1990) - O drama de Arafat
Qualquer patriota árabe rejubilou quando as tropas iraquianas entraram no Kuwait. Este emirato, cavado nas areias e nos mapas pelo imperialismo britânico, não tinha o direito de existir. Não se estranhou que também Yasser Arafat se houvesse colocado ao lado de Saddam. A alma árabe reacordava para um belo sonho. Mas o imperialismo tinha os seus interesses ligados ao Kuwait e aos outros Estados da zona do Golfo. Logo que a iniciativa iraquiana se realizou, os campos dividiram-se. Os Estados árabes mais dependentes da ajuda dos países ocidentais viram, então, como lhes teria sido precioso o auxílio soviético que, agora, já não existia.
Arafat viu-se privado de fundos essenciais que as monarquias reaccionárias do Golfo lhe dispensavam enquanto o Kuwait, recuperado o trono do Emir, expulsava do seu território centenas de milhar de palestinianos. Como já vimos, fora do Kuwait que Arafat partira com a sua ‘Fatah’ para uma luta de toda a vida. Mas, agora ...
A paz de 1993 e a morte de Yitzhak Rabin
O triunfo na Guerra do Golfo permitiu aos imperialistas uma certa medida de generosidade. Não para com o Iraque, mas para com... Israel, que sofrera ataques com mísseis ‘Scud’. Para defender o Estado judaico, aceitou-se negociar com Arafat. Assim, em Setembro de 1993, assinavam-se em Washington novos acordos que tornariam possível a retirada israelita de todos os territórios ocupados e a criação oficial de um Estado independente palestiniano que Israel reconheceria. Israel começava por abandonar Jericó e grande parte da Faixa de Gaza e retiraria das cidades de Jenin, Tulkarm, Kalkilya, Nablus, Belém e Ramallah.
Mas as organizações reaccionárias sionistas não aceitariam estas medidas que, segundo disseram, representavam a desistência de terras santas a favor dos palestinianos e a morte de judeus como inevitável consequência. Ao mandarem o estudante Yigal Amir assassinar Rabin (04.11.1995), cortaram o processo de paz pela raiz e fizeram ressurgir o clima de desconfiança e de guerra.
Em Julho de 2000, o governo de Ehud Barak aceitaria a presença palestiniana em certas zonas de Jerusalém. Mas Arafat afirmou que os israelitas já ocupavam 78% da Palestina histórica. Não lhe era possível entrar em negociações quanto aos restantes 22%. Assim, a 28 de Setembro de 2000, o novo primeiro-ministro do Likud, Ariel Sharon, organizava uma procissão de fanáticos a Haram al-Sharif para prometer a todos os judeus que Jerusalém nunca seria restituída aos palestinianos. Estes, por seu lado, comprometeram-se a que a mesquita de al-Aqsa jamais seria conspurcada por judeus. Foi assim que a Segunda Intifada, actualmente em curso mas com baixas horríveis de ambos os lados, começou.