- Nº 1554 (2003/09/11)

O golpe no Chile, 30 anos depois

Festa do Avante!

«Chile de Allende e mudanças de regime. 30 anos do golpe militar» foi o motivo para o debate de sábado à tarde que, infelizmente, não pôde contar com a presença previamente anunciada de Juan Carlos Concha, membro do Comité Central do Partido Comunista do Chile e Ministro da Saúde durante o governo da Unidade Popular -UP- de Salvador Allende.
Mas o debate não deixou de se realizar, com Manuela Bernardino, do Comité Central do PCP e da sua secção internacional, e Margarida Botelho, também do CC do PCP, membro da Direcção Nacional da JCP e da sua secção internacional.
Manuela Bernardino recordou como, na altura do golpe, o Avante! de então, ainda clandestino, condenou o golpe fascista de 11 de Setembro de 1973, e lembrou a solidariedade manifestada de várias formas pelo PCP.
Pela primeira vez na história contemporânea, «o candidato que se reclamava ideologicamente do marxismo chegava à presidência da república através de eleições democráticas», com um programa que pretendia elevar o nível de vida do seu povo.
Foi recordado como a burguesia chilena, com o patrocínio da CIA e dos EUA, iniciou as sabotagens económicas, assim que Allende avançou com a nacionalização das minas de cobre, das telecomunicações, com a reforma agrária, com um novo sistema educacional universal e gratuito, ou com o reconhecimento dos direitos dos povos indígenas e das liberdades democráticas.
Após as tentativas falhadas para derrubar o governo, o golpe de Pinochet levou à morte e ao desaparecimento de milhares de cidadãos.
Manuela Bernardino enalteceu a abnegada e corajosa resistência do PC do Chile e dos seus militantes.
Margarida Botelho salientou ainda o facto de a Unidade Popular ter alcançado o governo «mas não o poder», já que o poder económico manteve-se sempre nas mãos da burguesia, sendo este processo uma prova irrefutável de que, sem dominar o poder económico, é impossível que o processo revolucionário tenha consequência.
Recordou ainda a importância do processo chileno para a luta actual da juventude, e homenageou o poeta comunista Pablo Neruda e o cantor de intervenção Victor Jara.