- Nº 1554 (2003/09/11)
Espaço Internacional

Globalizar a luta, construir o socialismo

Festa do Avante!

Uma viagem em torno da luta dos povos de todo o mundo contra o capitalismo e a guerra, em apenas três dias, foi o que a organização da Festa do Avante! reservou, este ano, para os visitantes do Espaço Internacional. «Um outro mundo é possível com o socialismo», lia-se à entrada deste espaço de solidariedade. «Venezuela, contra o imperialismo resistir», «Paz sim! Guerra não!» «Chile vencerá» e «Destruímos o imperialismo e construímos o socialismo», eram outras das frases expostas nas paredes exteriores.
Lá dentro, os stands dos diferentes países, nomeadamente, de Angola, Alemanha, Bolívia, Brasil, Cabo Verde, Chile, China, Cuba, França, Espanha, Grã-Bretanha, Grécia, Itália, Moçambique, Palestina, Peru, Timor-Leste, Turquia e Vietname, lembravam - por entre mensagens políticas - que os povos estão contra as tentativas de dominação imperialista e em defesa da sua independência e soberania.

Expressões culturais

Espaço privilegiado de encontro político e cultural, o Palco da Solidariedade da Festa do Avante! acolheu todos os que, através da música, do debate e do testemunho, não quiseram deixar de afirmar que outro mundo só é possível através da luta dos trabalhadores e dos povos por uma sociedade mais justa, fraterna e à medida do homem, das suas necessidades e das suas capacidades, a sociedade socialista.
A par de expressões culturais diversas, provenientes dos quatro cantos do planeta, o espaço do Palco Internacional foi também, durante os três dias de Festa, local de debate de ideias em torno das questões mais candentes da actualidade política internacional (ver página 34 e 35).
Relembrou-se o Chile de Allende e o golpe militar que matou à nascença a jovem revolução popular. Manifestaram-se abraços solidários com Cuba e com o seu heróico povo de tenaz vontade revolucionária e, como não podia deixar de ser, passou-se pelo Iraque agredido, ocupado e saqueado pela barbárie capitalista, revelando os traços mais negros do imperialismo anglo-americano.
Junto ao Palco da Solidariedade, os visitantes do Espaço Internacional puderam ainda visitar uma exposição sobre a luta dos trabalhadores e dos povos contra o capitalismo e a guerra. «A ofensiva global do grande capital» e «Resistir e lutar: a resposta dos trabalhadores e dos povos», foram os temas propostos pelos mentores deste espaço.
«Os comunistas e a luta» foi outro dos temas abordados pela exposição internacional. «Fiel à sua história, à sua natureza de classe, aos seus ideais de transformação social, o PCP identifica-se com a luta dos trabalhadores, seja nos anos negros da ditadura fascista, no período de profundas e exaltantes transformações da Revolução de Abril, ou da dura fase de resistência ao processo de destruição das suas conquistas. Nos dias de hoje, os comunistas portugueses têm sido grandes dinamizadores da luta social dos trabalhadores no nosso país e continuam na linha da frente das grandes lutas pela paz e progresso em Portugal», dizia um dos placardes informativos, acompanhado de dezenas de fotografias que mostravam a força do PCP nas lutas sindicais nacionais e internacionais.
Durante os três dias, decorreu também, no Espaço Internacional e fora dele, uma campanha de recolha de contributos em apoio à luta do povo cubano contra a política agressiva e de bloqueio económico imposto pelos EUA.

Festa com música

A Festa do Avante! é feita de muitas músicas, abrangendo variadas expressões musicais, das mais populares às mais vanguardistas. Dezenas de artistas, profissionais e amadores, estiveram envolvidos nos espectáculos do Palco Internacional que os visitantes puderam, durante os três dias, apreciar.
A música galega abriu a programação de sexta-feira. Ao som das encantadoras gaitas de foles, os «Gaita Folia», grupo composto por mais de uma dezenas de músicos, jovens e menos jovens, animaram e fizeram dançar as largas dezenas de pessoas que assistiam ao espectáculo.
Uma hora depois, em ambiente de grande alegria, foi a vez da música ucraniana e russa subir ao palco, com a actuação de Bereg. O grupo brasileiro «Dejá Vu» terminou a programação de sexta-feira.
No sábado, ao início da tarde, os SchalmeienKapelle, banda tradicional de metais alemã, composta por 16 elementos, que toca música do movimento operário germânico e internacional, abriram o Palco Internacional. «Grândola Vila Morena», «Venceremos», a «Internacional», foram algumas das composições tocadas.
Após o debate «Chile de Allende e mudanças do regime. 30 anos do Golpe militar», foi a vez dos Dili Al Stars actuarem. Intimamente ligados à luta de libertação do povo de Timor-Leste, este grupo, composto por sete músicos, de craveira internacional, despertaram o interesse de toda a plateia. A música chilena e cubana findou a segunda noite da Festa do Avante!.
O último dia foi preenchido com a actuação dos Tíbia (gaita de foles de Bragança), por um espectáculo de Danças e Cantares Europeus e culminou com a participação do grupo Haja Saúde.

Miguel Inácio