
- Nº 1554 (2003/09/11)
Espaço da Juventude
Quem constrói a Festa, constrói muito mais
Festa do Avante!
Há sítio na Festa onde não haja jovens? Não, mas o Espaço da Juventude é-lhes especialmente dirigido, logo ali ao lado do Palco 25 de Abril. Este ano, a grande inovação foi uma sala de cinema improvisada onde foram exibidas trinta curtas metragens de realizadores portugueses. Mas havia mais, tanto que alguns jovens passaram ali grande parte dos dois dias e meio da Festa… A música ficou a cargo das quinze bandas que actuaram no Palco Novos Valores, as vencedoras da final que se realizou na Festa da Alegria, em Braga.
Os problemas dos jovens foram abordados tanto nos debates, como na exposição política. Espalhada por 120 metros quadrados, esta afirmava os ideais comunistas da JCP, a importância da Federação Mundial da Juventude Democrática, os ataques do Governo à educação e a luta contra o pacote laboral.
A exposição é, aliás, a parte favorita de Cristina Cardoso. Esta militante da JCP, ajudou a construir todo o Espaço da Juventude, mas são as mensagens expostas nos placards que mais lhe agradam.
«A Festa é a altura em que os comunistas carregam energias para o ano inteiro, porque ficamos com outra motivação. Aqui é mais fácil mostrar às pessoas o que é o Partido e a nossa organização, o que motiva a recepção à nossa mensagem», refere Cristina. E adianta uma fórmula para as alturas de desânimo: pensar na Festa do Avante!. «Se construímos esta Festa, conseguimos muito mais coisas e ainda mais importantes.»
Cristina, de 19 anos, é militante da JCP há cinco, mas só este ano é que participou «a sério» nas jornadas de trabalho. Com um sorriso nos lábios e talvez algum orgulho, garante que fez de tudo: montou tubos, pôs toldos, pintou…
«Já me tinham dito que subir ao tubo era muito bom pela adrenalina e por ver a Festa de cima. Eu fui até aos cinco metros. Não passei daí. Para o ano se calhar já subo mais», comenta. «Foi muito cansativo, mas valia pelo convívio. A malta está sempre junta, faz-se muitos amigos.»
Um mundo novo
Também André Janeco conheceu muita gente na Quinta da Atalaia. Aderiu à JCP há seis meses e nas últimas semanas decidiu vir dar uma ajuda na implantação. Aos 17 anos, foi a primeira vez que foi à Festa. E está maravilhado.
«Nas jornadas de trabalho fiquei muito surpreendido com o tamanho do recinto e agora foi a maneira de estar das pessoas. Dão-se todas bem. É a camaradagem que a Festa proporciona. Pensava que seria muito parecido com um festival de Verão e afinal não é só a música que conta. Está aqui presente um conjunto de ideias, que é visível em todos os pontos da Festa», refere.
André participou nas jornadas de trabalho dos últimos dois fins-de-semana. «Acho que aí é a altura ideal para perceber o espírito da Festa, porque cada uma das pessoas vem especialmente para ajudar e sabe que o seu papel é importante», explica. A sua participação também contou muito não só para o crescimento da Festa, como para o seu enriquecimento pessoal. «Pensava que não era capaz de fazer a maioria das coisas, mas, afinal, além de ser capaz, até me diverti a fazê-las», conta.
André sente-se a descobrir um novo mundo. «A Festa mostra o que pode fazer o espírito de camaradagem. Quando as pessoas querem atingir um objectivo, conseguem fazer tudo. A Festa é uma experiência que qualquer pessoa deseja repetir.»
Sempre diferente
Cristina Cardoso concorda com André, até porque «a Festa é diferente todos os anos. Os projectos e a decoração são outras. Em cada Festa aprende-se coisas novas e tem-se novas experiências. Um mês antes nunca se tem a noção de como a Festa vai ficar. Vê-la crescer é muito bom. De um fim-de-semana para o outro, há coisas novas.»
Um dos melhores momentos é a abertura da Festa, quando o trabalho de meses é finalmente apresentado aos visitantes, os verdadeiros habitantes da Quinta da Atalaia. «É uma sensação muito boa quando chega a sexta-feira à tarde e está tudo prontinho, depois de todo o stress na implantação. Todos os anos temos a sensação que as coisas estão atrasadas, mas às sete da tarde fica tudo preparado. Este ano, com a chuva, ficámos com medo de ainda nos atrasarmos mais um pouco, mas depois correu bem. Ver a malta a chegar, a descer pela porta da Medideira é mesmo… bonito», diz Cristina.
Depois de domingo, só resta a desimplantação do terreno. André Janeco ainda não sabe se vai participar. «Depende do tempo, porque estar aqui não me custa nada», declara. Cristina, já experiente nestas coisas, sabe como é: «É uma despedida. Deixa uma tristeza... Foram três dias tão bons… mas para o ano há mais!»