
- Nº 1551 (2003/08/21)
Campanha dos Sindicatos da Administração Pública
A má gestão é do Governo
Trabalhadores
A Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública iniciou na quinta-feira uma jornada de esclarecimento da opinião pública que refuta «a campanha do Governo contra a administração pública e os seus trabalhadores». Cerca de 250 mil comunicados estão a ser distribuídos nos locais de maior concentração de todos os distritos e regiões autónomas, nomeadamente nas zonas balneares. O objectivo é realçar «o papel essencial que desempenham os diferentes sectores do Estado para o progresso do País».
«As deficiências e insuficiências sentidas pelas populações e pelos próprios trabalhadores não são fruto do acaso, mas sim de políticas erradas que sucessivamente têm vindo a ser implementadas e que governantes, como Manuela Ferreira Leite e Durão Barroso, não se podem descartar», considera a Frente Comum, em comunicado.
Os sindicalistas denunciam que «o projecto governamental de “reforma” da administração pública não visa servir os interesses do País, apostando em serviços públicos de qualidade, como defende a Frente Comum e é o legítimo anseio das populações». O que o Governo pretende, acusam, é «desmantelar e partidarizar a administração pública, retirar direitos aos trabalhadores e desresponsabilizar o Estado pela prossecução das suas funções sociais».
Nos panfletos, a Frente Comum informa que as empresas privadas devem milhões de euros em impostos e lembram que muitas promovem falências fraudulentas. «E o Governo quer que sejam elas a fiscalizar o Estado!», comenta.
«O Governo mente quando fala em promoções automáticas na administração pública. As promoções são efectuadas por concurso. As mudanças de escalão estão dependentes do sistema de avaliação de desempenho», acrescenta a Frente Comum.
Os verdadeiros privilegiados
Os gestores públicos portugueses são os mais bem pagos da Europa, remunerados acima da lei;
As remunerações dos dirigentes da Caixa Geral de Depósitos ultrapassam os limites permitidos pela lei em 380 por cento e na empresa pública Águas de Portugal em 150 por cento;
Os novos gestores hospitalares recebem 50 por cento acima da tabela;
O Governador do Banco de Portugal, Victor Constâncio, recebe um salário mensal superior a 19.400 euros, a que acrescem outras benefícios como viatura e um complemento de reforma de milhares de euros;
Os administradores de institutos públicos auferem salários superiores a 9 mil euros, além de senhas de gasolina, viatura e cartões de crédito;
Os deputados podem aposentar-se ao fim de 12 anos de mandatos, com reformas por inteiro.