Vitória na Hyundai
Após cinco semanas de greve, os trabalhadores da Hyundai Motor conseguem vitória histórica: semana de cinco dias e 8,6 por cento de aumento salarial.
«A Hyundai estimou em 1,15 mil milhões de euros os custos da greve»
O braço de ferro que durante cinco semanas opôs trabalhadores e administração da Hyundai Motor terminou no dia 6 de Agosto com a assinatura de um acordo que contempla as principais reivindicações dos trabalhadores. Desde as greves gerais de 1998, fruto da crise financeira que então abalou o país, que a Coreia do Sul não conhecia um conflito social tão importante como este.
A greve, cujo preço a Hyundai estimou em 1,15 mil milhões de euros, foi a mais importante das diversas lutas organizadas durante o mês de Julho pelos principais sindicatos da indústria, em protesto contra um projecto de alteração da lei sobre a semana de trabalho de cinco dias. A lei, sistematicamente protelada, prevê um prazo de implementação de dez anos e cedências por parte dos trabalhadores.
Com a sua luta, os trabalhadores da Hyundai conquistaram, para além da jornada de trabalho de cinco dias, um aumento salarial de 8,6 por cento (a exigência inicial era de 11 por cento), a duplicação dos prémios, uma indexação sobre a produtividade, e a reforma aos 57 anos.
A vitória história do principal sindicato na Hyundai, que representa 80 por cento dos cerca de 50 000 trabalhadores da empresa, abre um precedente cujas implicações podem vir a beneficiar todos os trabalhadores. «Nós conseguimos a entrada em vigor imediata da semana de cinco dias, o que é uma inovação e isso vai ter um impacto sobre todas as outras empresas, porque os restantes sindicatos estão à espera para ver o que se vai passar», afirmou Kim Joo-hee, do secretariado internacional da Federação coreana dos metalúrgicos, citado pelo Le Monde.
O responsável sindical sublinhou ainda o facto de os trabalhadores terem conquistado um direito de consulta inédito. «Em 1998, a seguir à crise provocada pelo FMI, os empregadores fizeram valer o direito ao despedimento económico, o que provocou conflitos muito violentos. Nós conseguimos que, a partir de agora, não haverá nenhum despedimento deste tipo sem consulta aos sindicatos”, disse Kim Joo-hee.
O espectro da deslocalização
O acordo alcançado na Hyundai prevê ainda que os sindicatos passem a ser consultados sobre qualquer transferência da produção para o estrangeiro. A questão da deslocalização das empresas coloca-se cada vez com mais força no país, na medida em que a melhoria das condições de trabalho, designadamente a nível salarial, está a tornar a Coreia do Sul menos «competitiva» em relação a outros países, como a China. Acresce que a greve ocorreu num momento em que a Hyundai viu as suas vendas internas baixar cerca de 42 por cento em relação ao ano passado, enquanto a Kia Motors (número dois do sector e filial da Hyundai) aumentou as vendas em 35 por cento.
Segundo um porta-voz do grupo, Jake Jang, citado pelo Le Monde, a greve bloqueou a exportação de 68 000 veículos e provocou a paralisação, por falta de peças, das filiais no Egipto, Rússia, Malásia e Paquistão. A Hyundai conta recuperar o atraso na produção num período de três meses, recorrendo a horas extraordinárias e ao trabalho durante as férias.
A greve, cujo preço a Hyundai estimou em 1,15 mil milhões de euros, foi a mais importante das diversas lutas organizadas durante o mês de Julho pelos principais sindicatos da indústria, em protesto contra um projecto de alteração da lei sobre a semana de trabalho de cinco dias. A lei, sistematicamente protelada, prevê um prazo de implementação de dez anos e cedências por parte dos trabalhadores.
Com a sua luta, os trabalhadores da Hyundai conquistaram, para além da jornada de trabalho de cinco dias, um aumento salarial de 8,6 por cento (a exigência inicial era de 11 por cento), a duplicação dos prémios, uma indexação sobre a produtividade, e a reforma aos 57 anos.
A vitória história do principal sindicato na Hyundai, que representa 80 por cento dos cerca de 50 000 trabalhadores da empresa, abre um precedente cujas implicações podem vir a beneficiar todos os trabalhadores. «Nós conseguimos a entrada em vigor imediata da semana de cinco dias, o que é uma inovação e isso vai ter um impacto sobre todas as outras empresas, porque os restantes sindicatos estão à espera para ver o que se vai passar», afirmou Kim Joo-hee, do secretariado internacional da Federação coreana dos metalúrgicos, citado pelo Le Monde.
O responsável sindical sublinhou ainda o facto de os trabalhadores terem conquistado um direito de consulta inédito. «Em 1998, a seguir à crise provocada pelo FMI, os empregadores fizeram valer o direito ao despedimento económico, o que provocou conflitos muito violentos. Nós conseguimos que, a partir de agora, não haverá nenhum despedimento deste tipo sem consulta aos sindicatos”, disse Kim Joo-hee.
O espectro da deslocalização
O acordo alcançado na Hyundai prevê ainda que os sindicatos passem a ser consultados sobre qualquer transferência da produção para o estrangeiro. A questão da deslocalização das empresas coloca-se cada vez com mais força no país, na medida em que a melhoria das condições de trabalho, designadamente a nível salarial, está a tornar a Coreia do Sul menos «competitiva» em relação a outros países, como a China. Acresce que a greve ocorreu num momento em que a Hyundai viu as suas vendas internas baixar cerca de 42 por cento em relação ao ano passado, enquanto a Kia Motors (número dois do sector e filial da Hyundai) aumentou as vendas em 35 por cento.
Segundo um porta-voz do grupo, Jake Jang, citado pelo Le Monde, a greve bloqueou a exportação de 68 000 veículos e provocou a paralisação, por falta de peças, das filiais no Egipto, Rússia, Malásia e Paquistão. A Hyundai conta recuperar o atraso na produção num período de três meses, recorrendo a horas extraordinárias e ao trabalho durante as férias.