Por que faltam meios humanos

Cortes cegos

«Sem qualquer pudor, o Governo impediu a admissão de novos efectivos para as carreiras de guarda-florestal e de vigilante da natureza, qualquer das duas com funções de vigilância da nossa floresta, seja ela pública ou privada», recordou segunda-feira a Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública.
Numa nota divulgada segunda-feira, a FNSFP/CGTP-IN salienta que «a insuficiência de meios humanos é dramática», num como noutro dos casos: estão por preencher mais de metade dos lugares do quadro de guardas-florestais, enquanto cada um dos vigilantes da natureza é responsável por mais de 7 mil hectares de área protegida.
Depois de «anos e anos de ausência de prevenção dos incêndios florestais, protagonizada pelos sucessivos governos», «a cega política de contenção orçamental, imposta aos serviços públicos pelo actual Governo» e que atingiu os organismos com papel fundamental na prevenção dos fogos, «só podia dar nesta catástrofe».
Só que «nos governos anteriores a situação não foi melhor», afirma a federação, notando que «privilegiaram sempre o combate, em detrimento da prevenção, quanto mais não seja porque o primeiro é mais mediático». É citada, a propósito, a decisão de disponibilizar «dezenas e dezenas de trabalhadores rurais do Ministério da Agricultura, nos anos 80, por decisão do então Governo do PSD, de que faziam parte o actual primeiro-ministro e a ministra das Finanças». Foi essa «uma cegueira muito parecida com a actual», comenta a FNSFP, que defende «uma intervenção permanente do Estado» para regularizar e ordenar o património florestal nacional.


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