O mundo pela paz
Manifestações contra a ofensiva anglo-americana concentraram, este fim-de-semana, milhões de pessoas em todo o mundo. Os protestos nos EUA e noutros países não foram pacíficos, com a polícia a envolver-se em confrontos com os manifestantes.
Em Madrid, a polícia dispersou violentamente uma manifestação de vários milhares de pessoas que protestavam contra a guerra no Iraque. Por todo o país ocorreram manifestações onde se condenou a violência e se exigiu a demissão do primeiro-ministro, José Maria Aznar, aliado dos EUA.
Vários milhares de pessoas, contra a intervenção militar anglo-americana, saíram às ruas de Londres e de outras cidades britânicas. «Não à guerra pelo petróleo no Iraque», foi uma das mensagem que se podiam ler nos cartazes empunhados durante a manifestação.
Também em Roma, mais de 100 mil agricultores protestaram contra a guerra em resposta a uma convocatória da Confederação Italiana dos Agricultores. Durante a iniciativa, os agricultores formaram um cortejo campestre, com badalos de animais, chapéus de palha e trajes folclóricos com as sete cores do arco-íris, símbolo dos pacifistas em Itália. Na mesma cidade, desenrolaram-se mais duas manifestações, a primeira convocada pelo comité «Parem a Guerra» e a segunda sob a iniciativa da oposição parlamentar de esquerda.
Na Grécia, mais propriamente na cidade de Atenas, 200 mil pessoas manifestaram-se frente à embaixada dos Estados Unidos, sendo este um dos maiores protestos pela paz, dos últimos anos.
Em Bruxelas, dezenas de milhar de trabalhadores belgas, alemães, austríacos e franceasses manifestaram-se pela «paz e pelo emprego», convocados pela Confederação Europeia dos Sindicatos.
Na Alemanha, cerca de 13 mil estudantes protestaram em várias regiões do país, enquanto em Berlim, activistas da Greenpeace iniciaram, quinta-feira, uma «vigília contra a guerra» junto à embaixada norte-americana.
De igual forma, mais de três mil pessoas manifestaram-se, na Áustria, contra a guerra do Iraque. No Centro da Cidade de Salzburgo, os manifestantes entoavam slogans como: «Deixem cair Bush em vez de bombas», «Não à guerra no Iraque» e «Queremos paz».
«Malditos sejam os EUA»
Do outro lado do oceano, em São Francisco, nos EUA, 60 pessoas foram detidas de entre os vários milhares de manifestantes que cortaram algumas ruas do centro da cidade, formando uma cadeia humana. Dias antes, 1300 pessoas foram detidas para interrogatório durante uma concentração pacifista.
Ocorreram ainda manifestações em Washington, Nova Iorque, e noutras cidades norte-americanas, sinal que o povo também está contra a guerra.
Também a 75.ª edição dos Óscares de Hollywood ficou marcada pela guerra em curso no Golfo Pérsico, com muitos dos ilustres convidados a apresentarem-se vestidos de negro e com símbolos da paz na lapela. Alguns dos premiados aproveitaram o momento de subir ao palco para se pronunciarem sobre o conflito. O mais contundente foi Michael Moore (vencedor do prémio para o melhor documentário, com «Bowling for Columbine»), que disse sentir «vergonha» de George W. Bush por ter atacado o Iraque e o acusou de ser um «presidente fictício».
Na cidade brasileira de São Paulo, cerca de 2 mil pessoas concentraram-se junto ao consulado dos Estados Unidos da América.
Em Melbourne, Austrália, mais de 25 mil pessoas saíram à rua para protestar contra a ofensiva norte-americana.
Na Ásia, a maior manifestação aconteceu em Tóquio, no Japão, onde mais de 50 mil manifestantes exigiram que os EUA ponham termo à guerra e apelaram ao boicote de marcas norte-americana como a Ford, Nike, ou McDonald´s.
No mundo árabe, sexta-feira, dia de oração, ficou marcada por várias marchas de protesto e confrontos com as forças policiais. No Iémen, três manifestantes e um polícia morreram próximo da embaixada norte-americana em Sanaa.
No Cairo, Egipto, mais de 20 mil estudantes manifestaram-se contra a guerra, tendo as forças anti-motim sido destacadas para impedir que estes saíssem à rua.
Num país também abalado pela guerra, mais de 30 mil palestinianos manifestaram-se na Cisjordânia e na Faixa de Gaza criticando a ofensiva anglo-americana contra Bagdad.
No Paquistão, ocorreram múltiplas manifestações com vários milhares de pessoas, nomeadamente em Islamabad e Peshawar.
Junto à fronteira com o Iraque, em Istambul, Turquia, 5 mil manifestantes anti-guerra, protestaram entoando palavras de ordem como: «Malditos sejam os EUA», ou «EUA fora do Médio Oriente».