- Nº 1521 (2003/01/23)
Administração Pública

Contra o congelamento de salários

Trabalhadores

As propostas do Governo de aumentos salariais dos trabalhadores da administração pública são inaceitáveis. Foi assim que Paulo Trindade, dirigente da Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública, caracterizou as propostas apresentadas pela ministra das Finanças, após meses sem nada dizer sobre esta matéria.

O Governo apresentou três propostas, todas elas ofendendo os direitos dos trabalhadores. Uma das propostas, a preferida do Governo, visa o aumento de 1,5 por cento para os trabalhadores que recebam menos de mil euros mensais e zero por cento para os restantes. A segunda alternativa conta de aumentos de 0,5 por cento para todos os trabalhadores. A terceira, prevendo aumentos de dois por cento, previa a suspensão por um ano do actual esquema de promoções e progressões.

Todos os sindicatos contestaram estas propostas, mesmo a que o Governo considera a mais «viável». Para Paulo Trindade, esta proposta significa uma redução real dos salários. O dirigente da Frente Comum considera que a adopção desta medida significaria uma redução de um por cento nos salários de 45 por cento dos trabalhadores e de 2,5 por cento no dos restantes.

A estrutura sindical levará a cabo, entre 27 e 31 de Janeiro, um conjunto de acções em todo o País com o objectivo de dar a conhecer o ataque desferido aos trabalhadores da administração pública e aos próprios serviços públicos. Essa campanha de esclarecimento tem o lema de «semana de luta e de luto» e constará de um abaixo-assinado contendo as principais reivindicações da Frente Comum, de distribuição e afixação de propaganda e de acções de rua em todos os distritos. Na base desta campanha está, entre outros assuntos, a defesa da dignidade profissional dos trabalhadores. A plataforma sindical não aceita que os trabalhadores da administração pública sejam erigidos como «bodes expiatórios da má gestão dos dinheiros públicos», lembrando que o Governo, na sequência da privatização de serviços públicos essenciais, nomeou administradores pagos duas vezes acima da tabela da função pública. Realizou-se ontem, em Lisboa, um plenário nacional dos sindicatos que compõem a Frente Comum.