O PCP CONTINUA
«Por muito que custe aos propagandistas encartados do anticomunismo, o PCP continua»
O peso, a importância e o conteúdo da intervenção dos comunistas portugueses podem medir-se pela força da ofensiva contra o PCP. O ataque ao PCP continua a ser palavra de ordem na ordem do dia para todos os que têm como tarefa incensar a sociedade em que vivemos, apresentá-la como uma inevitável «ordem natural das coisas», enfim, dizer por palavras de hoje o que em tempos passados se expressava com um: «ricos e pobres sempre houve e há-de haver» (expressão que, como se sabe, foi inventada por ricos, ou serventuários de ricos, os quais, em simultâneo, inventaram a forma de levar os pobres a repeti-la exaustivamente até a assimilarem e nela acreditarem...)
Na situação actual, as preocupações essenciais dos propagandistas dessas velharias ideológicas travestidas de modernidade, situam-se na defesa e valorização da política de direita - na política que o Governo Barroso/Portas tem vindo a levar à prática para mal da imensa maioria dos portugueses e para benefício graúdo de uma escassíssima minoria; na política que, a partir da imensa vaga de contra-reformas em curso (na Saúde, no Ensino, na Segurança Social, na Legislação Laboral, etc), procura moldar um novo figurino de regime - crescentemente empobrecido de conteúdo democrático mas, naturalmente, apresentado e propagandeado (tantas vezes quantas as necessárias para que a mentira seja tida como verdade) como o supra-sumo da democracia – e a que uma próxima revisão da Constituição tentará dar expressão legal.
Ora, sabe toda a gente minimamente informada (e sabem-no sem margem para dúvidas os beneficiários e propagandistas dessa política de direita), que o PCP é, de facto, o único partido nacional que oferece uma resistência permanente e determinada a essa política e lhe contrapõe uma alternativa de esquerda. Daí, portanto, a força da ofensiva anti PCP; daí a ausência de princípios e de vergonha que a suporta; daí o recurso ao despudorado vale-tudo – na verdadeira, ampla, total acepção da expressão, como se pode observar todos os dias e como se viu claramente visto no passado fim de semana. A todos esses propagandistas encartados do anticomunismo diremos apenas que, por muito que lhes custe, o PCP continua – na sua luta transformadora, pela justiça social, pela liberdade, pelo socialismo, pelo comunismo.
Esta situação coloca ao PCP as responsabilidades e as exigências de dar continuidade à sua luta contra a política de direita e em defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo, do país e de levar por diante as múltiplas linhas de trabalho definidas, visando o reforço da intervenção do Partido, indispensável para o prosseguimento e alargamento dessa luta.
Na Conferência Nacional do Partido, foi discutido e aprovado colectivamente um plano de trabalho visando tornar o Partido mais forte, mais dinâmico, mais interventivo, mais influente. Desse plano emergem, como direcções de trabalho de relevância decisiva, o fortalecimento orgânico do Partido e o reforço da sua ligação aos trabalhadores e às populações. Foi com a ideia nesse reforço que levámos por diante, há cerca de três meses, o Encontro Nacional sobre o trabalho do Partido nas empresas e locais de trabalho, procurando medidas e caminhos para fortalecer as células de empresa já existentes e para criar células de empresa onde elas não existem. É também nessa mesma linha de preocupações que preparamos a Conferência Nacional sobre o PCP e o Poder Local e que levaremos a cabo a campanha das «mil localidades».
No que respeita ao necessário fortalecimento orgânico do Partido – e tendo sempre presente que a organização do Partido é o instrumento fundamental de ligação aos trabalhadores e às populações – sendo visíveis as dificuldades que temos pela frente, são igualmente visíveis as muitas potencialidades que desafiam a criatividade, a vontade, a determinação dos militantes e das organizações do Partido. O movimento geral de reforço do Partido tem vindo a evidenciar, de forma concludente, essas potencialidades.
Os avanços conseguidos em matéria de reforço da militância e de alargamento do núcleo activo do Partido, de aumento do número de camaradas com tarefas e responsabilidades regulares, de maior responsabilização de quadros, de recrutamento (especialmente de recrutamento de jovens) - estes avanços, se bem que ficando muito aquém das nossas necessidades e desejos, constituem elementos altamente positivos e confirmações plenas de que, com trabalho, com perseverança, com a consciência das enormes dificuldades e obstáculos que temos pela frente mas sem desânimos nem derrotismos, estamos em condições de dar significativos passos em frente no reforço orgânico, social, eleitoral e político do Partido.
Importa sublinhar a relevância e o significado da vaga de assembleias das organizações já concretizadas ou em vias disso em todo o Partido e que envolveram e envolverão muitos milhares de militantes comunistas. E, de caminho, sublinhe-se igualmente a singularidade destas assembleias no quadro partidário nacional, ou seja: sublinhe-se o facto de o PCP ser o único partido nacional em que a participação dos militantes na definição das orientações e linhas de intervenção do Partido, a todos os níveis, atinge tais dimensões.
Com isto, não pretendemos apresentar-nos como modelos de perfeição seja em que matéria for, nem pretendemos quaisquer louros democráticos. Queremos, tão somente, sublinhar que de nenhum outro partido nacional é possível dizer, dizendo a verdade, o que acima se disse sobre o conteúdo e a intensidade da intervenção do PCP e sobre o seu funcionamento democrático interno.