Dois indígenas no governo do Equador
O novo presidente do Equador, Lucio Gutiérrez, cuja posse está marcada para o próximo dia 15 de Janeiro, escolheu dois indígenas para a equipa governamental.
A pasta dos Negócios Estrangeiros vai para Nina Pacari, uma conhecida advogada de 42 anos que em 1998 se tornou na primeira mulher indígena a ser eleita para o Parlamento. Pacari presidiu ainda ao Conselho Nacional de Planejamento dos Povos Indígenas e Negros e integra o movimento indígena Pachakutik.
O outro escolhido é Luis Macas, que será responsável pelo Ministério da Agricultura. Macas, juiz e também deputado, participou activamente na criação da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), sendo actualmente reitor da Universidade Intercultural dos Povos Indígenas e director do Instituto Científico de Culturas Indígenas.
Para o analista político Jorge Vivanco, subdiretor do «Diário Expresso», de Guaiaquil, estas nomeações representam o fim de «um longo e injusto ciclo em que os indígenas foram marginalizados das decisões nacionais».
Segundo os números oficiais, os indígenas correspondem a 35% da população do país, mas o movimento Pachakutik calcula que só os equatorianos de origem quechua correspondem a 45% do total.
Críticas à Alca
Nina Pacari promete ser uma ministra polémica. Mal foi indigitada, teceu críticas à Alca (Área de Livre Comércio das Américas, que os Estados Unidos pretendem implementar), afirmando que nas actuais condições do país «seria um suicídio para o Equador entrar na Alca», pois na sua opinião «nem sequer o grande empresariado nacional estaria garantido».
No mesmo sentido se pronunciou Luis Macas, considerando que a Alca «arrasaria com a produção nacional».
Nina Pacari pronunciou-se igualmente sobre a base militar de Manta, cedida aos EUA pelo governo de Jamil Mahuad, e uma questão nevrálgica no Equador. Afirmando que respeitará o acordo, ratificado pelo Tribunal Constitucional do país, Pacari lembrou que a base só pode ser usada na luta contra o narcotráfico e sob determinadas condições, pelo que o desrespeito das regras acordadas pode levar à sua rescisão.