Sindicatos
rejeitam presente envenenado
Semana de 4
dias no Estado promove emprego precário
Ao contrário do que o Governo promete, o pacote legislativo publicado no dia 18 não vai contribuir para a inserção dos jovens na vida activa, nem para combater o desemprego, nem para rejuvenescer os quadros, afirma a FNSFP/CGTP.
Os diplomas saídos
há uma semana na folha oficial contemplam o trabalho a tempo
parcial, a semana de trabalho de 4 dias (com a
correspondente redução do salário) e o estágio
profissional. Este «presente envenenado» foi recusado no
dia seguinte pela Federação Nacional dos Sindicatos da Função
Pública, que sintetizou as suas críticas numa nota distribuída
à comunicação social.
Para a FNSFP, a possibilidade de reduzir o tempo de trabalho na
Administração Pública para 4 dias por semana «permite ao
Governo trocar emprego estável por trabalho precário e,
naturalmente, mais barato». Por outro lado, o executivo de
António Guterres e Jorge Coelho «imputa aos trabalhadores da
Administração Pública o ónus de medidas de carácter social,
como as de combate ao desemprego e de inserção de jovens na
vida activa, que dizem respeito a toda a sociedade e, logo, ao
Estado»; mas acabarão por ser suportadas pela redução dos
vencimentos dos funcionários que, eventualmente, venham a optar
pelos regimes de 4 dias ou de tempo parcial.
A federação denuncia o facto de, no estágio profissional agora
criado, as bolsas pagas aos jovens terem valores que não
correspondem ao vencimento fixado para a categoria de estagiário
de técnico superior ou de técnico e que ficam
«significativamente abaixo» da remuneração-base da carreira
técnico-profissional. Esta situação é ainda mais grave por as
funções que estes estagiários vão desempenhar «acabarem por
corresponder a necessidades permanentes dos serviços».
No que toca à forma como surgiram os diplomas, a FNSFP acusa o
Governo de não ter respeitado a Lei da Negociação Colectiva e
de ter usado a competência directa (em vez da autorização
legislativa do Parlamento) para «fugir a eventuais obstáculos
à aprovação» dos textos.
Greve
na informática
Prolonga-se até ao
fim do dia de amanhã a greve dos trabalhadores informáticos do
Ministério da Saúde, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e
da Secretaria Regional de Educação e Assuntos Sociais dos
Açores. A paralisação teve início segunda-feira, contando
logo com cem por cento de adesão nas sub-regiões de Saúde de
Viana do Castelo, Braga, Vila Real e Bragança, segundo uma
primeira informação divulgada pela FNSFP. O dirigente sindical
Mário Campos, citado pela Agência Lusa, salientou ainda a
elevada adesão registada no Instituto de Gestão Informática e
Financeira da Saúde: 80 por cento no Porto, 75 por cento em
Lisboa e 70 por cento em Coimbra.
Esta é a terceira greve sectorial dos informáticos da
Administração Pública, que exigem do Governo «a
apresentação de uma proposta de estatuto profissional que
dignifique as suas carreiras, salários e condições de
trabalho», como refere a FNSFP na nota em que anunciava esta
greve.
No mesmo documento, distribuído dia 18, a federação da
Função Pública reafirmou que «a contraproposta remetida pelo
Governo aos sindicatos não pode ser entendida como um documento
sério de trabalho, porque não responde a uma única das várias
propostas apresentadas pela federação e que reúnem o amplo
consenso dos trabalhadores».
O ciclo de greves prossegue até Outubro. Os informáticos do
Tribunal de Contas e do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras
param de 30 de Agosto a 3 de Setembro; os das Finanças, na
terceira semana de Setembro; na última semana de Setembro
paralisam os informáticos da Administração Local; na semana
antes das eleições estará em greve o pessoal da
Direcção-Geral de Informática do Ministério da Justiça, o
que poderá, segudo a FNSFP, provocar atrasos na divulgação dos
resultados eleitorais.