Terrenos de Gualtar
Agostinho Lopes questiona Governo


A Comissão Concelhia de Braga do PCP considera «lamentável» a situação criada em torno do futuro dos terrenos de Gualtar, junto à Universidade do Minho, que em 1995 foram alvo de um negócio pouco claro por parte do Governo PSD, momento a partir do qual ficou em jogo a salvaguarda de uma zona que a proximidade da Universidade recomendava se mantivesse como propriedade pública.

Agora, porém, o assunto está a transformar-se num autêntico escândalo, pois se é certo que o Governo PSD teve grandes responsabilidades no negócio, a verdade é que as responsabilidades da Câmara Municipal de Braga e do PS não são menores.
Agostinho Lopes, cabeça de lista da CDU por Braga, preocupado com os contornos de todo este negócio, visitou, no sábado passado, os terrenos do Gualtar, com vista à preparação de um requerimento que o Grupo Parlamentar do PCP irá apresentar de imediato à Assembleia da República, exigindo os necessários esclarecimentos sobre o assunto.
Como é possível, perguntam os comunistas, que um terreno comprado há cinco anos por cerca de um milhão de contos valha hoje, segundo o Presidente da Câmara, 4,5 milhões de contos, sem que nele se tenha investido um tostão sequer? E como é possível que um grupo privado da área da construção, «conhecido pelos seus rendosos investimentos», pagasse então uma tão grande importância por um terreno destinado à construção de equipamentos, se não tivesse a garantia da autarquia de que, em próxima revisão do PDM, iria propor a alteração do uso daquele solo? Como é que o Presidente da Câmara explica toda a evolução deste processo?
Por outro lado, a construção da variante do Fojo nos terrenos comprados pelo Rodrigues & Névoa exige o conhecimento da importância que a Câmara pagou por eles e coloca mesmo a dúvida sobre se esta nova via não visará servir o empreendimento daquela Sociedade de Construção à custa do erário público.

Estas são algumas das questões que, estando na origem do requerimento que vai ser apresentado ao Governo, levam igualmente a CDU a reclamar dos poderes públicos que ponham travão na execução deste processo escandaloso e defendam o interesse público.


«Avante!» Nº 1340 - 5.Agosto.1999