Revisão do
AE passa para 22 de Outubro
Telecom
só negoceia
depois das eleições
Dirigentes e activistas sindicais desencadearam acções públicas de protesto contra a redução dos postos de trabalho, por melhor serviço aos utentes, pela abertura das negociações do Acordo de Empresa, que deviam ter-se iniciado em Junho.
Está em curso na
Portugal Telecom «uma ofensiva sem precedentes», visando
desregulamentar e precarizar as condições de trabalho e
liquidar direitos conquistados pelos trabalhadores, acusam seis
estruturas sindicais da PT. Para o Sinttav, o SNTCT, o STT, o
SETN, a Festru e o SQTD cujos dirigentes estão a levar a
cabo diversas acções de protesto a nível nacional - , «é o
poder do dinheiro a ditar os seus valores, pressionando os
salários e os direitos dos trabalhadores» e «são os efeitos
da privatização a fazerem sentir-se fortemente» na empresa
refere uma nota conjunta enviada à nossa redacção.
A PT orçamentou gastos superiores a 84 milhões de contos, em
1999, para redução de efectivos, apontando para uma meta de
1200 trabalhadores, denunciam os sindicatos, numa informação
que distribuem à população durante as acções de protesto.
Entretanto, a administração da Telecom «devia ter começado a
negociar o Acordo de Empresa em Junho, mas recusa fazê-lo, não
querendo antes de 22de Outubro»; por acto de gestão, sem
qualquer negociação com os sindicatos, foram aplicados aumentos
salariais de apenas 2,75 por cento.
Os sindicatos recordam a recente venda «aos grandes
accionistas» de mais uma parcela da PT (13,5 por cento,
representando uma receita de 190 milhões de contos para os
cofres do Estado). A empresa, acusam, «está completamente
submetida aos interesses dos grandes accionistas, prejudicando o
serviço público em prol do máximo lucro».
Neste quadro, as estruturas sindicais indicam, como objectivos
das acções em curso, a prestação de um melhor serviço, em
qualidade e preço, aos utentes das telecomunicações; a
manutenção dos efectivos da PT e mesmo o seu aumento, «porque
os postos de trabalho no sector continuam a crescer»; a
exigência de aumentos salariais «justos e negociados», a
«imediata» negociação do clausulado do AE do regime de
carreiras profissionais; e «uma gestão responsável, que
mantenha a PT como uma grande e eficaz empresa».
A Comissão de Trabalhadores condenou igualmente a recusa de
negociação e a actualização salarial por acto de gestão.
Além da administração, a CT criticou também «a cumplicidade
de alguns sindicatos da área do poder».
Depois de questionar os responsáveis da empresa sobre estudos
que fundamentem a redução de efectivos e sobre as previsões, a
médio prazo, da dotação de recursos humanos na PT, a CT obteve
a resposta «confrangedora» de «não sabemos, não é
possível fazer previsões». «De duas uma», comenta a CT,
num comunicado aos trabalhadores: «a gestão sabe e não quer
assumir o ónus político antes das eleições ou, então,
é mais grave do que isso, estamos perante uma gestão pouco
competente e que pode estar a privilegiar interesses marginais à
PT».
As pressões para a redução dos quadros da Telecom foram
recentemente denunciadas também pela célula de trabalhadores
comunistas da PT no distrito do Porto, que acusaram a política
de Recursos Humanos da empresa de pretender dividir os efectivos
em três listas: os trabalhadores a reformar e pré-reformar, e
os que são excedentários no imediato; os excedentários a
médio prazo; e os que estão em sectores por agora
considerados estratégicos.