Sindicatos
atentos às eleições de Outubro
Defender
nas urnas
o futuro das férias
A luta dos
trabalhadores impediu que fossem aprovadas graves propostas de
lei sobre matérias laborais, designadamente o direito a férias,
que poderia ser reduzido a apenas 10 dias úteis. Mas as ameaças
mantêm-se, tanto nas declarações de responsáveis do Governo,
como nas críticas com que o PSD pretende esconder a sua
concordância com a política de favorecimento do patronato à
custa de quem trabalha.
A CGTP-IN, antecipando a canícula de Agosto, já apresentou o
seu balanço da 7.ª Legislatura, defendendo que os resultados de
10 de Outubro devem «contribuir decisivamente para
a mudança política capaz de assegurar, com seriedade, as
medidas reclamadas pelos trabalhadores».
«O Governo esteve
com os interesses económicos dos grandes senhores do capital,
mas os trabalhadores não viraram a cara à luta e alcançaram
muitos e bons resultados, através da acção reivindicativa em
várias áreas», afirma-se na resolução político-sindical
aprovada pelo último Plenário Nacional de Sindicatos, no dia 22
de Julho. Avaliando o contexto económico e social desde o
início de 1996 e os combates travados nas mais importantes
esferas, o órgão máximo da CGTP entre congressos valoriza os
«resultados altamente positivos» alcançados na luta contra a
revisão gravosa da legislação laboral e pela aplicação
efectiva da semana máxima de 40 horas. Tem especial referência
o facto de ter sido impedida a aprovação dos projectos
relativos ao regime de férias, ao conceito de retribuição e ao
alargamento da duração dos contratos a prazo.
Intitulada «Vale a pena lutar», a resolução regista com
agrado que foi inviabilizada «parte importante das pretensões
do patronato», expressas nos acordos de concertação que a CGTP
recusou subscrever. A acção sindical e a luta dos trabalhadores
proporcionaram a defesa de milhares de postos de trabalho, a
conquista de melhorias salariais para centenas de milhar de
pessoas (apesar da política de moderação salarial
aplicada pelo Governo), a derrota da tese sobre a falência da
Segurança Social, a melhoria das pensões mínimas e a
instituição do rendimento mínimo garantido, algum
desagravamento na tributação do trabalho a nível do IRS.
O comportamento do Governo relativamente aos trabalhadores da
Administração Pública e ao acordo assinado no início de 1996
com os sindicatos merece uma forte crítica: «Foi adiando
compromissos e, mesmo quando se comprometeu, em muitos casos não
cumpriu ou atrasou-se, numa atitude, perante o patronato,
exemplarmente irresponsável».
A CGTP realça ainda as batalhas travadas pelo direito de todos a
uma eficaz prestação de cuidados de saúde, e pela justiça no
sistema fiscal. «A acção reivindicativa nas empresas e
sectores e as movimentações e protestos de rua, articuladas com
a intervenção institucional e os contactos com organizações
representativas da sociedade» são apontadas como «um elemento
determinante para aquilo que de positivo se conseguiu obter nas
várias frentes reivindicativas».
Ao sublinhar a importância das eleições de 10 de Outubro, a
CGTP previne: «As ameaças que continuam a ser feitas aos
trabalhadores, designadamente por membros do actual Governo,
quando afirmam a intenção de prosseguir, na próxima
legislatura, a ofensiva na legislação do trabalho (lei das
férias, conceito de retribuição, etc.) e na Segurança Social,
não cabem no futuro de que o País precisa e que terá de ser de
desenvolvimento, de valorização do trabalho, de dignificação
dos trabalhadores e de promoção do bem-estar» (ver Oito
pontos para uma nova política). Sem hesitações, deve ser
posta de lado «a ideia redutora das virtudes absolutas do
mercado», o poder económico deve deixar de ser visto como
único motor de desenvolvimento e tem que ser reconhecido «o
papel interventor e/ou dinamizador do Estado em todas as áreas
da actividade económica e social do País».