Sony
liquida
17 000 empregos
O «plano de reestruturação» anunciado a semana passada pela Sony, o gigante japonês da electrónica, implica a redução de 10 por cento dos seus efectivos em todo o mundo, ou seja, a liquidação de 17 000 postos de trabalho.
A opção tomada
pela Sony é a de diminuir os custos do trabalho em benefício da
rentabilidade financeira. Para o efeito, a empresa vai reduzir de
70 para 55 o número das representações do grupo - o que terá
repercussões tanto na Ásia (incluindo o Japão) como nos
Estados Unidos e na Europa -, e apostar no seu novo produto, a
PlaysTation II, a lançar no mercado no final do ano.
O grupo decidiu, por outro lado, assumir o controlo total de
três filiais cotadas na Bolsa - Sony Music Entertainment, Sony
Chemical e Sony Precision Technology -, de que detém actualmente
cerca de 70 por cento do capital, bem como passar a integrar
totalmente a Sony Computer, onde detém cerca de 49,8 por cento
do capital.
Em fase de reestruturação estão igualmente outras
empresas, como a NEC, Toshiba e Hitachi, no quadro de um plano do
Governo japonês que tem como objectivo encorajar as fusões dos
grandes grupos. O plano governamental prevê um aumento de 10,5
por cento das despesas públicas destinado, segundo as
autoridades, à criação de 770 000 novos postos de trabalho,
mais de metade dos quais previstos para o sector da construção.
Um objectivo pouco realista, segundo os especialistas, já que o
sector absorve actualmente mais de 13 por cento dos assalariados,
taxa muito superior à existente nos outros países
desenvolvidos.
Entretanto, na esteira dos prometidos futuros empregos, tem
avançado a desregulamentação do trabalho e crescido o trabalho
precário, até há pouco limitado a sectores específicos ou a
casos de efectiva necessidade limitada no tempo, e agora em plena
expansão para os mais diversos domínios, incluindo os que
exigem mão-de-obra especializada e tradicionalmente ocupados por
trabalhadores a tempo inteiro.
Ao contrário dos trabalhadores, que reagem com preocupação a
este plano e vêem com apreensão o exemplo da Sony, a Bolsa
nipónica reagiu favoravelmente ao anúncio da supressão de 17
000 postos de trabalho. Pontos de vista.