Em projecto de lei do PCP aprovado pela AR
Novos direitos aos pais
para a educação dos filhos


A consagração de garantias aos pais e encarregados de educação susceptíveis de melhorar as condições de participação na vida escolar e de acompanhamento dos seus educandos, eis, em síntese, o objectivo do projecto de lei do PCP aprovado há oito dias pela Assembleia da República.

Viabilizado com os votos favoráveis de todas as bancadas, à excepção do PS, que se absteve, o diploma estipula que as faltas ao trabalho dadas por pais e encarregados de educação por motivos de comprovada necessidade de acompanhamento escolar dos seus filhos e educandos sejam consideradas justificadas, ainda que tenham de implicar a perda da retribuição correspondente.
Ao consagrar no seu diploma esta disposição, como esclareceu a deputada comunista Luísa Mesquita, trata-se de garantir aos pais e encarregados de educação o direito a um adequado acompanhamento dos seus filhos ou educandos, sem que isso se traduza em qualquer falta injustificada ao emprego ou ponha em causa o seu posto de trabalho.
Idêntico direito fica a partir de agora consagrado sempre que estejam em causa faltas ao trabalho motivadas por factores inadiáveis que se prendam com as actividades de associações de pais e respectivas estruturas associativas ou de coordenação nacional ou regional, bem como as relacionadas com a presença em reuniões de órgãos de direcção, administração ou gestão das escolas em que os pais e encarregados de educação devam legalmente estar representados.
Neste último caso, segundo o articulado do diploma, compete ainda ao Ministério da Educação assegurar uma forma de compensação de prejuízos eventualmente sofridos em resultado do cumprimento desses deveres de participação.
Não é difícil imaginar, pois, o alcance do presente diploma em termos da garantia mínima de direitos e deveres, os quais, do ponto de vista de Luísa Mesquita, devem ser «pertença universal de todos os cidadãos», e não, como actualmente sucede, «privilégio de alguns», isto é, dos que detêm condições económicas e laborais para tal.
O que está em causa, em suma - e esta é a questão de fundo que motivou a reapresentação do diploma pela bancada comunista - é a necessidade imperiosa de um cada vez melhor acompanhamento escolar das crianças e jovens, tanto mais que importante quanto é certo que persistem e, em muitos casos se agravam, como observou a parlamentar do PCP, os «problemas gravíssimos de exclusão social, de trabalho infantil, de taxas muito elevadas de abandono precoce, de taxas não quantificadas de insucesso e de alguma preocupante e generalizada violência»


«Avante!» Nº 1320 - 18.Março.1999