Deslocalização das multinacionais
Lino de Carvalho lembrou a este propósito a experiência ocorrida no
nosso País com empresas que decidiram desinvestir e deslocalizar-se para outras áreas do
planeta em busca da máxima rentabilidade do capital. Agindo como todas as outras
transnacionais na mais completa impunidade, num quadro de total desregulamentação do
investimento transnacional, a Texas-Instruments Samsung (TISEP) é um bom exemplo do
«nível de arrogância com que as multinacionais tratam os interesses de cada Estado».
Depois de ter recebido 10,4 milhões de contos de incentivos e benefícios fiscais e de
apoio à formação profissional para um contrato de investimento comprometido até 2004,
a TISEP decide repentinamente encerrar a empresa. O seu director-geral, em entrevista,
não se coibiu, entretanto, a propósito do montante que deveria ser objecto de
imdemnização ao Estado português, de afirmar que qualquer insistência no pagamento das
indemnizações representaria um péssimo sinal «para a reputação de Portugal como
País capaz de acarinhar o investimento estrangeiro».
Verberando a sua forma «arrogante e chantagista», Lino de Carvalho recordou ainda a
citação daquele responsável da empresa em que chega ao ponto de afirmar que «a
comunidade empresarial é muito pequena e granjear má reputação para um País é muito
fácil».
«É isto que é preciso regular e disciplinar», exigiu Lino de Carvalho, preconizando,
concretamente, uma maior intervenção do Governo nas instâncias internacionais no
sentido da adopção de medidas reguladoras, bem como, entre outras, a alteração da
legislação sobre indemnizações por despedimentos, reforçando as compensações a
pagar aos trabalhadores que perdem o emprego.