Fornecimento afectado em Lisboa
Os cerca de 550 trabalhadores das empresas agrupadas na GDP-Gás de Portugal começaram ontem uma greve de dois dias exigindo a manutenção dos postos de trabalho e a manutenção dos vínculos laborais ao Grupo.
A Fequimetal (Federação Intersindical da Metalurgia Metalomecânica
Minas Química Farmacêutica Petróleo e Gás) afirma que a administração já está a
pôr em prática as políticas do Governo para o sector e que implicam o encerramento da
produção de gás de cidade e anidrido carbónico, resultante da introdução do gás
natural; a privatização da Driftal e da Carbolis, onde é porto termo à produção de
anidrído ftálico e plastificantes; o desmantelamento dos sectores de manutenção das
redes gasistas, serviços ténicos e administrativos, com a entrega da maior parte dessas
funções a outras empresas, através de contratos de concessão ou cedência de
trabalhadores.
Entretanto, os postos de trabalho que estão a ser criados com o desenvolvimento das redes
de gás natural estão a ser preenchidos por pessoal contratado a empresas prestadoras de
serviços, ficando na incerteza os 200 trabalhadores que hoje asseguram a produção de
gás de cidade, dos plastificantes e do anidrído carbónico.
O desmantelamento das restantes áreas da GDL envolve mais de 300 trabalhadores, tendo a
administração anunciado a intenção de efectuada para já 60 despedimentos.
A Fequimetal refere que a luta dos trabalhadores visa também a defesa da qualidade dos
serviços prestados aos consumidores e refere o crescente número de reclamações de
clientes que já utilizam gás natural e os acidentes verificados recentemente em Aveiro e
na Marinha Grande, aos quais «não é alheio o facto de estes serviços estarem a ser
prestados por empresas sem experiência nesta actividade e onde prolifera o trabalho
precário».
A Federação chama a atenção para o facto de a administração da GDP pretender
entregar a subempreiteiros áreas tão importantes como a fiscalização e inspecção das
redes exteriores, manutenção e piquetes de emergência, assistência a clientes, etc, ao
mesmo tempo que quer despedir trabalhadores com largos anos de experiência e devidamente
certificados na actividade gasista.
A greve de dois dias será particularmente sensível para os 200 mil consumidores na
região da Grande Lisboa, bem como para os clientes já utilizam o gás natural. Por
questões de segurança, a Federação sindical aconselha os consumidores a abster-se de
ligar quaisquer aparelhos e equipamentos durante o período da paralisação.