Comício no Porto
Garantir um bom resultado eleitoral



Um comício de casa cheia, entusiástico, celebrou no Porto o 78º aniversário do PCP, no passado domingo, no Teatro Rivoli.

No palco, além de uma numerosa delegação da JCP distrital e dos membros da Direcção da Organização Regional do Porto, encontravam-se Pimenta Dias, deputado na Assembleia da República, Emídio Ribeiro, da Comissão Política, Henrique de Sousa, do Secretariado, Ilda Figueiredo, cabeça de lista ao Parlamento Europeu e, naturalmente, o Secretário-geral do PCP, Carlos Carvalhas.

Marta Amaro da Organização do Ensino Secundário da JCP saudou os 78 anos de luta do PCP, lembrando essas «décadas de trabalho pela liberdade», de que este Partido se pode justamente orgulhar e centrou as suas críticas na política governamental para a juventude.
Um grande aplauso saudou Ilda Figueiredo que iniciou a sua intervenção saudando os presentes que, há muitos anos, com ela têm partilhado «trabalho, experiências, lutas, aspirações e sonhos».
O tema principal da intervenção de Ilda Figueiredo foi, contudo, a batalha eleitoral para o Parlamento Europeu, cujas opções políticas, pelas repercussões que têm «na vida nacional e na vida de cada um de nós», exigem que o Governo acabe com as cedências a favor das grandes potências europeias, «que impedem o nosso País de produzir o que pretende ou de realizar os investimentos públicos que deseja».
Para Ilda Figueiredo, o reforço da CDU «é a forma mais consequente de condenar» esta política e dar mais força «à exigência de uma política de esquerda», de combater «o capitalismo neoliberal que agrava desigualdades e assimetrias regionais». A prová-lo - diz - está o trabalho «coerente e determinado» realizado pelos deputados do PCP no PE e o «vastíssimo património de propostas, de intervenção, de luta e de resultados» da sua acção.
Para influenciar as políticas europeias e nacionais é, contudo, necessário que a CDU tenha um bom resultado nas próximas eleições, o que só se consegue com o reforço e o empenho do PCP e da CDU, naturalmente, mas também «de todas as suas componentes políticas, incluindo dos milhares de independentes que trabalham connosco».
Este é um apoio que ajudará a candidatura da CDU a afirmar-se na campanha eleitoral, a defender os interesses nacionais e uma nova dimensão social.
Finalmente, Carlos Carvalhas, na sua intervenção (ver págs. 21 e 22), lembrou «a Europa dos povos, do movimento popular e dos sindicatos, a Europa das luzes, a Europa da Revolução Francesa e da Revolução de Outubro, que recusa a concepção de Europa fortaleza. A Europa aberta ao mundo, a Europa aberta ao terceiro mundo, aberta aos homens e às culturas do Sul.»
É «nesta concepção que nos situamos», disse, pois «recusamos as concepções eurocêntricas, assim como recusamos as concepções xenófobas e racistas ou as concepções federalistas.»

Grândola

Com a participação do Secretário-geral do PCP e de Ilda Figueredo, no sábado, também os comunistas de Grândola comemoram com um grande comício o aniversário do PCP.
Na ocasião, para além de Carlos Carvalhas e da candidata da CDU ao Parlamento Europeu, interveio José Soeiro, membro da Comissão Política e responsável pelo trabalho de direcção da Organização Regional do Alentejo.
Após a destruição da Reforma Agrária - que tinha aberto caminho a uma vida melhor e assegurado trabalho a dezenas de milhares desempregados -, o Alentejo continua a envelhecer e a desertificar-se e dezenas de milhares de trabalhadores são obrigados a sair da sua terra para encontrar trabalho, denunciou o dirigente comunista.
A situação que se vive no Alentejo não se resolve, porém, com «manifestações de simpatia», ou «discursos voluntaristas de sucesso» e «diálogos paralisantes». Ela exige «medidas imediatas e concretas», como a garantia de mais dinheiro para o Alentejo, a elaboração de um Plano Estratégico de Desenvolvimento Integrado, a descentralização de poderes, a atribuição de competências às regiões de turismo e o reforço e valorização do papel das assembleias municipais e associações de municípios.
Contudo, para José Soeiro, o que a situação do Alentejo exige com mais premência é mesmo «uma viragem à esquerda na política nacional».


«Avante!» Nº 1320 - 18.Março.1999