2ª convenção
europeia pelo pleno emprego
Europa
precisa de um modelo social
Na passada semana, dias 4 e 5 de Fevereiro, realizou-se no Parlamento Europeu a 2ª Convenção Europeia pelo Pleno Emprego, na qual participaram centenas de membros e dirigentes de sindicatos, associações de desempregados e partidos de toda a União Europeia.
Os trabalhos
decorreram em quatro painéis temáticos sobre Redução do tempo
de trabalho, qualidade do trabalho e igualdade, onde o
eurodeputado comunista, Sérgio Ribeiro, apresentou um relatório
(ver abaixo); Economia e emprego; Que futuro para os direitos
sociais?; e Novos empregos para a Europa. Em representação do
PCP, participaram Elsa Pedro e Maria Alberto Branco, e pela
CGTP-In Fernando Marques.
Segundo o texto do projecto de Declaração a que tivemos acesso,
o desafio do restabelecimento do verdadeiro pleno emprego não
pode ser ganho exclusivamente através de uma estratégica
económica, mas deve ser visto numa perspectiva mais ampla, tendo
em conta os aspectos económicos, sociais, ecológicos e
instituicionais.
Numa sociedade e economia globais, que tendem a nivelar por baixo
os padrões sociais, a Declaração defende o estabelecimento de
um modelo social e a definição de uma estratégia económica
europeus que, através de uma acção coordenada entre os
governos compense os custos da criação do Euro com o
desenvolvimento de novos campos de financiamento e de
investimentos públicos. Com esse objectivo é exigido uma
profundo debate sobre o próximo tratado europeu e a revisão de
programas em curso como a Agenda 2000.
O fim do desemprego maciço passa deste modo por uma «nova era
nas políticas europeias» baseada «na sustentatibilidade,
igualdade de oportunidades, justiça social e um novo acordo
global».
A Declaração defende ainda uma série de medidas nos planos
fiscal e financeiro, incluindo a introdução da taxa Tobin, a
aplicar sobre os movimentos especulativos internacionais de
capitais, e regras de transparência bancária, entre outras.
A igualdade de oportunidades entre homens e mulheres; a redução
do tempo de trabalho; o desenvolvimento de serviços públicos em
campos que hoje não estão cobertos; o fim das discriminações
segundo critérios étnicos ou culturais e a garantia da
segurança de emprego e dos direitos dos trabalhadores são
igualmente preocupações manifestadas pela Convenção.
Perigos
da flexibilização
No painel sobre
Redução do tempo de trabalho, qualidade do trabalho e
igualdade, Sérgio Ribeiro divulgou um documento que faz uma
análise crítica das posições mais recentes da Comissão
Europeia, expressas nomeadamente na comunicação «Moderizar a
organização do Trabalho - uma abordagem positiva da mudança».
O eurodeputado comunista reconhece que a modernização da
organização do trabalho pode contribuir para a criação de
novos empregos, devendo por isso ser tida em conta na estratégia
europeia para o emprego. Contudo, salienta que têm de ser
consideradas as suas consequências sociais, e não apenas os
critérios da competitividade, lembrando que na maioria dos casos
os trabalhadores que não têm contratos a tempo inteiro e de
duração indeterminada são vítimas de discriminações no que
respeita às condições de emprego e de protecção social.
Ora, segundo Sérgio Ribeiro a argumentação da Comissão
baseia-se sobretudo nos ganhos de produtividade, esquecendo-se
que as novas formas de trabalho flexível, e em particular o
trabalho parcial, traduzem-se para os trabalhadores na ausência
de direitos e na precarização do vínculo laboral.
Para além disso, afirma que as fórmulas de flexibilização e
globalização do tempo de trabalho devem-se adaptar aos regimes
de protecção da saúde e de segurança existentes, alertando
que a separação dos horários da vida social e familiar
comporta riscos graves na organização da vida familiar.
Neste contexto, o deputado considera que os Estados-membros e a
Comissão deveriam promover e enquadrar mais activamente as
negociações entre os parceiros sociais, e sublinha que a União
Europeia tem responsabilidades na melhoria das condições de
trabalho e de vida , nomeadamente quanto à formação, saúde e
segurança dos trabalhadores, legislação laboral e igualdades
de oportunidades.