Paraguai
Crise
política
O Paraguai é palco de um violento debate que opõe o Presidente da República ao Parlamento e à Justiça, ao ponto de a oposição acusar o presidente de levar o país para um conflito.
Em causa está a
ordem de prisão emitida pela Corte Suprema de Justiça contra o
general Lino César Oviedo e o coronel José Manuel Bóbeda,
condenados a 10 e a três anos respectivamente pela tentativa de
golpe de Estado de Abril de 1996. O presidente Raúl Cubas
defende que estes não devem voltar a ser detidos, adiantando que
vai ignorar o requerimento da Justiça.
Segundo o jornal «El Pais», Cubas acusa a Corte Suprema de
«intromissão nas atribuições privadas do executivo» e afirma
que Oviedo e Bóbeda estão em liberdade não por decisão
presidencial, mas pela sentença do Tribunal de Justiça Militar,
instância inferior à Corte Suprema. O presidente advertiu ainda
que a resolução de enviar os dois golpistas de novo para a
prisão é de «cumprimento impossível».
«Cubas está disposto a empurra-nos para uma guerra civil, ao
não fazer cumprir a decisão da Corte e a não enviar o seu
amigo para a prisão», afirmou o senador Luis Alberto Manso.
O presidente do Congresso Nacional, Luis Angel Macchi defende o
julgamento político de Cubas por desacato à Justiça. «Esta é
uma insubordinação clara às decisões da Justiça. O desacato
é público e oficial», afirma Macchi.
O Presidente da República conta com o apoio das Forças Armadas,
o que, na opinião de Macchi, pode representar um perigo para a
constitucionalidade do país. O presidente do Congresso Nacional
diz temer uma dissolução do Congresso por parte do exército.
Raúl Cubas tornou-se candidato do Partido Colorado às
eleições presidenciais, devido à prisão de Oviedo, o
candidato original. Na campanha não se cansou de prometer a
libertação do seu antecessor.