Alemanha
A
primeira derrota de Schroeder
As eleições regionais de domingo no Hessen, um dos mais poderosos "land" da Alemanha do ponto de vista económico, saldaram-se numa vitória dos democratas-cristãos e dos liberais e numa derrota da coligação SPD/Verdes há oito anos no poder. Um resultado suficiente para a maioria governamental perder a maioria no Bundesrat.
A vitória do bloco
CDU/FDP constitui a primeira derrota eleitoral do governo do
chanceler Gerhard Schroeder, que a semana passada completou 100
dias do seu mandato, e ficou a dever-se à deslocação de votos
dos ambientalistas, desiludidos com a política de cedências
seguida pelos Verdes.
As implicações do escrutínio a nível central são
importantes. A derrota da coligação SPD/Verdes no Hessen altera
a correlação de forças no Bundesrat, a Câmara Alta do
Parlamento Federal, onde o SPD e os Verdes detinham a maioria
absoluta, perdida agora para os conservadores graças aos cinco
mandatos do Hessen.
O secretário-geral da CDU, Wolfgang Schaeuble, reconheceu o
impacto da política nacional nas eleições regionais,
sublinhando que «os eleitores de Hessen fizeram o balanço dos
100 dias do governo de Schroeder» e penalizaram-no nas urnas.
Já o coordenador-geral do SPD, Ottmar Schreiner, acusou os
democratas-cristãos de terem cativado os eleitores «recorrendo
a tons nacionalistas e aos ressentimentos da extrema-direita
contra os estrangeiros», numa referência à campanha da CDU
contra a concessão da dupla nacionalidade aos imigrantes
estrangeiros. Não deixa de ser curioso, no entanto, que
Schreiner tenha anunciado uma viragem na política do governo
federal, centrando-se mais em questões como o desemprego e a
justiça social.
Na campanha eleitoral, no entanto, os grandes temas nacionais
estiveram praticamente ausentes, girando os debates em torno da
dupla nacionalidade e da renúncia ao programa nuclear. A CDU
apostou forte na sua campanha de recolha de assinaturas contra a
dupla nacionalidade, e explorou os avanços e recuos do governo
de Bona no debate sobre o nuclear. A oposição chegou mesmo a
acusar Schroeder de não ter a casa em ordem e a exigir a
demissão do ministro do ambiente, Juergen Trittin.
A presidente dos Verdes, Antje Radke, reconheceu a «clara
derrota» sofrida pelo seu partido, mas não a interpretou como a
condenação da política que vem seguindo desde que se juntou ao
SPD no governo.
As eleições de Hessen constituiram o tiro de partida para uma
maratona de 17 outras eleições autárquicas, regionais e
europeias ao longo deste ano.