Ler Garrett
Foi com uma sessão solene que a Assembleia da República assinalou faz hoje oito dias o bicentenário do nascimento de Almeida Garrett. Evocado na figura de um dos criadores do nosso Romantismo foi sobretudo a dimensão literária da sua obra e a sua intervenção como político. No multifacetado poliedro em que se desdobrou como homem interverniente nas questões do seu tempo, recordadas foram ainda outras qualidades por si assumidas, de soldado a cronista, de diplomata a juiz.
Dessa inquietude e
vontade de intervir presentes no autor de «Viagens na Minha
Terra», que levam a que a sua palavra «se transmute em
acção», falou a deputada comunista Luísa Mesquita para
sublinhar como, nele, «texto e revolução conjugam-se na
procura de um mundo novo que o soldado liberal ajuda a construir
e o escritor relata».
«É este o jovem, que, com menos de 20 anos, reflecte, com uma
genialidade universalista sobra a cultura, a arte e se envolve
sem preconceitos na actividade política no meio do povo, numa
época de feroz instabilidade e a quem só a compreensão da
realidade incomoda», lembrou a deputada do PCP, para quem «ler
Garrett é ainda hoje um treajecto de experiências sempre novas,
de constante questionação de todas as cadeias que coarctam a
liberdade do ser humano».