«Carrossel» pré-eleitoral arranca no Alentejo


O Grupo Parlamentar do PCP acusou o Governo de já ter em marcha o «carrossel pré-eleitoral» e de ter escolhido o Alentejo para iniciar essa volta ao País. A testemunhá-lo, segundo Lino de Carvalho, deputado comunista eleito por Évora, está o frenesim que se apossou nos últimos tempos de ministros, secretário de Estado e altos funcionários da administração central que não há dia ou semana que não inscrevam na sua agenda uma visita à região.

O mais recente pretexto para esta «trepidante excitação pré-eleitoral», como lhe chamou o parlamentar do PCP, foi o anúncio de mais um Plano Regional de Emprego recentemente feito pelo Primeiro-Ministro. Levando em conta a experiência anterior, face aos múltiplo anúncios já feitos sobre esta matéria, existem fundadas razões para duvidar dos reais propósitos que animam os governantes.
Céptico mesmo está Lino de Carvalho que se interroga sobre as razões que levam o Governo e António Guterres, depois de na última campanha eleitoral para as legislativas terem anunciado um Plano de Emergência contra o Desemprego que nunca viu a luz do dia - não é verdade ? -, só agora venham a publicitar o chamado Plano Regional de Emprego, quando é certo que já não vai a tempo de lhe ser feito qualquer balanço antes das próximas eleições.
Deslindar a questão não é, porém, difícil, como mostrou o deputado comunista ao frisar que «a verdade é que o PS e o Primeiro-Ministro sabem que estes sucessivos planos de emprego a nada têm conduzido de sustentável e como confiam que a memória é curta estão convencidos que o que fica na retina é a propaganda do anúncio sucessivo de medidas que não são concretizadas».
Aliás, abordando a questão por outro ângulo, chega-se à conclusão que este novo Plano o que traduz por si só é o fracasso e a natureza propagandística de que se têm revestido no essencial todos estes anúncios. Disse-o Lino de Carvalho, invocando em favor da sua argumentação a evolução de sentido negativo que se manteve na população empregada e os elevados valores de desemprego na região - os mais altos do Continente - , mantendo-se acima dos 36.000 desempregados.
O próprio Centro Regional de Segurança Social do Alentejo, recordou, confirma este fracasso quando reconhece num estudo sobre a pobreza na região que existe «um número crescente de pessoas» que entram ou permanecem «em situações em que não têm acesso à satisfação das suas necessidades básicas».
E tudo porque, como explicou o deputado do PCP, «não há políticas sociais de combate ao desemprego que se salvem sem políticas sustentadas de desenvolvimento económico, sem investimento público numa região fortemente carenciada de capitais próprios, sem estímulos especiais ao investimento produtivo, às pequenas e médias empresas».
O que falta, afinal - e com esta afirmação Lino de Carvalho foi ao cerne do problema - , é um verdadeiro Programa Integrado de Desenvolvimento para a Região, uma vez que «o tão celebrado Pro-Alentejo não é mais do que uma alavanca de promoção dos quadros socialistas na região».


«Avante!» Nº 1315 - 11.Fevereiro.1999