Mais uma baixa
na Segurança Social


«O Governo está a dar continuidade a uma política de delapidação dos fundos da Segurança Social, o que para a CGTP é inaceitável», afirma-se numa nota de imprensa emitida depois de ter sido anunciada a decisão de baixar, uma vez mais, a taxa social para as empresas que permitam o acesso dos trabalhadores à formação profissional.
Esta medida, revelada na semana passada, soma-se às propostas de lei sobre matérias laborais enviadas ao parlamento e cuja aprovação teria «consequências gravosas no financiamento da Segurança Social», como nos diplomas sobre trabalho a tempo parcial e suspensão dos contratos de trabalho (lay-off).

Para a Intersindical Nacional, «é imoral que as contribuições resultantes dos salários dos trabalhadores estejam a ser permanentemente usadas pelo Governo para financiar as entidades patronais». Mantendo uma posição favorável a que se estimule a criação de emprego para jovens e para desempregados de longa duração, tal como a que se estimule a formação profissional, a CGTP rejeita que tal seja feito à custa dos dinheiros da Segurança Social.
É considerada «uma profunda injustiça social» a prática de serem apenas os trabalhadores a financiar medidas como as reformas antecipadas ou a reestruturação de empresas e sectores. «Estas opções políticas devem ser financiadas através do Orçamento do Estado, pois, embora seja os trabalhadores os que mais contribuem para a receita fiscal, a incidência tributária é mais alargada», defende-se na nota divulgada pelo Departamento de Informação da Inter.
No documento considera-se ainda «escandaloso» que, em resultado de políticas de apoio ao patronato, deixasse de haver, na prática uma taxa social única, existindo «dezenas». O problema tornou-se mais grave ainda, depois de o Governo ter obtido na AR, quando da discussão do OE para este ano, a aprovação de uma norma que lhe deixa mãos livres para baixar toda e qualquer taxa, o que leva a CGTP a prever que, «com esta política, caminhamos a passos largos para uma taxa "personalizada"».


«Avante!» Nº 1315 - 11.Fevereiro.1999