Humanizado, eficaz e acessível
Sindicatos defendem
o Serviço Nacional de Saúde


As estruturas da CGTP avançaram para o contacto directo com os utentes dos hospitais e centros de saúde, exigindo que o Governo dê cumprimento às promessas e responda eficazmente a problemas como as filas de espera, os custos dos medicamentos e a cedência a interesses privados.

Sexta-feira teve lugar uma acção de sensibilização junto ao Hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde Maria do Carmo Tavares admitiu que «há alguns aspectos que o Governo tem avançado que são positivos, mas, lamentavelmente, não têm passado do papel». A responsável pelas questões da saúde na Comissão Executiva da CGTP, citada pela Lusa, aludia assim ao caso dos sistemas locais de Saúde, criados pela ministra e que aguardam regulamentação do Conselho de Ministros.
A CGTP alega que o Serviço Nacional de Saúde tem servido para angariar doentes para o sector privado, notando que se transferiram já 59 por cento das radiografias, 67 por cento dos electrocardiogramas e 75 por cento das análises e ecografias. Muitos destes exames auxiliares de diagnóstico poderiam ter sido feitos nas unidades estatais, «se houvesse coordenação dos serviços, em vez de estarem de costas voltadas uns para os outros», afirmou Maria do Carmo Tavares, analista de profissão.
«O Governo não pode dizer que está ao lado dos utentes e, ao mesmo tempo, ceder aos que querem destruir o SNS para mais facilmente imporem a privatização e a liberalização do sistema, com prejuízo da população», afirma, por seu turno, a União dos Sindicatos de Aveiro, numa nota em que dá conta da distribuição, também no dia 5, de um documento sindical nos hospitais e centros de saúde de Aveiro, Ovar, Espinho, Águeda, Feira e S. João da Madeira.
A União dos Sindicatos do Porto, ao anunciar que vai hoje reunir com a Administração Regional de Saúde do Norte, para tratar do problema das listas de espera no distrito, realça que o SNS «tem condições para assumir as suas responsabilidades, nomeadamente, tem os melhores profissionais, os melhores equipamentos e uma estrutura de âmbito nacional, descentralizada em todo o território». Para a USP, «a crescente desumanização e falta de eficácia do SNS está directamente ligada às políticas prosseguidas por sucessivos governos».
O lema «um Serviço Nacional de Saúde humanizado e eficaz, com igualdade de acesso para todos», sintetiza o grande objectivo desta acção da CGTP, que, para além da distribuição de informação, inclui ainda a recolha de apoios para um abaixo-assinado. A central suscita questões como o acesso aos serviços de saúde, listas de espera, alargamento de horários de funcionamento dos centros de saúde, articulação dos diversos níveis de serviço e a rentabilização da capacidade instalada nos hospitais, a redução do preço dos medicamentos e o desenvolvimento do mercado de genéricos, a criação de farmácias hospitalares com condições para fornecer os medicamentos mais baratos aos utentes dos hospitais, a ocupação da capacidade instalada (salas de operações e todos os equipamentos para RX e ecografias, nomeadamente) e ainda a aplicação da Lei das Convenções, visando a separação de interesses privados e públicos no SNS.


«Avante!» Nº 1315 - 11.Fevereiro.1999