Litoral
Alentejano
Desemprego
ronda trabalhadores
«Em ano de eleições todas as promessas são para cumprir mas, logo a seguir, são postas na gaveta», disse em conferência de imprensa, realizada no dia 1 de Fevereiro, em Grândola, o responsável do PCP pela organização do litoral alentejano, referindo-se aos últimos anúncios do Primeiro Ministro para o Alentejo.
José Catalino
salientou que «a visita de ministros e secretários de Estado
aos concelhos vai ser nos próximos meses uma constante, com o
já tradicional cortejo de inaugurações e promessas», ao mesmo
tempo que «haverá neste período muito dinheiro para ser
distribuído - na maioria das vezes sem qualquer critério -, de
forma a favorecer o clientelismo político do PS».
Aquele dirigente, socorrendo-se de exemplos de empresas nos
concelhos de Grândola e Sines, afirmou que «a verdade é bem
diferente» no litoral alentejano e na região, onde a situação
estrutural de há décadas se mantém e o perigo do desemprego
ronda muitos trabalhadores».
«O Governo do Partido Socialista tem vindo a criar falsas
expectativas a muitas centenas de pessoas, com a realização de
cursos de formação profissional que, após a sua conclusão,
não têm no mercado de trabalho qualquer alternativa» salientou
José Catalino que percorreu ainda as dificuldades e problemas
que vivem os pescadores em Sines, as eternas carências no campo
da saúde e a falta de resposta para as populações afectadas
pelos temporais.
No encontro com os jornalistas participou também Joaquim Matias,
deputado de Setúbal, que abordou o Orçamento do Estado para
1999 e particularmente as principais propostas apresentadas pelo
PCP para integrar o PIDDAC relacionadas com o distrito de
Setúbal.
Joaquim Matias referiu que só o PCP, apesar das propostas
apresentadas e aprovadas, foi o único partido que votou contra o
Orçamento, enquanto «o PSD e o CDS/PP, por mais que tentassem
mostrar o seu fervor pseudo-oposicionista ao governo, não
esconderam o seu acordo com as orientações políticas centais
do Orçamento».
Percorrendo as alterações que o PCP conseguiu introduzir
naquele documento, visando «maior justiça social,
dignificação e valorização dos que trabalham e melhoria da
qualidade de vida», Joaquim Matias apresentou as propostas que o
PCP fez para o distrito de Setúbal para incluir no PIDDAC,
acusando o PS e o PP de não terem feito chegar qualquer obra à
discussão na Assembleia da República para o distrito de
Setúbal.
Para Joaquim Matias, «o governo prefere não fazer a
discriminação das obras, agregando as verbas por ministérios,
sem especificar, constituindo assim verdadeiros "sacos
azuis" que podem ser utilizados pelos membros do Governo de
forma indiscriminada».
Nesta iniciativa participou também o dirigente José Maia,
responsável pela ligação aos deputados do distrito, Fernando
Travassos, presidente da Câmara Municipal de Grândola e da
Associação de Municípios do Litoral Alentejano, e dirigentes
do PCP da região.
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Alentejo
Plano
de Emprego é ineficaz
O Plano Regional de Emprego para o Alentejo (PREA) recentemente anunciado pelo Primeiro Ministro «não é mais do que a repetição de um conjunto de grandes princípios» que o Governo tem vindo a «manipular demagogicamente», desde a sua chegada ao poder, em Outubro de 1995, e «não resolve os graves problemas de desemprego, desertificação e envelhecimento que caracteriza a região».
Para o Organismo
Inter-Regional do Alentejo do PCP, que faz a denúncia, o
fracasso da política do Governo é confirmada pelo próprio
PREA, ao reconhecer que a conjuntura económica do Alentejo tem
vindo a apresentar «uma tendência de evolução desfavorável
face às restantes regiões do Continente» e que a taxa de
desemprego no Alentejo continua a ser a mais elevada do País.
Face a esta «dura realidade», os comunistas perguntam onde
estão os efeitos dos 544 milhões de contos anunciados há três
anos para o Alentejo e os resultados das centenas de milhões de
contos que o Governo canalizou para os grandes proprietários.
É que, a exemplo dos projectos anteriores, o PREA «continua a
ignorar a necessidade de alterar a estrutura fundiária e de
garantir o acesso à terra aos desempregados, apesar de
reconhecer que 25,8% dos desempregados eram, em Agosto de 1998,
trabalhadores agrícolas qualificados.
Quanto aos 20 milhões de contos anunciados pelo
Primeiro-Ministro, eles não são mais do que «a multiplicação
dos cerca de 4 milhões de contos anuais do IEFP para a região
pelos cinco anos previstos para o PREA.»
Segundo o PCP, não há também garantia de que os 4.000 postos
de trabalho anunciados no Plano venham a ser criados. Mas
«admitindo» que o fossem - «e mesmo não considerando os
jovens que irão entrar no mercado de trabalho nos próximos
cinco anos» -, eles não correspondem sequer a 24% dos
desempregados de longa duração que o PREA admite existirem na
região e representam pouco mais de 10% do total dos
desempregados.
Entretanto, a única medida concreta prevista no PREA - a
iniciativa piloto de promoção local do emprego - está à
partida «ferida de morte», pois não dispõe de meios
financeiros suficientes, marginaliza os sindicatos, as autarquias
e outros parceiros sociais da Comissão de Análise dos Projectos
e «não assegura a cobertura da região nem obriga a parcerias
locais».
Ao mesmo tempo, a consagração de uma Comissão de Análise dos
Projectos formada por gente exclusivamente nomeada pelo governo
põe em causa «a natureza isenta e transparente» das suas
decisões, enquanto a não garantia de financiamento a 100% de
todos os projectos «abre portas a situações de favoritismo»
inaceitáveis.