Nos 40 anos da Revolução dos Cravos

Festa do Avante! é a festa de Abril

«A Festa de Abril» é o lema da edição deste ano da Festa do Avante!, ou não se as­si­na­lasse em 2014 o 40.º ani­ver­sário da Re­vo­lução dos Cravos. Mas este podia, na ver­dade, ser o «cog­nome» da Festa do PCP, pois ela cor­po­riza, como ne­nhuma outra re­a­li­zação, a fra­ter­ni­dade, a so­li­da­ri­e­dade, a paz, a cul­tura, o tra­balho co­lec­tivo, o sonho – va­lores que Abril tornou re­a­li­dade pal­pável e quo­ti­diana e que a Festa fez e faz seus. Todos os anos.   

Desde 1976 que os va­lores de Abril são pre­sença cons­tante e de­ci­siva na Festa do Avante! – pela forma como é con­ce­bida e cons­truída, pela ale­gria e li­ber­dade que dela emanam, pelo pro­jecto po­lí­tico que lhe está sub­ja­cente, in­tér­prete e por­tador das mais lu­mi­nosas e avan­çadas con­quistas da re­vo­lução. Ao longo de mais de três dé­cadas, não só estes va­lores es­ti­veram pre­sentes em todas as edi­ções da Festa do Avante!, como ela se cons­ti­tuiu sempre como uma com­ba­tiva tri­buna de de­núncia da des­truição das prin­ci­pais con­quistas re­vo­lu­ci­o­ná­rias e um ele­mento par­ti­cu­lar­mente re­le­vante para er­guer a ne­ces­sária e cons­tante re­sis­tência.

De facto, os ata­ques contra a Re­forma Agrária, as na­ci­o­na­li­za­ções e o con­trolo ope­rário (e sua pos­te­rior des­truição), as su­ces­sivas al­te­ra­ções às leis la­bo­rais no sen­tido do au­mento da ex­plo­ração e dos lu­cros do grande ca­pital, as di­versas re­vi­sões cons­ti­tu­ci­o­nais, a des­ca­rac­te­ri­zação do Poder Local De­mo­crá­tico, as vá­rias e bru­tais ofen­sivas contra sa­lá­rios e ren­di­mentos dos tra­ba­lha­dores e do povo e, mais re­cen­te­mente, a in­ter­venção da troika es­tran­geira, foram de­nun­ci­adas e com­ba­tidas também na Festa do Avante!, que tantas e tantas vezes fun­ci­onou como rampa de lan­ça­mento de grandes cam­pa­nhas po­lí­ticas em de­fesa das con­quistas de Abril.

A cons­trução da re­sis­tência po­pular e a mo­bi­li­zação para a luta de massas, nesta frente, passou pela FIL, pelo Vale do Jamor, pelo Alto da Ajuda, por Loures e pela Quinta da Ata­laia.

 40 anos de Abril

 Se a Festa do Avante! sempre foi a «festa de Abril», este ano sê-lo-à ainda mais. Afinal, 40 anos são 40 anos... Como re­velou ao Avante! Telma Ca­pucho, do Co­mité Cen­tral do Par­tido e da di­recção da Festa, a evo­cação da Re­vo­lução dos Cravos, dos seus va­lores e con­quistas – mas também, e so­bre­tudo, do ca­minho de fu­turo que en­cetou e mos­trou ser pos­sível – es­tará pre­sente um pouco por todo o re­cinto da Festa: no palco 25 de Abril, na noite de sexta-feira (no Con­certo para Cravos e Or­questa Opus 40); na grande ex­po­sição e nos de­bates do Es­paço Cen­tral; nas de­zenas de pai­néis com po­emas de José Carlos Ary dos Santos, poeta da re­sis­tência, de Abril e da Re­vo­lução, pa­tentes em vá­rios lo­cais da Quinta da Ata­laia; ou nas re­pro­du­ções de es­cul­turas alu­sivas a esse mo­mento maior da his­tória de Por­tugal.

Nos es­paços das or­ga­ni­za­ções re­gi­o­nais do Par­tido será evo­cado, de formas di­fe­rentes e cri­a­tivas, o que de mais avan­çado e pro­gres­sista Abril re­pre­sentou para os tra­ba­lha­dores e o povo e para a pró­pria in­de­pen­dência do País. Nestes pa­vi­lhões es­tarão também pre­sentes as lutas das po­pu­la­ções contra a po­lí­tica de ex­plo­ração, de­sem­prego, de­ser­ti­fi­cação e en­cer­ra­mento de ser­viços pú­blicos es­sen­ciais (como es­colas, cen­tros de saúde ou tri­bu­nais), uma po­lí­tica mo­vida contra tudo o que em Abril o povo por­tu­guês con­quistou. Em todos estes es­paços es­tará pre­sente de forma par­ti­cu­lar­mente in­ci­siva a pro­posta do PCP para uma po­lí­tica al­ter­na­tiva, pa­trió­tica e de es­querda, que pro­jecte e con­so­lide os va­lores de Abril no pre­sente e no fu­turo de Por­tugal.

É esta pro­posta po­lí­tica, no­me­a­da­mente os seus eixos cen­trais, que ser­virá de mote às bri­gadas de con­tacto com os vi­si­tantes da Festa, que ano após ano se as­sumem como ele­mento pri­vi­le­giado de afir­mação e re­forço do Par­tido. O que a ex­pe­ri­ência de anos an­te­ri­ores mostra é que, ao con­trário do que muitas vezes se pode pensar, há muitos vi­si­tantes da Festa que estão dis­po­ní­veis para con­versar, con­frontar ideias, co­nhecer com mais pro­fun­di­dade as aná­lises, re­fle­xões e pro­postas dos co­mu­nistas e, mesmo, para aderir ao PCP. Do re­forço do co­lec­tivo par­ti­dário co­mu­nista e dos seus ali­ados de­pende, em grande me­dida, a ca­pa­ci­dade de re­co­locar o País nos ca­mi­nhos abertos pela Re­vo­lução dos Cravos.

Pla­ni­ficar, cons­truir e di­vulgar

 

A pre­pa­ração da Festa do Avante! en­trou já na sua fase de­ci­siva, com a edição da EP, o início das jor­nadas de tra­balho e, desde o início deste mês, com a di­vul­gação das grandes li­nhas do pro­grama mu­sical. A «bola» está, agora, do lado das or­ga­ni­za­ções e mi­li­tantes do Par­tido, bem como de muitos amigos, que têm nas suas mãos a di­fícil mas exal­tante ta­refa de pla­ni­ficar, cons­truir e di­vulgar a Festa.

Para Telma Ca­pucho, a Festa do Avante! tem que estar pre­sente em todo o lado: nas ini­ci­a­tivas do Par­tido, nas festas e ro­ma­rias po­pu­lares re­a­li­zadas nos meses de Verão por esse País fora. A venda an­te­ci­pada da EP terá que ser as­su­mida como a «pri­o­ri­dade das pri­o­ri­dades» para sal­va­guardar o êxito po­lí­tico e fi­nan­ceiro da Festa, acres­centou, su­bli­nhando a ne­ces­si­dade de au­mentar o nú­mero de dis­tri­bui­dores de EP e dos lo­cais de venda e ins­ta­lação de bancas.

As­pecto es­sen­cial é, também, a par­ti­ci­pação nas jor­nadas de tra­balho. Este ano, ga­rantiu Telma Ca­pucho, as jor­nadas estão mais par­ti­ci­padas do que em 2013, mas «é pre­ciso mais». Numa re­a­li­zação desta di­mensão, que as­senta no tra­balho co­lec­tivo de mi­lhares de co­mu­nistas e amigos, o con­tri­buto de cada um é fun­da­mental. Além disso, acres­centou, con­cen­trar tudo nas úl­timas jor­nadas le­varia não só a uma in­sus­ten­tável gestão de meios ma­te­riais como a que os cons­tru­tores fo­cassem a sua atenção ex­clu­si­va­mente nos es­paços das suas or­ga­ni­za­ções ou sec­tores, des­cu­rando as ne­ces­si­dades mais ge­rais da Festa.

En­tre­tanto, nos meses que an­te­ce­deram o início das jor­nadas de tra­balho, muito foi feito para tornar o re­cinto da Festa do Avante! num local cada vez mais apra­zível para os muitos mi­lhares de pes­soas que todos os anos a vi­sitam.