Semana da CGTP-IN por salários,
direitos e alternativa

Dias de luta a subir

Na semana nacional de protesto e luta, a decorrer desde dia 8, as reivindicações de aumentos salariais e defesa de direitos cruzam-se com a exigência de substituição do Governo e antecipação das eleições legislativas, para abrir caminho a uma política de esquerda e soberana, que a CGTP-IN defende para responder aos interesses dos trabalhadores e do País.

A marcação de formas de luta deu logo alguns resultados

Tal como ficou decidido, nas manifestações realizadas a 1 de Fevereiro em praticamente todos os distritos e regiões autónomas, desde o Dia Internacional da Mulher até ao sábado seguinte, os trabalhadores dos sectores privado, público e empresarial do Estado foram chamados a realizar greves, paralisações e outras formas de luta, focadas nos locais de trabalho e nos problemas que afectam o seu dia-a-dia. A outra face desta semana seria a realização de acções com expressão de rua, a dar força ao objectivo central de demissão do Governo e convocação de eleições antecipadas.

Os limites desta confluência de lutas não se contêm no calendário de apenas uma semana, salientando a CGTP-IN que o envolvimento e a mobilização dos trabalhadores tem que prosseguir e alargar-se. Na lista publicada pela central, as primeiras greves da semana de luta começaram no dia 6, quinta-feira, e prolongam-se até sábado, dia 15. Quer com âmbito nacional, quer em várias empresas e sectores, estão já marcadas iniciativas para os próximos tempos. A Inter destaca o Dia Nacional da Juventude, a 28 de Março, e as comemorações dos 40 anos do 25 de Abril e a celebração do 1.º de Maio.

Anteontem, no Entroncamento, onde participou no plenário nacional de ferroviários da EMEF e reformados, o Secretário-geral da CGTP-IN congratulou-se pelos sinais positivos que foram registados, nestes dias e depois de decididas as lutas. Arménio Carlos, refere a agência Lusa, observou que empresas com salários em atraso começaram a pagar e outras deixaram de recusar a negociação. Mas o sinal mais positivo, nesta semana, tem sido a demonstração de unidade e disponibilidade dos trabalhadores, para prosseguir, intensificar e alargar a luta.

Alguns registos

No dia 6, quinta-feira, no CHUC (Centro Hospitalar Universitário de Coimbra), começou uma greve de 48 horas dos assistentes operacionais de acção médica, com níveis de adesão de 75 por cento, no primeiro dia, e de 85 por cento, na sexta-feira. É contestada a imposição de um regime de 45 horas semanais, por uma má gestão que coloca centenas de trabalhadores com horário sobreposto durante uma hora por dia. Esta situação já tinha originado greves parciais de três horas, de 24 a 28 de Janeiro.

Nos dias 6 e 7, em Lisboa, trabalhadores (na grande maioria, mulheres) da Solnave concentraram-se junto aos refeitórios da presidência do Conselho de Ministros, do ISEG e do Instituto Superior Técnico, concessionados àquela empresa. Exigiram o pagamento regular dos salários e o cumprimento de direitos contratuais, como categorias profissionais, pagamento de trabalho nocturno e em dias de folga.

No dia 11, terça-feira, fizeram greve total as trabalhadoras da Nobrecer, concessionária das refeições escolares em Torres Novas. Os salários não são pagos a tempo e horas, tal como falham pagamentos a fornecedores. Só na véspera da greve foi anunciada a regularização da dívida ao pessoal, que manteve a luta. Neste dia fizeram greve trabalhadores da mesma empresa nas cantinas dos Bombeiros Sapadores e dos Serviços Municipalizados do Porto. No Centro de Convalescença de Arcos de Valdevez a greve não se realizou, porque a empresa saldou a tempo a dívida ao pessoal.

Ainda no sector da Hotelaria – e assinalando que este teve em 2013 o seu melhor ano turístico – foi realizada no Porto uma concentração no dia 10, segunda-feira, à porta da sede da associação patronal APHORT, para exigir aumentos salariais, levando depois a reivindicação até vários hotéis, restaurantes, cafés e pastelarias. Igualmente para exigir aumentos salariais, foi convocada para ontem greve no sector da hotelaria e similares do Algarve, bem como um desfile na baixa de Faro.

Com uma adesão média, nos dois principais turnos, de 90 por cento, os trabalhadores das minas da Panasqueira fizeram greve no dia 10, por aumentos salariais que não fiquem condicionados a uma alteração da organização dos horários de trabalho, como quer a multinacional concessionária da exploração do volfrâmio. Em plenário, foi decidido manter a greve ao trabalho extraordinário.

Até amanhã, os trabalhadores da Carris Bus prosseguem a greve de duas horas no final do turno de cada dia, que começou na segunda-feira, com uma enorme adesão, como informou a Fectrans.

No Entroncamento, anteontem, em defesa da EMEF e da produção nacional, contra os roubos de salários e direitos, centenas de ferroviários participaram no plenário nacional, manifestaram-se nas ruas da cidade e, num gesto simbólico, impediram por alguns minutos a circulação na Linha do Norte. Na moção que aprovaram e foi entregue na Câmara Municipal, por uma delegação de que fez parte o Secretário-geral da CGTP-IN, exigem o fim da pulverização do sector ferroviário nacional e o cumprimento da contratação colectiva, expressam solidariedade aos reformados e mandatam as organizações representativas para uma ronda de contactos institucionais e para marcarem uma nova jornada de luta, em Abril.

 

A fechar

A finalizar esta semana de luta e protesto, a CGTP-IN anuncia, entre outras acções:

Hoje, 13 – Greve na CP, CP Carga e Refer; greve em várias cantinas de hospitais da região Norte, exploradas pelo Grupo Trivalor; concentrações frente às sedes da Mafil, da Herdmar e da Liga de Futebol; tribuna pública junto à Assembleia Legislativa Regional, no Funchal;

Amanhã, 14 – Manifestação nacional dos trabalhadores da Administração Pública, em Lisboa; Greve na Goodrest (bares da CP); concentração na sede da Ahresp, em Lisboa;

Sábado, 15 – Concentrações junto à Pousada do Freixo (Porto), em Setúbal (trabalhadores do distrito) e em Olhão (pescas e marisqueio).

Não se inclui nesta lista, mas tem indiscutível importância, o «desfile da família militar», sábado, em Lisboa.




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